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quarta-feira, 9 de julho de 2025

Resumo extraído do Capítulo 3 do livro "Signals and Systems" de Oppenheim e Nawab

Capítulo 3: Representação de sinais periódicos em séries de Fourier

3.1 Perspectiva Histórica

Esta secção traça a evolução histórica da análise de Fourier, mostrando como a ideia de decompor fenómenos periódicos em somas de funções trigonométricas remonta à antiguidade (por exemplo, os babilónios na astronomia). No século XVIII, Euler estudou cordas vibrantes, introduzindo a ideia de modos normais como combinações de senos e cossenos. Bernoulli defendeu que todos os movimentos de uma corda poderiam ser representados assim, mas Lagrange criticou a validade para sinais com descontinuidades.
Joseph Fourier retomou o conceito no início do século XIX para estudar a propagação de calor, afirmando que qualquer fenómeno periódico poderia ser descrito por séries de senos e cossenos, mesmo com descontinuidades — uma ideia inovadora mas inicialmente controversa. Fourier enfrentou resistência (inclusive de Lagrange) e dificuldades para publicar o seu trabalho, mas a sua Théorie analytique de la chaleur (1822) tornou-se fundamental. Fourier foi além das séries, propondo a transformação integral (base do que hoje chamamos Transformada de Fourier) para sinais aperiódicos. O impacto do seu trabalho estende-se por múltiplas áreas da ciência, engenharia e matemática, incluindo tópicos como integração, séries temporais, difusão de calor, sinais sinusoidais em circuitos de corrente alternada, ondas marítimas e transmissão de rádio. Finalmente, o texto destaca que, para sinais em tempo discreto, a análise harmónica ganhou relevância com o desenvolvimento da Transformada Rápida de Fourier (FFT) nos anos 60, revolucionando a computação digital de séries de Fourier.


3.2 Resposta de Sistemas LTI a Exponenciais Complexas

Esta secção demonstra porque é que as exponenciais complexas são tão importantes na análise de sistemas lineares e invariantes no tempo (LTI). O ponto central é que uma exponencial complexa é uma função própria de um sistema LTI: a resposta do sistema a uma entrada exponencial é a mesma exponencial multiplicada por um factor constante (o valor próprio ou ganho de frequência do sistema).
Em termos contínuos, uma entrada este^{st} gera uma saída H(s)estH(s)e^{st}, onde H(s)H(s) é a transformada de Laplace da resposta impulsional. No caso discreto, uma entrada znz^n gera uma saída H(z)znH(z)z^n.
Como consequência, qualquer sinal que possa ser escrito como combinação linear de exponenciais complexas pode ser analisado decompondo cada componente, aplicando a propriedade da sobreposição. Assim, se a entrada for uma soma de exponenciais, a saída será uma soma das mesmas exponenciais, escaladas pelos ganhos de frequência correspondentes. Esta ideia justifica a relevância das séries e transformadas de Fourier para representar sinais e estudar sistemas.
Inclui-se um exemplo de um sistema que apenas aplica um atraso de tempo, mostrando que a exponencial é efectivamente função própria — a saída é a entrada atrasada multiplicada por uma fase.


3.3 Representação de Sinais Periódicos em Tempo Contínuo (Série de Fourier)

Aqui é introduzida formalmente a Série de Fourier para sinais periódicos em tempo contínuo. Define-se que um sinal é periódico se x(t)=x(t+T)x(t) = x(t + T) para um período TT. O sinal pode ser expresso como uma soma de exponenciais complexas com frequências harmónicas múltiplas da fundamental:

x(t)=k=akejkω0tx(t) = \sum_{k=-\infty}^{\infty} a_k e^{jk\omega_0 t}

com ω0=2π/T\omega_0 = 2\pi/T.
É demonstrado que combinações lineares de exponenciais harmonicamente relacionadas continuam a ser periódicas. Apresenta-se a relação entre exponenciais e senos/cossenos, mostrando como sinais reais podem ser escritos em forma trigonométrica.
Segue-se o processo de determinação dos coeficientes aka_k (análise) através de integração ao longo de um período, baseando-se na ortogonalidade das exponenciais. Também se ilustra a interpretação física de cada termo: o coeficiente a0a_0 representa a componente DC (média), enquanto os outros descrevem a energia distribuída pelas harmónicas.
Exemplos práticos incluem uma onda sinusoidal, uma combinação de senos e cossenos, e uma onda quadrada — mostrando como sinais com descontinuidades podem ser aproximados por somas finitas de harmónicas.


3.4 Convergência da Série de Fourier

Esta secção discute as condições sob as quais a Série de Fourier efectivamente converge para o sinal original. Euler e Lagrange duvidavam da validade de representar funções descontínuas com somas de funções contínuas. Fourier, no entanto, mostrou que mesmo sinais como a onda quadrada podem ser representados correctamente no sentido de energia (ou seja, o erro quadrático médio tende para zero).
São introduzidas condições práticas de convergência:

  • Se um sinal for contínuo e de energia finita num período, a sua Série de Fourier converge.

  • Para sinais descontínuos, são apresentadas as condições de Dirichlet: o sinal deve ter energia finita, variação limitada (número finito de máximos e mínimos por período) e um número finito de descontinuidades.
    Se estas condições forem satisfeitas, a Série de Fourier converge para o sinal original em todos os pontos de continuidade e para a média dos limites laterais nos pontos de descontinuidade (ex. Gibbs phenomenon).
    O famoso fenómeno de Gibbs mostra que, perto das descontinuidades, a soma parcial da Série de Fourier apresenta oscilações que não desaparecem, mas concentram-se cada vez mais junto à descontinuidade à medida que se somam mais harmónicas. Mesmo assim, a energia do erro global tende para zero.


