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segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Resumo extraído do Capítulo 3 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed

Capítulo 3 - Cálculo Vectorial


3.1 Introdução

Esta secção introduz o conceito de cálculo vetorial, isto é, a diferenciação e a integração de vetores.
Nos capítulos anteriores, o autor abordou operações básicas com vetores (adição, subtração, multiplicação) e a sua aplicação em diferentes sistemas de coordenadas. Agora, o objetivo é desenvolver as ferramentas matemáticas que servirão de base para expressar conceitos fundamentais em eletromagnetismo e noutras áreas da matemática.
O autor alerta que, à primeira vista, alguns estudantes podem não perceber a utilidade prática destes conceitos, mas recomenda que se concentrem primeiro na aprendizagem das técnicas, pois as aplicações surgirão em capítulos seguintes.


3.2 Comprimento, Área e Volume Diferenciais

Esta secção apresenta os elementos diferenciais (de comprimento, área e volume) em três sistemas de coordenadas fundamentais: cartesiano, cilíndrico e esférico.

  • No sistema cartesiano:

    • O deslocamento diferencial é dl=dxax+dyay+dzazdl = dx\,a_x + dy\,a_y + dz\,a_z.

    • As áreas diferenciais (normais às superfícies) são combinações de dois diferenciais, como dS=dydzaxdS = dy\,dz\,a_x, etc.

    • O volume diferencial é dv=dxdydzdv = dx\,dy\,dz.

  • No sistema cilíndrico:

    • O deslocamento diferencial é dl=drar+rdϕaϕ+dzazdl = dr\,a_r + r\,d\phi\,a_\phi + dz\,a_z.

    • As áreas diferenciais incluem termos como dS=rdϕdzardS = r\,d\phi\,dz\,a_r.

    • O volume diferencial é dv=rdrdϕdzdv = r\,dr\,d\phi\,dz.

  • No sistema esférico:

    • O deslocamento diferencial é dl=drar+rdθaθ+rsinθdϕaϕdl = dr\,a_r + r\,d\theta\,a_\theta + r\sin\theta\,d\phi\,a_\phi.

    • As áreas diferenciais incluem expressões como dS=r2sinθdθdϕardS = r^2 \sin\theta\,d\theta\,d\phi\,a_r.

    • O volume diferencial é dv=r2sinθdrdθdϕdv = r^2 \sin\theta\,dr\,d\theta\,d\phi.

O autor enfatiza que basta memorizar o deslocamento diferencial dldl, porque a partir dele se obtêm facilmente os elementos de área e de volume. A secção inclui exemplos práticos de cálculo de comprimentos, áreas e volumes utilizando estes diferenciais.


3.3 Integrais de Linha, de Superfície e de Volume

Aqui o autor estende o conceito de integral para situações em que o integrando é um vetor.

  • Integral de linha:
    Define-se como LAdl\int_L \mathbf{A}\cdot dl, ou seja, a soma do componente tangencial de um campo vetorial ao longo de um percurso. Um exemplo físico é o trabalho realizado por uma força ao mover uma partícula ao longo de uma trajetória. Se o caminho for fechado, fala-se em circulação do campo.

  • Integral de superfície (fluxo):
    Representa a quantidade de campo que atravessa uma superfície. É dado por SAdS\int_S \mathbf{A}\cdot dS, sendo dSdS um vetor normal à superfície. Para superfícies fechadas, calcula-se o fluxo líquido que sai de um volume.

  • Integral de volume:
    Para uma grandeza escalar distribuída num volume, o integral é Vρvdv\int_V \rho_v dv, representando, por exemplo, a massa total se ρv\rho_v fosse densidade de massa.

Cada integral tem interpretação física diferente consoante o tipo de grandeza considerada (força, fluxo, densidade, etc.).


3.4 Operador Delta

  • O operador delta (∇), também chamado operador diferencial vetorial ou operador gradiente, é uma ferramenta central do cálculo vetorial.

