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quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Resumo extraído do Capítulo 4 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O.

Capítulo 4 - Campo Eletroestático



Secção 4.1 – Introdução

  • O estudo começa pela definição da carga elétrica, considerada a fonte fundamental de todos os fenómenos eletromagnéticos.

  • A carga é uma propriedade inerente da matéria, existindo em duas formas: positiva e negativa.

  • A unidade padrão de medida da carga é o coulomb (C).

  • As leis fundamentais associadas à carga elétrica são:

    • Lei da conservação da carga: a carga não pode ser criada nem destruída, apenas transferida.

    • Lei da quantização da carga: a carga ocorre sempre em múltiplos inteiros da carga elementar do eletrão/protão (e=1.602×1019Ce = 1.602 \times 10^{-19} C).

  • O capítulo tem como objetivo introduzir os conceitos de campo elétrico e potencial elétrico, a partir do comportamento das cargas.


Secção 4.2 – Lei de Coulomb e Intensidade do Campo

  • A Lei de Coulomb descreve a força entre duas cargas puntiformes:

    F=14πϵQ1Q2R2a^R\vec{F} = \frac{1}{4\pi \epsilon} \cdot \frac{Q_1 Q_2}{R^2} \cdot \hat{a}_R

    onde:

    • Q1,Q2Q_1, Q_2 são as cargas,

    • RR é a distância entre elas,

    • ϵ\epsilon é a permissividade do meio,

    • a^R\hat{a}_R é o vetor unitário da direção da linha que une as cargas.

  • A força é repulsiva se as cargas têm o mesmo sinal e atrativa se têm sinais opostos.

  • Define-se o campo elétrico E\vec{E} como a força por unidade de carga de teste:

    E=FQ\vec{E} = \frac{\vec{F}}{Q}
  • Assim, o campo elétrico devido a uma carga puntiforme é:

    E=Q4πϵR2a^R\vec{E} = \frac{Q}{4\pi \epsilon R^2} \hat{a}_R
  • Esta secção também aborda o conceito de intensidade do campo, mostrando que o campo elétrico é um campo vetorial que varia no espaço, com direção radial a partir da carga fonte.


Secção 4.3 – Campos Elétricos Devidos a Distribuições Contínuas de Carga

  • Muitas situações práticas envolvem distribuições de carga contínuas em vez de cargas puntiformes.

  • Consideram-se três tipos de densidade de carga:

    • Linear (ρl\rho_l) [C/m]: carga distribuída ao longo de um fio ou linha.

    • Superficial (ρs\rho_s) [C/m²]: carga distribuída sobre uma superfície.

    • Volumétrica (ρv\rho_v) [C/m³]: carga distribuída no volume.

  • A intensidade de campo resultante é obtida através da integração da contribuição de cada elemento diferencial de carga:

    • Para carga linear:

      E=14πϵρldlR2a^R\vec{E} = \frac{1}{4\pi \epsilon} \int \frac{\rho_l dl}{R^2} \hat{a}_R
    • Para carga superficial:

      E=14πϵρsdSR2a^R\vec{E} = \frac{1}{4\pi \epsilon} \int \frac{\rho_s dS}{R^2} \hat{a}_R
    • Para carga volumétrica:

      E=14πϵρvdVR2a^R\vec{E} = \frac{1}{4\pi \epsilon} \int \frac{\rho_v dV}{R^2} \hat{a}_R
  • A secção fornece exemplos de aplicação prática destes cálculos, mostrando como obter o campo elétrico gerado por distribuições de carga em diferentes  geometrias.


Secção 4.4 – Densidade de Fluxo Elétrico

  • O fluxo elétrico associado ao campo E\vec{E} pode ser definido, mas para maior utilidade em eletrostática introduz-se o conceito de densidade de fluxo elétrico D\vec{D}.

  • Define-se:

    D=ϵ0E\vec{D} = \epsilon_0 \vec{E}

    onde ϵ0\epsilon_0 é a permissividade do vazio.