3.5 Propriedades da Série de Fourier em Tempo Contínuo

Esta secção organiza e descreve as propriedades fundamentais das Séries de Fourier para sinais periódicos em tempo contínuo. Estas propriedades são essenciais para simplificar cálculos e interpretar resultados.

As principais propriedades abordadas são:

  • Linearidade: A Série de Fourier é linear. Se dois sinais periódicos têm séries de Fourier conhecidas, qualquer combinação linear destes sinais resulta numa combinação linear dos coeficientes das séries.

  • Deslocamento Temporal: Um deslocamento no tempo de um sinal resulta numa rotação de fase nos coeficientes. Assim, se deslocarmos o sinal em t0t_0, os coeficientes multiplicam-se por ejkw0t0e^{-jkw_0 t_0}.

  • Inversão Temporal: Inverter um sinal no tempo equivale a inverter a sequência de coeficientes: akaka_k \rightarrow a_{-k}.

  • Escalonamento Temporal: Alterar a escala de tempo muda o período do sinal e a frequência fundamental, mas os coeficientes mantêm-se inalterados.

  • Multiplicação de Sinais: Multiplicar dois sinais periódicos no domínio temporal corresponde a uma convolução discreta dos seus coeficientes no domínio da frequência.

  • Conjugação: O conjugado de um sinal resulta nos coeficientes conjugados e invertidos: ak=aka_k^* = a_{-k}.

  • Sinais Reais: Se o sinal é real, os coeficientes são conjugados simétricos: ak=aka_{-k} = a_k^*.

  • Sinais Pares ou Ímpares: Para sinais reais, se forem pares, os coeficientes são reais e pares; se forem ímpares, os coeficientes são imaginários puros e ímpares.

  • Diferenciação e Integração: Derivar um sinal corresponde a multiplicar os coeficientes por jkw0jkw_0; integrar corresponde a multiplicar os coeficientes pelo inverso (salvo o termo DC).

  • Relação de Parseval: A potência média de um sinal periódico é igual à soma das potências médias de cada harmónica: 

  • 1TTx(t)2dt=k=ak2.\frac{1}{T} \int_{T} |x(t)|^2 dt = \sum_{k=-\infty}^{\infty} |a_k|^2.

Estas propriedades são resumidas numa tabela para consulta rápida e exemplificadas com pequenos exercícios que mostram como podem poupar cálculos. A intuição é que manipulando sinais no tempo podemos prever e controlar o efeito sobre o espectro de Fourier.


3.6 Séries de Fourier em Tempo Discreto

Nesta secção, o conceito de Séries de Fourier é estendido a sinais periódicos em tempo discreto. A ideia principal é análoga ao caso contínuo, mas adaptada à natureza discreta dos sinais.

  • Um sinal discreto x[n]x[n] é periódico com período NN se x[n]=x[n+N]x[n] = x[n + N].

  • A representação em série de Fourier é dada por:

    x[n]=k=0N1akej(2π/N)kn.x[n] = \sum_{k=0}^{N-1} a_k e^{j(2\pi/N)kn}.
  • Os coeficientes são obtidos por:

    ak=1Nn=0N1x[n]ej(2π/N)kn.a_k = \frac{1}{N} \sum_{n=0}^{N-1} x[n] e^{-j(2\pi/N)kn}.

Comparando com o caso contínuo, destaca-se que:

  • O número de harmónicas distintas é finito (N coeficientes para período N).

  • Os expoentes são amostrados uniformemente no círculo unitário.

  • A periodicidade de ej(2π/N)kne^{j(2\pi/N)kn} implica que o espectro é também periódico (aliasing inerente).

São discutidos exemplos simples de sinais discretos, como sequências binárias ou impulsos periódicos, e mostra-se como se obtêm os espectros. Este formalismo é a base para o desenvolvimento posterior da Transformada Discreta de Fourier (DFT) e da FFT.


3.7 Propriedades da Série de Fourier em Tempo Discreto

Tal como na secção 3.5, mas agora no contexto discreto, são apresentadas as propriedades que permitem manipular séries de Fourier de sinais discretos:

  • Linearidade: Mantém-se.

  • Deslocamento Temporal: Deslocar uma sequência no tempo adiciona uma fase exponencial ao espectro.

  • Inversão Temporal: Inverter o sinal inverte os índices dos coeficientes.

  • Multiplicação: A multiplicação de duas sequências periódicas corresponde a uma convolução discreta circular dos seus coeficientes.

  • Parseval: A soma da energia de um período é igual à soma dos quadrados das magnitudes dos coeficientes:

    1Nn=0N1x[n]2=k=0N1ak2.\frac{1}{N} \sum_{n=0}^{N-1} |x[n]|^2 = \sum_{k=0}^{N-1} |a_k|^2.

Estas propriedades são organizadas numa tabela análoga à do caso contínuo, facilitando o uso prático em problemas de análise de sinais e sistemas discretos.


3.8 Resposta de Sistemas LTI a Sinais Periódicos

Esta secção liga tudo: mostra como as séries de Fourier permitem analisar a resposta de sistemas LTI a sinais periódicos, tanto contínuos como discretos.

A ideia é:

  • Se a entrada x(t)x(t) ou x[n]x[n] é uma combinação de exponenciais complexas, e sabendo que cada exponencial é função própria do sistema LTI, então a saída é simplesmente a soma das mesmas exponenciais multiplicadas pelos ganhos do sistema em cada frequência.