  • Em coordenadas cartesianas, é definido como:

=xax+yay+zaz\nabla = \frac{\partial}{\partial x} \,a_x + \frac{\partial}{\partial y} \,a_y + \frac{\partial}{\partial z} \,a_z

  • Apesar de ter a forma de um vetor, ∇ não é um vetor em si, mas um operador que, aplicado a diferentes funções, gera novos campos:

    1. Gradiente de um escalar VV: V\nabla V → resulta num vetor.

    2. Divergência de um vetor AA: A\nabla \cdot A → resulta num escalar.

    3. Rotacional de um vetor AA: ×A\nabla \times A → resulta num vetor.

    4. Laplaciano de um escalar VV: 2V\nabla^2 V → resulta num escalar.

  • O operador ∇ também pode ser expresso em coordenadas cilíndricas e esféricas, com expressões específicas que dependem das transformações entre sistemas de coordenadas.

  • É uma ferramenta unificada que simplifica o tratamento matemático de campos em eletromagnetismo.


3.5 Gradiente de um Escalar

  • O gradiente de um campo escalar V(x,y,z)V(x,y,z) é um vetor que aponta na direção de maior variação de VV e cujo módulo indica a taxa máxima de variação por unidade de comprimento.

  • A definição matemática é:

V=Vxax+Vyay+Vzaz\nabla V = \frac{\partial V}{\partial x}\,a_x + \frac{\partial V}{\partial y}\,a_y + \frac{\partial V}{\partial z}\,a_z

  • Propriedades importantes:

    1. O módulo de V\nabla V indica a taxa máxima de variação de VV.

    2. A direção de V\nabla V é a da variação mais rápida.

    3. V\nabla V é sempre perpendicular às superfícies de nível constante de VV.

    4. A derivada de VV ao longo de uma direção a\mathbf{a} é dada por Va\nabla V \cdot \mathbf{a}.

    5. Se um campo vetorial AA for derivado de um escalar por A=VA = \nabla V, então VV é chamado de potencial escalar de AA.

  • O gradiente pode ser expresso também em coordenadas cilíndricas e esféricas, com fórmulas adaptadas.

  • Exemplos práticos mostram como calcular o gradiente em diferentes sistemas e como aplicá-lo para obter direções de variação máxima de grandezas físicas (como temperatura, potencial elétrico, etc.).


3.6 Divergência de um Vetor e Teorema da Divergência

  • A divergência mede o grau em que um campo vetorial “sai” de um ponto (como uma fonte) ou “entra” num ponto (como um sumidouro).

  • Definição matemática:

div A = ∇A=limΔv0SAdSΔv\nabla \cdot A = \lim_{\Delta v \to 0} \frac{\oint_S A \cdot dS}{\Delta v}

  • Em coordenadas cartesianas:

div A = ∇A=Axx+Ayy+Azz\nabla \cdot A = \frac{\partial A_x}{\partial x} + \frac{\partial A_y}{\partial y} + \frac{\partial A_z}{\partial z}

  • Interpretação física:

    • Divergência positiva → o campo espalha-se (fonte).

    • Divergência negativa → o campo converge (sumidouro).

    • Divergência nula → fluxo equilibrado (sem fonte nem sumidouro).

  • Em coordenadas cilíndricas e esféricas, a divergência assume formas adaptadas ao sistema.

  • Teorema da Divergência (ou de Gauss-Ostrogradsky):

SAdS=V(A)dv\oint_S A \cdot dS = \int_V (\nabla \cdot A)\,dv

  • Ou seja, o fluxo total que atravessa a superfície fechada SS é igual ao integral da divergência de AA no volume VV por ela delimitado.

  • Este teorema é de enorme importância prática, porque muitas vezes é mais simples calcular o integral de volume do que o integral de superfície.


3.7 Rotacional de um Vetor e Teorema de Stokes

  • O rotacional de um campo vetorial A\mathbf{A} mede a tendência de rotação ou de circulação desse campo em torno de um ponto.

  • Definição matemática:

rotA=×A\text{rot}\,\mathbf{A} = \nabla \times \mathbf{A}

  • Interpretação física:

    • O módulo do rotacional dá a circulação máxima por unidade de área de A\mathbf{A}.

    • A direção do rotacional é normal à área considerada e é determinada pela regra da mão direita.

    • Assim, o rotacional indica como e em que direção um campo “gira” em torno de um ponto.