  • D\vec{D} é medido em coulombs por metro quadrado (C/m²) e, por razões históricas, também é chamado deslocamento elétrico.

  • A quantidade de fluxo elétrico que atravessa uma superfície é dada por:

    Φ=DdS\Phi = \int \vec{D} \cdot d\vec{S}
  • A vantagem de D\vec{D} em relação a E\vec{E} é que D\vec{D} depende apenas da carga e da posição, sendo independente do meio.

  • Todas as expressões para E\vec{E} derivadas da Lei de Coulomb (seções anteriores) podem ser reescritas para D\vec{D}, bastando multiplicar por ϵ0\epsilon_0.


Secção 4.5 – Lei de Gauss (Equação de Maxwell)

  • A Lei de Gauss estabelece que:

    “O fluxo elétrico total que atravessa uma superfície fechada é igual à carga total no interior dessa superfície.”

  • Em termos matemáticos:

    DdS=Qinterior\oint \vec{D} \cdot d\vec{S} = Q_{\text{encerrada}}
  • Usando o teorema da divergência, esta lei pode ser escrita na forma diferencial:

    D=ρv\nabla \cdot \vec{D} = \rho_v

    onde ρv\rho_v é a densidade de carga volumétrica.

  • Assim, a Lei de Gauss apresenta-se em duas formas:

    • Integral: relaciona o fluxo de D\vec{D} numa superfície fechada com a carga total no interior.

    • Diferencial: relaciona a divergência de D\vec{D} num ponto com a densidade de carga nesse ponto.

  • Observações importantes:

    1. A Lei de Gauss é equivalente à Lei de Coulomb (uma pode ser derivada da outra).

    2. É válida sempre, mas só é útil na prática quando há simetria na distribuição de cargas (esférica, cilíndrica, ou planar).

    3. Quando a distribuição de carga não é simétrica, a lei continua válida, mas calcular E\vec{E} requer a aplicação direta da Lei de Coulomb.


Secção 4.6 – Aplicações da Lei de Gauss

  • A secção mostra como aplicar a Lei de Gauss para obter campos elétricos em distribuições de carga simétricas.

  • O procedimento geral é:

    1. Identificar se existe simetria (esférica, cilíndrica, ou planar).

    2. Escolher uma superfície gaussiana que respeite essa simetria.

    3. Avaliar o fluxo de D\vec{D} nessa superfície.

    4. Igualar ao total de carga encerrada.

  • Casos práticos apresentados:

    • Carga puntiforme: usa-se uma superfície esférica. O resultado confirma E=Q4πϵ0r2a^r\vec{E} = \frac{Q}{4\pi \epsilon_0 r^2}\hat{a}_r.

    • Linha infinita de carga: escolhe-se uma superfície cilíndrica. Obtém-se E1ρ\vec{E} \propto \frac{1}{\rho}, ou seja, o campo decresce inversamente com a distância radial.

    • Folha infinita de carga: usa-se uma caixa (paralelepípedo) atravessada pelo plano da carga. O campo resultante é constante e perpendicular à superfície, independentemente da distância.

    • Esfera carregada uniformemente:

      • Para r<ar < a (dentro da esfera), Dr\vec{D} \propto r.

      • Para r>ar > a (fora da esfera), D1r2\vec{D} \propto \frac{1}{r^2}, como se toda a carga estivesse concentrada no centro.


Secção 4.7 – Potencial Elétrico

  • Até aqui o campo elétrico E\vec{E} foi obtido pela Lei de Coulomb ou pela Lei de Gauss.

  • Outra forma é através do potencial escalar elétrico (V), que simplifica os cálculos porque trabalha com grandezas escalares em vez de vetores.