  • Assim, o sistema filtra cada harmónica de forma independente, modificando a amplitude e fase segundo a resposta em frequência H(jω)H(j\omega) ou H(ejΩ)H(e^{j\Omega}).

  • Na prática, isto significa que podemos prever o comportamento de circuitos, filtros digitais e outros sistemas LTI analisando a resposta em frequência e o espectro de entrada.

A secção termina com exemplos ilustrativos: por exemplo, um circuito RC filtrando uma onda quadrada, mostrando como o espectro de saída atenua harmónicas de alta frequência — demonstrando o papel da resposta em frequência como “peneira” de harmónicas.


Secção 3.9 — Filtragem

A filtragem consiste em alterar as amplitudes relativas dos componentes de frequência de um sinal ou até eliminar alguns completamente. Os sistemas LTI (Lineares e Invariantes no Tempo) que modificam o espectro de forma controlada são chamados de filtros modeladores de frequência. Os filtros selectivos de frequência deixam passar algumas frequências quase sem distorção e atenuam ou rejeitam outras.

Como vimos, no domínio da frequência, a saída de um sistema LTI resulta da multiplicação das componentes do sinal de entrada pela resposta em frequência do sistema. Por isso, projectar filtros passa por escolher adequadamente essa resposta em frequência.

3.9.1 Filtros modeladores de frequência

Um exemplo comum está nos sistemas de áudio. Os filtros LTI nesses sistemas permitem ao utilizador ajustar o balanço entre graves e agudos. Estes filtros formam etapas de um equalizador, muitas vezes dividido em vários estágios em cascata, cujo efeito global resulta do produto das respostas em frequência de cada estágio.

  • Mostram-se exemplos de curvas de magnitude em dB (20 log10 |H(jω)|), num gráfico log-log.

  • Outro exemplo importante é o filtro diferenciador, com resposta em frequência H(jω) = jω. Amplifica mais as componentes de alta frequência, o que o torna útil, por exemplo, para realçar contornos em imagens (realce de transições bruscas em brilho). A aplicação a imagens bidimensionais é ilustrada, mostrando como realça bordas verticais ou horizontais consoante o conteúdo espectral em cada direcção.

No domínio discreto, os filtros LTI também são fundamentais. Usam-se em processamento digital (capítulo 7), por exemplo para separar variações de curto e longo prazo em séries temporais (dados económicos, demográficos). Um exemplo simples é o filtro média de dois pontos:

y[n]=12(x[n]+x[n1])y[n] = \frac{1}{2} (x[n] + x[n-1])

que actua como um filtro passa-baixo, atenuando altas frequências e preservando variações lentas.


3.9.2 Filtros selectivos de frequência

Estes filtros são desenhados para deixar passar algumas bandas de frequência e rejeitar outras com a maior precisão possível. Por exemplo:

  • Em áudio, podem remover ruído de alta frequência.

  • Em comunicações (como AM), permitem separar canais codificados em diferentes bandas.

Existem tipos básicos bem definidos:

  • Passa-baixo: passa baixas frequências, rejeita altas.

  • Passa-alto: o inverso.

  • Passa-banda: passa uma banda específica.

As frequências de corte marcam as fronteiras entre bandas passantes e de rejeição.

A figura 3.26 ilustra a resposta em frequência de um filtro passa-baixo ideal. A figura 3.27 mostra filtros passa-alto e passa-banda ideais (observa-se simetria em torno de ω=0 porque usamos exponenciais complexas). Para tempo discreto, a resposta em frequência deve ser periódica (figura 3.28), com período 2π.

Embora úteis para especificação teórica, os filtros ideais não são realizáveis fisicamente. Na prática, usam-se aproximações com transições menos abruptas e características ajustadas a cada aplicação.


Secção 3.10 — Exemplos de filtros contínuos descritos por equações diferenciais

Os filtros contínuos reais são muitas vezes implementados por circuitos cujas relações entrada-saída obedecem a equações diferenciais lineares com coeficientes constantes.

3.10.1 Um filtro RC passa-baixo simples

Um exemplo clássico é o circuito RC de primeira ordem, com o condensador como saída. A equação diferencial:

RCdvc(t)dt+vc(t)=vs(t)RC \frac{dv_c(t)}{dt} + v_c(t) = v_s(t)

leva a uma resposta em frequência:

H(jω)=11+jωRCH(jω) = \frac{1}{1 + jωRC}

  • Para ω≈0, |H(jω)|≈1 → passa baixas frequências.

  • Para ω elevado, |H(jω)|→0 → atenua altas frequências.

O compromisso entre domínio do tempo e da frequência: aumentar RC melhora a atenuação de altas frequências mas torna a resposta ao degrau mais lenta.


3.10.2 Um filtro RC passa-alto simples

Escolhendo agora como saída a tensão na resistência, a equação diferencial muda para:

RCdvs(t)dt+vs(t)=vr(t)RC \frac{dv_s(t)}{dt} + v_s(t) = v_r(t)

dando uma resposta em frequência:

G(jω)=jωRC1+jωRCG(jω) = \frac{jωRC}{1 + jωRC}

  • Atenua baixas frequências.

  • Passa altas frequências (para ω ≫ 1/RC).

Tal como no caso passa-baixo, o valor de RC controla a forma da resposta em frequência e a velocidade da resposta no tempo. Ambos os circuitos são exemplos de filtros de primeira ordem, com transições suaves entre banda passante e de rejeição.


