São os melhores alunos que mais sofrem com a entrada no ensino superior.
Parece antagónica e ridícula esta afirmação, mas é verdadeira, pelo menos para a maioria dos casos.
"Se sempre foram os melhores alunos no ensino básico e no ensino secundário, porque hão-de ser os que mais sofrem com a entrada no ensino superior?"
Precisamente por isso, por terem sido sempre os melhores alunos!
O ensino superior é diferente de tudo aquilo que conhecem, em termos de ensino.
Diferente no nível de dificuldade, diferente na abordagem às matérias, diferente na organização e distribuição dos tempos lectivos, diferente nos objectivos, diferente no grau de liberdade/responsabilidade.
Há aulas teóricas, aulas práticas e aulas de laboratório.
Em geral não é obrigatório ir às aulas teóricas, não há faltas. Também é frequente não ser obrigatório ir às aulas práticas. Mas as aulas de laboratório são obrigatórias.
Há disciplinas (cadeiras, na gíria universitária) em que não há aulas práticas e outras em que não há laboratórios. Mas teóricas há sempre!
Normalmente as aulas teóricas são dadas a turmas de mais de cem alunos. Os professores esperam que os alunos sejam responsáveis e se comportem como adultos. Quem não estiver interessado é livre de se ir embora e até é melhor que o faça do que fique nas aulas a fazer barulho.
Normalmente, a bibliografia recomendada para cada disciplina, é constituída por uma (mais ou menos) extensa lista de livros. Mas não é obrigatório adquirir nenhum.
Normalmente os professores dão aulas com recurso a materiais, que eles mesmos criam (em suporte informático) e permitem aos alunos o acesso a esses materiais em formato PDF ou PPS.
Normalmente estes materiais são muitos incompletos, porque são apenas resumos que servem de guia aos professores para darem as aulas teóricas.
Normalmente existem duas formas de obter aprovação às disciplinas: Testes e/ou Exame. Exames existem sempre, mas nem sempre há testes.
Existe a tendência para:
- Os alunos não adquirirem nenhum livro. (Se não é obrigatório para quê gastar dinheiro?)
- Os alunos deixarem de ir às aulas teóricas. (Se não são obrigatórias e se há tanto que fazer para os trabalhos de laboratório, para quê lá ir? Até nem se ouve nada do que o professor diz, com salas com cerca de cem alunos e com muitos a conversarem!...)
- Os alunos deixarem todas as disciplinas para exame. (Os testes não são obrigatórios e até nem conseguiram tempo para estudar…, com tantos trabalhos de laboratório para fazer!...)
Resultado: As primeiras notas são desastrosas!
- Nos laboratórios porque nem souberam como “lhes pegar”…, não vinham habituados a este tipo de trabalhos, no ensino secundário.
- Nos exames porque não foram às aulas teóricas nem estudaram por nenhum livro. Ler apenas os PDFs dos professores (sem ir às aulas) é claramente insuficiente.
E porque é que são os melhores alunos que sofrem mais?
Simples: Porque são aqueles que não estão habituados a ter más notas!
Ficam surpreendidos, envergonhados, cheios de dúvidas:
“Será que fiquei burro/a?”
“Será que escolhi bem o curso?”
“Como é que fui tirar uma nota destas?”
“Como vou dizer aos meus pais?”
“O que vou dizer aos meus amigos?”
Dói, dói muito. Em especial àqueles que estão sós. Que entraram numa escola em que não conhecem mais ninguém. E mesmo conhecendo…, muitas vezes têm vergonha de confessar o insucesso.
É claramente mais fácil para os alunos que já estavam habituados a não serem os melhores, antes de entrarem no ensino superior. Já estavam habituados ao “amargo de boca” de notas menos boas. Já estavam habituados ao insucesso. É mais fácil para estes vencerem a vergonha e pedirem ajuda.
Porque é de ajuda que todos eles precisam nesta fase. Nem que seja ajuda de tutoria e orientação: Quais as escolhas a fazer, quais as prioridades, como estudar, como abordar os trabalhos de laboratório…
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