  • Em coordenadas cartesianas:

×A=axayazxyzAxAyAz\nabla \times \mathbf{A} = \begin{vmatrix} a_x & a_y & a_z \\ \frac{\partial}{\partial x} & \frac{\partial}{\partial y} & \frac{\partial}{\partial z} \\ A_x & A_y & A_z \end{vmatrix}

  • Em coordenadas cilíndricas e esféricas, as expressões são mais complexas, mas obtidas a partir de transformações vetoriais.

  • Propriedades principais do rotacional:

    1. O rotacional de um vetor é sempre um vetor.

    2. ×(A+B)=×A+×B\nabla \times (A + B) = \nabla \times A + \nabla \times B.

    3. ×(VA)=V(×A)+(V)×A\nabla \times (VA) = V (\nabla \times A) + (\nabla V) \times A.

    4. O divergente do rotacional é sempre nulo: (×A)=0\nabla \cdot (\nabla \times A) = 0.

    5. O rotacional do gradiente de um escalar também é sempre nulo: ×(V)=0\nabla \times (\nabla V) = 0.

  • Teorema de Stokes:

LAdl=S(×A)dS\oint_L \mathbf{A} \cdot dl = \iint_S (\nabla \times \mathbf{A}) \cdot dS

  • Relaciona a circulação de um campo ao longo de uma curva fechada LL com o integral de superfície do rotacional sobre a superfície SS delimitada por LL.

  • Tal como o teorema da divergência, este é um resultado fundamental, pois muitas vezes é mais fácil calcular o integral de superfície do que o de linha (ou vice-versa).

  • Aplicações práticas: muito usado em eletromagnetismo (ex.: equações de Maxwell), dinâmica de fluidos e teoria de campos em geral.


3.8 Laplaciano de um Escalar

  • O Laplaciano é um operador escalar definido como a divergência do gradiente de um escalar:

2V=(V)\nabla^2 V = \nabla \cdot (\nabla V)

  • Em coordenadas cartesianas:

2V=2Vx2+2Vy2+2Vz2\nabla^2 V = \frac{\partial^2 V}{\partial x^2} + \frac{\partial^2 V}{\partial y^2} + \frac{\partial^2 V}{\partial z^2}

  • Em coordenadas cilíndricas:

2V=1rr(rVr)+1r22Vϕ2+2Vz2\nabla^2 V = \frac{1}{r}\frac{\partial}{\partial r}\left(r \frac{\partial V}{\partial r}\right) + \frac{1}{r^2}\frac{\partial^2 V}{\partial \phi^2} + \frac{\partial^2 V}{\partial z^2}

  • Em coordenadas esféricas:

2V=1r2r(r2Vr)+1r2sinθθ(sinθVθ)+1r2sin2θ2Vϕ2\nabla^2 V = \frac{1}{r^2}\frac{\partial}{\partial r}\left(r^2 \frac{\partial V}{\partial r}\right) + \frac{1}{r^2 \sin \theta}\frac{\partial}{\partial \theta}\left(\sin \theta \frac{\partial V}{\partial \theta}\right) + \frac{1}{r^2 \sin^2 \theta}\frac{\partial^2 V}{\partial \phi^2}

  • Propriedades e aplicações:

    • O Laplaciano de um escalar é sempre outro escalar.

    • Um campo escalar VV é dito harmónico se satisfaz 2V=0\nabla^2 V = 0. Esta equação é conhecida como Equação de Laplace e aparece frequentemente em eletrostática, condução de calor e dinâmica de fluidos.

    • Soluções da equação de Laplace são geralmente combinações de funções seno e cosseno (ou harmónicas).

  • Laplaciano de um vetor:

    • Também se pode definir 2A\nabla^2 A, mas neste caso:

2A=(A)×(×A)\nabla^2 A = \nabla (\nabla \cdot A) - \nabla \times (\nabla \times A)

  • Em coordenadas cartesianas, o Laplaciano de um vetor é simplesmente o Laplaciano de cada componente aplicado separadamente:

2A=(2Ax)ax+(2Ay)ay+(2Az)az\nabla^2 A = (\nabla^2 A_x)\,a_x + (\nabla^2 A_y)\,a_y + (\nabla^2 A_z)\,a_z


Resumo

  1. O cálculo vetorial lida com diferenciação e integração de vetores.

  2. O comprimento diferencial em coordenadas cartesianas é dl=dxax+dyay+dzazdl = dx\,a_x + dy\,a_y + dz\,a_z. Em coordenadas cilíndricas é dl=drar+rdϕaϕ+dzazdl = dr\,a_r + r\,d\phi\,a_\phi + dz\,a_z. Em coordenadas esféricas é dl=drar+rdθaθ+rsinθdϕaϕdl = dr\,a_r + r\,d\theta\,a_\theta + r\sin\theta\,d\phi\,a_\phi.