Secção 3.11 — Exemplos de filtros discretos descritos por equações às diferenças

Os filtros em tempo discreto são implementados por equações às diferenças lineares de coeficientes constantes. Podem ser:

  • Recursivos (IIR): têm resposta ao impulso infinita.

  • Não-recursivos (FIR): resposta ao impulso finita.

Ambos são muito usados em sistemas digitais.

3.11.1 Filtros recursivos de primeira ordem

Um exemplo simples:

y[n]ay[n1]=x[n]y[n] - a y[n-1] = x[n]

Para entrada exponencial complexa, a resposta em frequência é:

H(ejω)=11aejωH(e^{jω}) = \frac{1}{1 - a e^{-jω}}

  • Para a>0 (e |a|<1), actua como passa-baixo.

  • Para a<0 (e |a|<1), actua como passa-alto.

O parâmetro a controla tanto a largura da banda passante como a velocidade da resposta ao impulso ou degrau.


3.11.2 Filtros não-recursivos

Forma geral:

y[n]=k=NMbkx[nk]y[n] = \sum_{k=-N}^{M} b_k x[n-k]

Exemplo clássico: filtro de média móvel.
Para três pontos:

y[n]=13(x[n1]+x[n]+x[n+1])y[n] = \frac{1}{3}(x[n-1] + x[n] + x[n+1])

  • Atenua variações rápidas (altas frequências), passa variações lentas (baixas frequências).

  • O tamanho da janela controla a frequência de corte.

Outros filtros não-recursivos podem fazer passa-alto. Exemplo:

y[n]=12(x[n]x[n1])y[n] = \frac{1}{2}(x[n] - x[n-1])

atua como um diferenciador discreto, atenuando baixas frequências.

As principais características dos FIR:

  • Impulso finito → sempre estáveis.

  • Possibilidade de serem causais ou não, dependendo se dependem de amostras futuras.


Secção 3.12 — Resumo

O capítulo introduz a representação em séries de Fourier para sinais periódicos em tempo contínuo e discreto, explorando a motivação principal: as exponenciais complexas são autofunções de sistemas LTI.

Mostrou-se que:

  • Qualquer sinal periódico pode decompor-se numa soma ponderada de exponenciais harmónicas.

  • Aplicando um sinal periódico a um sistema LTI, cada coeficiente de Fourier na saída é o produto do coeficiente de entrada pelo valor da resposta em frequência nessa harmónica.

Isto conduz ao conceito de filtragem com sistemas LTI, incluindo a filtragem selectiva de frequência.

O capítulo discutiu:

  • Filtros ideais (não realizáveis) como referência teórica.

  • Exemplos práticos baseados em equações diferenciais (contínuo) e às diferenças (discreto).

  • A importância de compreender as respostas em frequência para conceber sistemas que realizem filtragem conforme os requisitos da aplicação.

Adiantou ainda que nos capítulos seguintes se desenvolverão ferramentas para sinais aperiódicos e uma análise mais detalhada da filtragem.


Capítulo 3 do livro "Signals and Systems" de Oppenheim e Nawab


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terça-feira, 8 de julho de 2025

Resumo extraído do Capítulo 32, do livro: Physics for Scientists and Engineers with Modern Physics, 9th Ed

Capítulo 32 – Indutância


32.1 Auto-indução e Indutância

Quando fechamos um circuito com uma fonte de força electromotriz (f.e.m.), um interruptor e uma resistência, a corrente não atinge imediatamente o valor final dado por ε/R. À medida que a corrente aumenta, o campo magnético gerado pela corrente cria um fluxo magnético através da área do circuito. Segundo a Lei de Faraday, esta variação de fluxo induz uma f.e.m. no próprio circuito.

A f.e.m. induzida tem sinal oposto à f.e.m. da bateria — por isso chama-se força contra-electromotriz — e resiste ao aumento da corrente, fazendo com que esta cresça de forma gradual. Este fenómeno chama-se auto-indução, porque a variação de fluxo que causa a f.e.m. surge do próprio circuito.

A f.e.m. auto-induzida (eL) é proporcional à taxa de variação temporal da corrente:

eL=Ldidte_L = -L \frac{di}{dt}

onde L é a indutância, uma constante que depende da geometria do circuito (número de espiras, área, comprimento, etc.). Para um enrolamento de N espiras, com fluxo magnético Φ_B através de cada uma:

L=NΦBiL = \frac{N \Phi_B}{i}

A indutância mede a oposição a variações de corrente, de forma semelhante ao modo como a resistência mede a oposição ao fluxo de corrente. A unidade SI de indutância é o henry (H), definido como 1 V·s/A.

O exemplo clássico é o solenoide de N espiras, comprimento ℓ (muito maior que o raio) e área A:

L=μ0N2AL = \mu_0 \frac{N^2 A}{\ell}

Este exemplo mostra que L depende fortemente do número de espiras ao quadrado e da geometria do enrolamento. A analogia com a capacitância (dependência da geometria das placas) e com a resistência (dependência do comprimento e área do condutor) é salientada.


32.2 Circuitos RL

Um circuito RL contém uma resistência e uma bobine (indutor) ligadas em série a uma fonte de f.e.m. A presença de uma bobine impede mudanças instantâneas na corrente. Quando se fecha o interruptor, a corrente começa em zero e cresce de forma exponencial, pois a força contra-electromotriz da bobine opõe-se ao aumento.