  • O trabalho necessário para mover uma carga QQ de um ponto AA para um ponto BB num campo elétrico E\vec{E} é:

    W=QABEdlW = -Q \int_A^B \vec{E} \cdot d\vec{l}
  • O potencial elétrico entre AA e BB é a energia potencial por unidade de carga:

    VAB=VBVA=ABEdlV_{AB} = V_B - V_A = - \int_A^B \vec{E} \cdot d\vec{l}
  • Propriedades importantes:

    1. O potencial é independente do caminho, apenas depende dos pontos inicial e final.

    2. A unidade é o volt (V), equivalente a joule por coulomb.

    3. Costuma-se definir o potencial de referência como zero no infinito.

  • Para uma carga puntiforme QQ:

    V(r)=Q4πϵ0rV(r) = \frac{Q}{4 \pi \epsilon_0 r}
  • Para várias cargas ou distribuições contínuas (linear, superficial, volumétrica), o potencial é obtido pela soma/integral das contribuições de cada elemento de carga.

  • O potencial é particularmente útil porque evita lidar diretamente com vetores ao calcular E\vec{E}.


Secção 4.8 – Relação entre E\vec{E} e VV — Equação de Maxwell

  • O campo elétrico E\vec{E} é um campo conservativo, ou seja:

    Edl=0\oint \vec{E} \cdot d\vec{l} = 0
  • Isto significa que o trabalho líquido feito ao mover uma carga numa trajetória fechada é zero.

  • Aplicando o teorema de Stokes, obtém-se a forma diferencial:

    ×E=0\nabla \times \vec{E} = 0
  • Esta é a segunda equação de Maxwell para campos eletrostáticos.

  • Como consequência, o campo elétrico pode ser escrito como o gradiente negativo do potencial:

    E=V\vec{E} = - \nabla V
  • O sinal negativo indica que o campo elétrico aponta sempre no sentido em que o potencial diminui.

  • Esta relação mostra que todo o campo eletrostático pode ser descrito por uma função escalar única, o que simplifica bastante os cálculos.


Secção 4.9 – Dipolo Elétrico e Linhas de Fluxo

  • Um dipolo elétrico consiste em duas cargas de mesma magnitude mas sinais opostos (+Q+Q e Q-Q) separadas por uma pequena distância dd.

  • O momento dipolar elétrico é definido como:

    p=Qd\vec{p} = Q \cdot \vec{d}

    apontando da carga negativa para a carga positiva.

  • O potencial devido a um dipolo (para rdr \gg d) é:

    V(r,θ)=pcosθ4πϵ0r2V(r, \theta) = \frac{p \cos \theta}{4 \pi \epsilon_0 r^2}
  • O campo elétrico de um dipolo é obtido pelo gradiente do potencial:

    E(r,θ)=p4πϵ0r3(2cosθa^r+sinθa^θ)\vec{E}(r, \theta) = \frac{p}{4 \pi \epsilon_0 r^3} \left( 2 \cos \theta \, \hat{a}_r + \sin \theta \, \hat{a}_\theta \right)
  • Comparações importantes:

    • Campo de uma carga puntiforme (monopolo): decresce como 1/r21/r^2.

    • Campo de um dipolo: decresce mais rapidamente, como 1/r31/r^3.

    • Potencial de uma carga: varia como 1/r1/r.

    • Potencial de um dipolo: varia como 1/r21/r^2.

  • Linhas de fluxo: as linhas do campo de um dipolo mostram a atração entre cargas opostas, concentrando-se da carga positiva para a negativa.

  • Os dipolos são muito importantes porque muitas moléculas (como a água) podem ser modeladas como dipolos, e os campos dipolares têm grande relevância em física e engenharia.


Secção 4.10 – Densidade de Energia em Campos Eletrostáticos

Nesta secção estuda-se a energia armazenada num sistema de cargas elétricas.

  • Para determinar a energia de um conjunto de cargas, calcula-se o trabalho necessário para as juntar (trazer cada carga do infinito até à sua posição final).