  3. A área diferencial em coordenadas cartesianas pode ser expressa como: dS=dydzaxdS = dy\,dz\,a_x, dS=dxdzaydS = dx\,dz\,a_y, ou dS=dxdyazdS = dx\,dy\,a_z. Em coordenadas cilíndricas: dS=rdϕdzardS = r\,d\phi\,dz\,a_r, dS=drdzaϕdS = dr\,dz\,a_\phi, ou dS=rdrdϕazdS = r\,dr\,d\phi\,a_z. Em coordenadas esféricas: dS=r2sinθdθdϕardS = r^2\sin\theta\,d\theta\,d\phi\,a_r, dS=rsinθdrdϕaθdS = r\sin\theta\,dr\,d\phi\,a_\theta, ou dS=rdrdθaϕdS = r\,dr\,d\theta\,a_\phi.

  4. O volume diferencial em coordenadas cartesianas é dv=dxdydzdv = dx\,dy\,dz. Em coordenadas cilíndricas é dv=rdrdϕdzdv = r\,dr\,d\phi\,dz. Em coordenadas esféricas é dv=r2sinθdrdθdϕdv = r^2\sin\theta\,dr\,d\theta\,d\phi.

  5. O integral de linha de um vetor ao longo de um caminho LL é definido como:

    LAdl\int_L \mathbf{A}\cdot dl
  6. O integral de superfície (ou fluxo) de um vetor através de uma superfície SS é definido como:

    SAdS\int_S \mathbf{A}\cdot dS
  7. O integral de volume de um escalar é definido como:

    Vρvdv\int_V \rho_v\,dv
  8. O operador diferencial vetorial (delta) é definido como:

    =xax+yay+zaz\nabla = \frac{\partial}{\partial x}\,a_x + \frac{\partial}{\partial y}\,a_y + \frac{\partial}{\partial z}\,a_z
  9. O gradiente de um escalar VV é dado por:

    V=Vxax+Vyay+Vzaz\nabla V = \frac{\partial V}{\partial x}\,a_x + \frac{\partial V}{\partial y}\,a_y + \frac{\partial V}{\partial z}\,a_z

    O gradiente é perpendicular à superfície de nível de VV.

  10. A divergência de um vetor AA é dada por:

A=Axx+Ayy+Azz\nabla \cdot A = \frac{\partial A_x}{\partial x} + \frac{\partial A_y}{\partial y} + \frac{\partial A_z}{\partial z}

O Teorema da Divergência afirma que:

SAdS=V(A)dv\oint_S A \cdot dS = \int_V (\nabla \cdot A)\,dv

  1. O rotacional de um vetor AA é dado por:

×A=axayazxyzAxAyAz\nabla \times A = \begin{vmatrix} a_x & a_y & a_z \\ \frac{\partial}{\partial x} & \frac{\partial}{\partial y} & \frac{\partial}{\partial z} \\ A_x & A_y & A_z \end{vmatrix}

O Teorema de Stokes afirma que:

LAdl=S(×A)dS\oint_L A \cdot dl = \int_S (\nabla \times A)\cdot dS

  1. O Laplaciano de um escalar VV é dado por:

2V=2Vx2+2Vy2+2Vz2\nabla^2 V = \frac{\partial^2 V}{\partial x^2} + \frac{\partial^2 V}{\partial y^2} + \frac{\partial^2 V}{\partial z^2}

  1. O Laplaciano de um vetor AA é definido como:

2A=(A)×(×A)\nabla^2 A = \nabla (\nabla \cdot A) - \nabla \times (\nabla \times A)


Capítulo 3 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed



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