Aplicando a lei das malhas de Kirchhoff:

εiRLdidt=0\varepsilon - iR - L \frac{di}{dt} = 0

Resolvendo a equação diferencial obtém-se:

i(t)=εR(1et/τ)i(t) = \frac{\varepsilon}{R} \left(1 - e^{-t/\tau}\right)

com a constante de tempo:

τ=LR\tau = \frac{L}{R}

Esta constante representa o tempo necessário para a corrente atingir 63,2% do valor final (ε/R). Quanto maior a indutância L ou menor a resistência R, mais lenta será a resposta do circuito.

Quando a fonte é desligada (substituída por um curto-circuito), o circuito passa a ter apenas a resistência e a bobine. A corrente decresce exponencialmente:

i(t)=Iiet/τi(t) = I_i e^{-t/\tau}

A bobine impede que a corrente caia instantaneamente a zero. A força contra-electromotriz gerada tenta manter a corrente, libertando a energia armazenada no campo magnético.

Em resumo, a bobine «suaviza» as variações de corrente, criando uma resposta "preguiçosa" ou atrasada às mudanças de tensão.


32.3 Energia num Campo Magnético

Quando uma bobine conduz corrente, armazena energia no seu campo magnético. Parte da energia fornecida pela fonte é dissipada em calor na resistência, mas parte é armazenada como energia magnética na bobine.

A taxa de fornecimento de energia pela fonte é:

εi=iR+Lididt\varepsilon i = iR + L i \frac{di}{dt}

O termo iRiR é a potência dissipada como calor. Já LididtL i \frac{di}{dt} corresponde à taxa de armazenamento de energia na bobine. Integrando, obtém-se a energia total armazenada:

UB=12Li2U_B = \frac{1}{2} L i^2

Esta forma é análoga à energia armazenada num condensador:

UE=12CV2U_E = \frac{1}{2} C V^2

Para um solenoide (ou outra distribuição de campo magnético conhecido), podemos calcular a densidade de energia magnética (energia por unidade de volume):

uB=B22μ0u_B = \frac{B^2}{2\mu_0}

Este resultado mostra que a energia armazenada no campo magnético depende do quadrado da intensidade do campo, de forma semelhante à densidade de energia num campo eléctrico.

Um exemplo trabalhado no texto demonstra que quando a bobine descarrega (por exemplo, num circuito RL isolado), toda a energia inicialmente armazenada no campo magnético se converte em energia interna (calor) na resistência.


32.4 Indutância Mútua

Nesta secção, introduz-se o conceito de indutância mútua. Quando há dois circuitos próximos, a corrente variável num deles pode induzir uma f.e.m. no outro, porque o campo magnético de um atravessa a área do outro.

Imagina duas bobinas próximas (bobina 1 e bobina 2):

  • A corrente i₁ em 1 cria um campo magnético. Parte desse campo atravessa a área de 2, gerando fluxo magnético Φ₁₂ em 2.

  • Se i₁ varia no tempo, Φ₁₂ varia, induzindo uma f.e.m. em 2.

Define-se indutância mútua M₁₂ como:

M12=N2Φ12i1M_{12} = \frac{N_2 \Phi_{12}}{i_1}

onde N₂ é o número de espiras da bobina 2.

A f.e.m. induzida em 2 devido a i₁ é:

ε2=M12di1dt\varepsilon_2 = -M_{12} \frac{di_1}{dt}

Analogamente, se i₂ em 2 variar, induz uma f.e.m. em 1:

ε1=M21di2dt\varepsilon_1 = -M_{21} \frac{di_2}{dt}

Pode-se demonstrar que M₁₂ = M₂₁ = M, porque depende apenas da geometria mútua dos circuitos e das suas orientações.

A unidade de indutância mútua é o henry (H), como na auto-indução.

Exemplo prático: carregadores sem fios. Uma bobina na base (primária) cria um campo magnético variável, induzindo corrente na bobina do aparelho (secundária).


32.5 Oscilações num Circuito LC

Nesta secção estuda-se o circuito LC ideal: um condensador ligado a uma bobine, sem resistência e sem radiação electromagnética.

  • Supondo o condensador inicialmente carregado (carga Q_max), quando o circuito se fecha, a energia armazenada no campo eléctrico do condensador começa a transferir-se para a bobine.

  • À medida que o condensador se descarrega, a corrente aumenta, armazenando energia no campo magnético da bobine.

  • Quando o condensador está totalmente descarregado, a energia está toda na bobine.

  • A corrente continua, recarregando o condensador com polaridade oposta.

Este processo repete-se, criando oscilações electromagnéticas entre energia eléctrica (condensador) e magnética (bobine).

Matematicamente:

  • A equação diferencial do circuito é:

d2qdt2+1LCq=0\frac{d^2q}{dt^2} + \frac{1}{LC} q = 0

  • Solução:

q(t)=Qmaxcos(ωt+ϕ)q(t) = Q_{\text{max}} \cos(\omega t + \phi)

onde

ω=1LC\omega = \frac{1}{\sqrt{LC}}

é a frequência angular natural das oscilações.

  • A corrente é:

i(t)=dqdt=ωQmaxsin(ωt+ϕ)i(t) = \frac{dq}{dt} = -\omega Q_{\text{max}} \sin(\omega t + \phi)

Observa-se que carga e corrente estão desfasadas de 90°: quando a carga é máxima, a corrente é zero e vice-versa.

A energia total do circuito (conservada no ideal):

U=12CV2+12Li2U = \frac{1}{2} C V^2 + \frac{1}{2} L i^2

oscila entre o campo eléctrico do condensador e o campo magnético da bobine, mas permanece constante no tempo se não houver perdas.