  • No caso de n cargas pontuais, a energia total é dada por:

WE=12k=1nQkVkW_E = \tfrac{1}{2}\sum_{k=1}^{n} Q_k V_k

onde QkQ_k é a carga e VkV_k o potencial no ponto onde está localizada.

  • Se, em vez de cargas discretas, houver uma distribuição contínua de carga, a soma transforma-se em integral:

    • Linha: WE=12pLVdlW_E = \tfrac{1}{2}\int p_L V \, dl

    • Superfície: WE=12psVdSW_E = \tfrac{1}{2}\int p_s V \, dS

    • Volume: WE=12pvVdvW_E = \tfrac{1}{2}\int p_v V \, dv

Como pv=Dp_v = \nabla \cdot D, a expressão pode ser manipulada até chegar a uma forma mais prática em termos do campo elétrico:

WE=12DEdvW_E = \tfrac{1}{2} \int D \cdot E \, dv

Daqui surge a definição de densidade de energia eletrostática (energia por unidade de volume):

wE=12ε0E2=D22ε0w_E = \tfrac{1}{2} \varepsilon_0 E^2 = \tfrac{D^2}{2\varepsilon_0}

Ou seja, a energia está armazenada no campo elétrico criado pela distribuição de cargas.
A secção termina com exemplos:

  • Cálculo da energia de um sistema de três cargas pontuais.

  • Determinação do potencial e energia armazenada numa distribuição esférica de carga com simetria radial.


Resumo do Capítulo

O capítulo reúne os principais conceitos dos campos eletrostáticos:

  1. Leis fundamentais – Lei de Coulomb e Lei de Gauss.

    • Coulomb descreve a força entre cargas pontuais.

    • A intensidade do campo elétrico EE é definida como a força por unidade de carga.

  2. Distribuições contínuas de carga – O cálculo da carga total e do campo resultante pode ser feito integrando a densidade linear, superficial ou volumétrica.

  3. Casos especiais – Campos gerados por:

    • Linha infinita de carga.

    • Folha infinita de carga.

  4. Fluxo elétrico e densidade de fluxo DD – Relação entre DD e EE no vazio: D=ε0ED = \varepsilon_0 E.

    • A lei de Gauss afirma que o fluxo de DD através de uma superfície fechada é igual à carga dentro da superfície.

    • Esta é a primeira equação de Maxwell (no eletroestático).

  5. Potencial elétrico – O trabalho para mover uma carga no campo:

    W=QEdlW = -Q \int E \cdot dl
    • O potencial devido a uma carga pontual é V(r)=Q4πε0rrV(r) = \frac{Q}{4\pi \varepsilon_0 |r-r'|}.

    • O potencial para distribuições contínuas obtém-se por integração.

    • Se o campo EE for conhecido, o potencial pode ser obtido via V=EdlV = -\int E \cdot dl.

  6. Campo conservativo – O campo eletrostático é conservativo:

    ×E=0\nabla \times E = 0

    Esta é a segunda equação de Maxwell (no eletroestático).

  7. Relação entre EE e VVE=VE = -\nabla V.

  8. Dipolo elétrico – O potencial de um dipolo é:

    V(r)=p(rr)4πε0rr3V(r) = \frac{\mathbf{p} \cdot (r-r')}{4\pi \varepsilon_0 |r-r'|^3}
  9. Superfícies equipotenciais e linhas de fluxo – As linhas de campo DD são sempre perpendiculares às superfícies equipotenciais.

  10. Energia armazenada

    • Para cargas discretas: WE=12QkVkW_E = \tfrac{1}{2}\sum Q_k V_k.

    • Para distribuições contínuas:

      WE=12DEdv=12ε0E2dvW_E = \tfrac{1}{2}\int D \cdot E \, dv = \tfrac{1}{2}\varepsilon_0 \int |E|^2 dv

Assim, conclui-se que a energia eletrostática não está “nas cargas”, mas sim armazenada no campo elétrico.



Capítulo 4 - Campo Eletroestático


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