Analogia mecânica: é como um sistema massa–mola sem atrito, em oscilação harmónica simples.


32.6 O Circuito RLC

Aqui estuda-se o circuito RLC em série (resistência R, bobine L e condensador C).

Ao contrário do LC ideal:

  • A resistência provoca dissipação de energia.

  • A energia armazenada no campo eléctrico do condensador e no campo magnético da bobine diminui com o tempo, transformando-se em energia interna (calor) na resistência.

A equação diferencial que descreve o circuito é:

Ld2qdt2+Rdqdt+qC=0L \frac{d^2q}{dt^2} + R \frac{dq}{dt} + \frac{q}{C} = 0

Esta é matematicamente equivalente à equação de movimento de um oscilador harmónico amortecido:

md2xdt2+bdxdt+kx=0m \frac{d^2x}{dt^2} + b \frac{dx}{dt} + kx = 0

onde:

  • q ↔ posição x

  • i ↔ velocidade dx/dt

  • L ↔ massa m

  • R ↔ coeficiente de atrito b

  • 1/C ↔ constante elástica k

Solução para amortecimento fraco (R pequeno):

q(t)=QmaxeRt/2Lcos(vdt)q(t) = Q_{\text{max}} e^{-Rt/2L} \cos(v_d t)

com

vd=1LC(R2L)2v_d = \sqrt{\frac{1}{LC} - \left(\frac{R}{2L}\right)^2}

 As oscilações são amortecidas: a amplitude decai exponencialmente com o tempo.

 Para valores altos de R, as oscilações podem desaparecer totalmente (sobreamortecimento ou amortecimento crítico).

O comportamento geral do circuito RLC inclui:

  • Oscilações amortecidas (R pequeno).

  • Resposta crítica ou sobreamortecida (R grande).


32.7 Resumo

  • A auto-indução L mede a oposição de um circuito a variações de corrente:

eL=Ldidte_L = -L \frac{di}{dt}

  • A energia armazenada num campo magnético é:

UB=12Li2U_B = \frac{1}{2} L i^2

  • A densidade de energia magnética (no campo B):

uB=B22μ0u_B = \frac{B^2}{2\mu_0}

  • Indutância mútua M relaciona as f.e.m. induzidas entre dois circuitos:

ε2=Mdi1dt,ε1=Mdi2dt\varepsilon_2 = -M \frac{di_1}{dt}, \quad \varepsilon_1 = -M \frac{di_2}{dt}

  • Circuito RL: apresenta resposta retardada à variação de corrente, com constante de tempo τ = L/R.

  • Circuito LC: oscilações sinusoidais ideais, sem perdas:

ω=1LC\omega = \frac{1}{\sqrt{LC}}

  • Circuito RLC: oscilações amortecidas, com energia dissipada na resistência.


Capa do Capítulo 31, do livro: Physics for Scientists and Engineers with Modern Physics, 9th Ed




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segunda-feira, 7 de julho de 2025

Processamento de Sinal Contínuo e Discreto, UTAD

Resolução do exame de 1º semestre 2022-2023, MIEBIOM + LEBIOM


Resolução do exame de 1º semestre 2022-2023, MIEBIOM + LEBIOM, página 1




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domingo, 6 de julho de 2025

Resumo extraído do Capítulo 4 do livro Basic Engineering Circuit Analysis de J. David Irwin e R. Mark Nelms

Capítulo 4 – Amplificadores Operacionais

4.1 Introdução

O amplificador operacional (AmpOp) é apresentado como o circuito integrado mais importante no projeto de circuitos analógicos. É um dispositivo muito versátil composto por transístores e resistências que permite amplificar significativamente as capacidades de concepção de circuitos, sendo usado em sistemas de controlo de motores, telemóveis, entre outros.

Historicamente, os primeiros AmpOps eram construídos com válvulas, tornando-os volumosos e consumidores de energia. Com a invenção do transístor em 1947, os AmpOps tornaram-se mais pequenos e eficientes. A introdução dos circuitos integrados (CIs) na década de 1970 permitiu colocar todos os componentes num único chip, tornando-os baratos e compactos (por exemplo, quatro AmpOps de boa qualidade num só CI por cerca de 40 cêntimos).

O nome “Amplificador Operacional” advém do facto de originalmente terem sido projetados para realizar operações matemáticas (soma, subtracção, diferenciação, integração). Com redes simples associadas, podem criar “blocos construtivos” como escalonamento de tensão, conversão corrente-tensão e muitas outras aplicações complexas.

O texto sublinha que para compreender o comportamento do AmpOp mesmo apenas conhecendo resistências e fontes, é fundamental recorrer à modelação, visto que o AmpOp é essencialmente um amplificador de tensão de elevada qualidade. Assim, a sua análise começa com um modelo de primeira ordem.


4.2 Modelos de AmpOp

Esta secção explica como se modela o comportamento do AmpOp de forma prática.

  • Entradas e Saídas: Um AmpOp típico (exemplo: LM324) tem entradas não inversora (+) e inversora (−) e uma saída. A relação entre tensões é dada por:

    Vo=Ao(IN+IN)V_o = A_o (IN^+ - IN^-)

    onde AoA_o é o ganho em malha aberta (típico: 10^4 a 10^6).

  • Alimentações: Necessita de tensões DC (VCC e VEE). VCC é positiva em relação à massa, VEE pode ser negativa ou zero.

  • Modelo Simplificado:

    • Amplificador de tensão dependente com ganho Ao.

    • Resistência de entrada (Ri) elevada.

    • Resistência de saída (Ro) baixa.

Para obter um ganho máximo, deseja-se AoA_o \to \infty, RiR_i \to \infty e Ro0R_o \to 0.

A secção discute ainda:

  • Limitações reais: o AmpOp satura se a tensão de saída tentar ultrapassar as tensões de alimentação.

  • Rail-to-rail: capacidade de alguns modelos de terem entradas e saídas que se aproximam muito das tensões de alimentação.

  • Modelos reais com dados de fabricantes para Ao, Ri e Ro.

Introduz-se ainda o modelo ideal:

  • Ao=A_o = \infty

  • Ri=R_i = \infty

  • Ro=0R_o = 0

O modelo ideal resulta em:

  • Correntes de entrada nulas: i+=i=0i^+ = i^- = 0.

  • Igualdade das tensões de entrada: V+=VV^+ = V^-.

Apresenta-se o exemplo do seguidor de tensão que tem ganho ≈ 1, isolando o circuito de entrada do de saída e evitando carga no gerador de sinal.


4.3 Montagens Fundamentais com AmpOp

Esta secção aplica o modelo ideal para analisar montagens básicas.

  • Amplificador inversor:

    • Configuração com entrada na porta inversora.

    • Ganho:

      VoVs=R2R1\frac{V_o}{V_s} = -\frac{R_2}{R_1}
    • Simples de ajustar: basta mudar resistências.

    • Insensível a variações nos parâmetros internos (Ao, Ri, Ro).

  • Amplificador não inversor:

    • Entrada na porta não inversora.

    • Ganho:

      VoVin=1+RFRI\frac{V_o}{V_{in}} = 1 + \frac{R_F}{R_I}
    • Não inverte o sinal e ganho também definido por resistências.

  • Amplificador diferencial:

    • Subtrai duas tensões de entrada.

    • Saída:

      Vo=R2R1(V2V1)V_o = \frac{R_2}{R_1} (V_2 - V_1)
    • Usado para rejeitar ruído comum.

  • Amplificador de instrumentação:

    • Versão mais precisa do diferencial.

    • Alta impedância de entrada e grande rejeição de modo comum.

    • Saída expressa em função de V1 e V2 e resistências de ganho.

  • Amostras e problemas resolvidos:

    • Exemplos calculados para cada configuração (ganho inversor, não inversor, diferencial, de instrumentação).

    • Problemas de aplicação prática, como um amperímetro electrónico para converter corrente em tensão.

  • Realimentação Negativa:

    • Essencial para operação linear.

    • Força as tensões de entrada a serem iguais no modelo ideal.

    • Contrapõe-se à realimentação positiva (ex.: comparadores e osciladores), onde não se aplica o modelo ideal.


4.4 Resumo 

  • Características principais do AmpOp:

    • Resistência de entrada elevada.

    • Resistência de saída baixa.

    • Ganho muito elevado.

  • Modelo ideal:

    • i+=i

    • V+=V

  • Estratégia de análise:

    • Escrever equações nodais nos terminais de entrada.

    • Usar as condições do modelo ideal para resolver circuitos.

  • Observação importante:

    • A maioria dos circuitos com AmpOps usa realimentação negativa para assegurar comportamento linear e estável.



Capa do Capítulo 4 do livro Basic Engineering Circuit Analysis de J. David Irwin e R. Mark Nelms




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sábado, 5 de julho de 2025

Resumo extraído do Capítulo 31, do livro: Physics for Scientists and Engineers with Modern Physics, 9th Ed

Capítulo 31 – Lei de Faraday



31.1 – Lei da Indução de Faraday

Esta secção introduz a descoberta de Faraday de que um campo magnético variável no tempo pode induzir uma corrente eléctrica num circuito. Experiências simples com uma espira de fio e um íman mostram que mover o íman em relação à espira gera uma corrente detectável. A corrente só aparece quando há variação do fluxo magnético (e não com campos magnéticos constantes), sendo chamada de corrente induzida, e surge devido a uma força electromotriz (fem) induzida.

A lei de Faraday quantifica este fenómeno:

  • Para uma espira:
    E=dΦBdt\mathcal{E} = -\dfrac{d\Phi_B}{dt}

  • Para uma bobina com NN espiras:
    E=NdΦBdt\mathcal{E} = -N\dfrac{d\Phi_B}{dt}

O fluxo magnético ΦB\Phi_B é dado por:

ΦB=BA=BAcosθ\Phi_B = \vec{B} \cdot \vec{A} = BA\cos\theta

e pode variar:

  • pela mudança do campo magnético BB,

  • pela mudança da área da espira,

  • pela mudança da orientação entre o campo e a espira.

Apresentam-se aplicações práticas como o interruptor de circuito por falha à terra (GFCI) e as bobinas de captação de guitarras eléctricas, que funcionam com base na indução de fem por variação de fluxo magnético.


31.2 – Fem de Movimento 

Esta secção analisa a indução de fem em condutores em movimento dentro de campos magnéticos constantes. Um condutor rectilíneo que se move perpendicularmente a um campo magnético sofre uma separação de cargas devido à força magnética sobre os electrões, criando um campo eléctrico interno e uma diferença de potencial:

ΔV=Bv\Delta V = B\ell v

Quando este condutor faz parte de um circuito fechado (por exemplo, uma barra a deslizar sobre calhas condutoras), há corrente induzida e podem aplicar-se as leis de Faraday e da conservação de energia:

  • A fem induzida é:

    E=Bv\mathcal{E} = -B\ell v
  • A corrente induzida:

    I=BvRI = \dfrac{B\ell v}{R}

A força necessária para manter a barra a mover-se com velocidade constante deve compensar a força magnética (contrária ao movimento), garantindo conservação da energia:

P=Faplicadav=E2RP = F_{\text{aplicada}} v = \dfrac{\mathcal{E}^2}{R}

Exemplos analisados incluem a barra deslizante e uma barra rotativa num campo magnético, mostrando como a velocidade angular ou linear influencia a fem gerada.


31.3 – Lei de Lenz

A Lei de Lenz dá ao sinal negativo da Lei de Faraday um significado físico: a corrente induzida flui de forma a opor-se à variação do fluxo magnético que a causou. Isto está intimamente ligado ao princípio da conservação da energia.

  • Se o fluxo aumenta, a corrente induzida cria um campo que se opõe ao aumento.

  • Se o fluxo diminui, a corrente induzida cria um campo que tenta manter o fluxo original.

Exemplos incluem:

  • A barra a mover-se numa calha com campo constante: se o fluxo aumenta, a corrente opõe-se, gerando uma força contrária ao movimento.

  • Um íman a aproximar-se de uma espira: o sentido da corrente depende de se o fluxo está a aumentar ou diminuir.

Apresenta-se também o paradoxo energético: se a corrente não se opusesse à variação de fluxo, poder-se-ia criar energia a partir do nada, violando a conservação da energia. Assim, a lei de Lenz garante que a energia seja conservada.


31.4 – Fem Induzida e Campos Eléctricos

Nesta secção, explora-se como um campo magnético variável no tempo induz um campo eléctrico, mesmo na ausência de um fio condutor. A corrente induzida numa espira metálica é causada por um campo eléctrico induzido que age sobre as cargas no fio. Este campo não é conservativo (ao contrário do campo electrostático), pois o trabalho realizado ao mover uma carga à volta de um percurso fechado não é zero.

A indução do campo eléctrico é consequência directa da Lei de Faraday. Considerando uma espira circular de raio rr, quando o fluxo magnético varia com o tempo, surge um campo eléctrico E\vec{E}, tangente à espira, tal que:

Eds=dΦBdt\oint \vec{E} \cdot d\vec{s} = -\dfrac{d\Phi_B}{dt}

O campo eléctrico induzido depende da variação temporal do fluxo e não da presença de cargas. Esta propriedade é fundamental para a compreensão das ondas electromagnéticas, onde campos eléctricos e magnéticos se induzem mutuamente.


31.5 – Geradores e Motores

Aqui são descritos os princípios de funcionamento dos geradores e motores eléctricos, ambos baseados na Lei de Faraday.

  • Geradores de corrente alternada (AC): um laço de fio é feito rodar num campo magnético, o que provoca uma variação periódica do fluxo e, consequentemente, uma fem sinusoidal:

    E=NBAvsin(ωt)\mathcal{E} = NBAv \sin(\omega t)
  • Geradores de corrente contínua (DC): usam um comutador que inverte as ligações a cada meia rotação, de forma a manter a polaridade constante, embora a tensão varie em valor.

Os motores eléctricos funcionam de forma inversa: recebem energia eléctrica e convertem-na em trabalho mecânico. À medida que o motor acelera, gera uma força contra-electromotriz que reduz a corrente de entrada.

Exemplo aplicado: quando um motor é bloqueado (por exemplo, numa serra), a corrente aumenta significativamente, o que pode danificar o equipamento devido ao aquecimento excessivo.


31.6 – Correntes de Foucault 

As correntes de Foucault são correntes circulares induzidas em massas metálicas (não em fios) em movimento através de campos magnéticos. Estas correntes criam campos magnéticos opostos à variação que as gerou, de acordo com a Lei de Lenz.

Exemplo clássico: uma placa metálica a oscilar entre os polos de um íman. As correntes de Foucault geram forças magnéticas que travam o movimento, levando eventualmente à paragem. Se a placa tiver cortes ou ranhuras, estas correntes são suprimidas, reduzindo o efeito de travagem.

Aplicações:

  • Travões electromagnéticos em comboios e metros.

  • Dispositivos de segurança (ex. serras) que usam estas correntes para parar rapidamente peças móveis.

  • Para reduzir perdas energéticas (aquecimento), as peças condutoras em transformadores e motores são laminadas, ou seja, feitas em camadas finas separadas por materiais isolantes.


Resumo

  • A Lei de Faraday estabelece que a fem induzida é proporcional à variação temporal do fluxo magnético:

    E=dΦBdt\mathcal{E} = -\dfrac{d\Phi_B}{dt}
  • A Lei de Lenz indica que a corrente induzida opõe-se à causa que a gera, garantindo a conservação da energia.

  • Um campo magnético variável no tempo pode induzir um campo eléctrico não conservativo.

  • A fem de movimento é induzida quando um condutor se move num campo magnético:

    E=Bv\mathcal{E} = B\ell v
  • Geradores e motores baseiam-se na variação do fluxo magnético e no aproveitamento da energia eléctrica e mecânica.

  • As correntes de Foucault são efeitos secundários importantes, podendo ser úteis (travagem) ou indesejáveis (perdas energéticas).





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quarta-feira, 2 de julho de 2025

Exercício resolvido de Fundamentos de Máquinas Elétricas - FEUP

Fundamentos de Máquinas Elétricas, Transformador


Exercício resolvido de Fundamentos de Máquinas Elétricas - FEUP, pág.1

Exercício resolvido de Fundamentos de Máquinas Elétricas - FEUP, pág.2


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