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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Resumo extraído do Capítulo 7 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed

Capítulo 7 - Campos Magnétostáticos


7.1 — Introdução

A secção apresenta o domínio da magnetostática: o estudo dos campos magnéticos gerados por correntes constantes (DC). Principais pontos:

  • Origem dos campos: ao contrário da electrostática (campos gerados por cargas estacionárias), os campos magnéticos estáticos são produzidos por correntes estacionárias (cargas em movimento com velocidade constante) — por exemplo, correntes de condutores, correntes de magnetização em ímanes permanentes, e feixes de electrões.

  • Quantidades fundamentais: introduz-se a comparação entre grandezas eléctricas e magnéticas (analogia EHE \leftrightarrow H, DBD \leftrightarrow B) e lembra-se a relação no vácuo

    B=μ0H,\mathbf{B}=\mu_0\mathbf{H},

    com μ0\mu_0 = permeabilidade do espaço livre.

  • Motivação prática: explica-se porque é importante a magnetostática (motores, transformadores, sensores, armazenamento magnético, levitação magnética, etc.).

  • Leis fundamentais que serão usadas: são enunciadas as duas leis principais da magnetostática — Lei de Biot–Savart (lei geral, análoga à lei de Coulomb) e Lei de Ampère (caso especial útil para distribuições com simetria).

  • Observação conceptual: prepara o leitor para ver semelhanças e diferenças entre campos eléctricos e magnéticos (por exemplo, os fluxos magnéticos fecham-se sempre — não existem monopolos magnéticos isolados).



7.2 — Lei de Biot–Savart

Apresenta a Lei de Biot–Savart, que dá o campo magnético diferencial devido a um elemento de corrente:

  • Enunciado (forma vetorial para H\mathbf{H}):

    dH=Idl×R^4πR2oudH=Idl×R4πR3,d\mathbf{H}=\frac{I\,d\mathbf{l}\times\mathbf{\hat{R}}}{4\pi R^{2}} \quad\text{ou}\quad d\mathbf{H}=\frac{I\,d\mathbf{l}\times\mathbf{R}}{4\pi R^{3}},


  • Interpretação física:

    • Direção de dHd\mathbf{H} dada pelo produto vetorial: regra da mão direita.

    • Dependência com a distância: 1/R21/R^2 em termo diferencial; após integração aparece a dependência característica para cada geometria.

  • Distribuições de corrente: a lei aplica-se a correntes lineares (IdlI\,d\mathbf l), superfícies de corrente (KdS\mathbf{K}\,dS) e volumes de corrente (JdV\mathbf{J}\,dV):

    H=14πlinhaIdl×RR3,H=14πsuperfK×RR3dS,H=14πvolJ×RR3dV.\mathbf{H}=\frac{1}{4\pi}\int_{\text{linha}}\frac{I\,d\mathbf{l}\times\mathbf{R}}{R^{3}}, \quad \mathbf{H}=\frac{1}{4\pi}\iint_{\text{superf}} \frac{\mathbf{K}\times\mathbf{R}}{R^{3}}\,dS, \quad \mathbf{H}=\frac{1}{4\pi}\iiint_{\text{vol}} \frac{\mathbf{J}\times\mathbf{R}}{R^{3}}\,dV.
  • Exemplos trabalhados (formas fechadas obtidas por integração):

    • Fio rectilíneo finito (distância radial rr, ângulos α1,α2\alpha_1,\alpha_2 subtendidos em relação ao ponto):

      H=I4πr(cosα1cosα2)aφ.\mathbf{H}=\frac{I}{4\pi r}(\cos\alpha_1-\cos\alpha_2)\,\mathbf{a}_\varphi.

      Casos particulares:

      • fio semi-infinito: H=I4πraφH=\dfrac{I}{4\pi r}\,\mathbf{a}_\varphi.

      • fio infinito: H=I2πraφH=\dfrac{I}{2\pi r}\,\mathbf{a}_\varphi.

    • Espira circular: resultado para o eixo da espira; componente axial não nula, componente radial cancela por simetria.

    • Solenóide: integração das espiras leva à fórmula axial, e no centro de um solenóide longo obtém-se H=nIH=nI (com nn espiras por unidade de comprimento).

  • Observações práticas:

    • Biot–Savart é geral mas pode exigir integrais complicados; é útil quando não há simetria suficiente para Ampère.

    • A lei mostra explícito o papel do produto vetorial — a orientação do elemento de corrente influencia fortemente o campo resultante.


7.3 — Lei de Ampère 

Esta secção introduz a Lei de Ampère e a sua forma diferencial, ligando-a às equações de Maxwell para campos estáticos.

  • Forma integral (Lei de Ampère):

    CHdl=Ienc,\oint_{C}\mathbf{H}\cdot d\mathbf{l}=I_{\text{enc}},

    o integral de linha do campo magnético ao longo de uma curva fechada CC é igual à corrente total incluída pela superfície limite dessa curva.

  • Forma diferencial (equação de Maxwell):
    Aplicando o Teorema de Stokes obtém-se

    ×H=J,\nabla\times\mathbf{H}=\mathbf{J},

    em magnetostática (correntes estacionárias). Esta é uma das equações de Maxwell para campos estáticos.

  • Quando usar Ampère:

    • É extremamente útil quando existe simetria (cilíndrica, planar, toroidal) que permite escolher um caminho amperiano em que H|\mathbf{H}| é constante sobre o caminho ou perpendicular a partes do mesmo, simplificando o integral.

  • Exemplos clássicos resolvidos com Ampère:

    1. Fio infinito: ao tomar um caminho circular concêntrico obtemos

      H=I2πraφ,H=\frac{I}{2\pi r}\,\mathbf{a}_\varphi,

      compatível com Biot–Savart.

    2. Plano infinito de corrente com densidade superficial K\mathbf{K}: campo uniforme dos dois lados com salto 12K×n\tfrac{1}{2}\mathbf{K}\times\mathbf{n}.

      • Resultado geral para plano infinito: H=12K×an\mathbf{H}=\tfrac{1}{2}\,\mathbf{K}\times\mathbf{a}_n 

    3. Linha coaxial (condutor concêntrico) e regiões internas/externas: Ampère permite obter HH por regiões dependendo da corrente incluída.

    4. Toroide: Amperiana circular dá H=NI2πrH=\dfrac{NI}{2\pi r} no interior (fora do toroide H0H\approx 0).

  • Propriedade física importante:

    • Ao contrário do campo eléctrico electrostático (onde ×E=0\nabla\times\mathbf{E}=0), o campo magnético não é conservativo em geral: ×H=J0\nabla\times\mathbf{H}=\mathbf{J}\neq 0 nas regiões com corrente.

  • Ligação a B\mathbf{B}:
    B=μ0H\mathbf{B}=\mu_0\mathbf{H} no espaço livre; portanto as expressões para H\mathbf{H} traduzem-se directamente em B\mathbf{B} multiplicando por μ0\mu_0.

  • Limitações e observações:

    • Ampère é uma ferramenta poderosa mas quando a simetria permite simplificar o integral; caso contrário recorre-se a Biot–Savart ou ao potencial vectorial.

    • Ampère mostra o papel topológico das correntes (a circulação do campo depende apenas da corrente incluída na superfície limitada).


7.4 — Aplicações da Lei de Ampère

Esta secção aplica a Lei de Ampère a distribuições de corrente com simetria, mostrando como escolher caminhos amperianos (curvas fechadas) que simplificam o cálculo da circulação de H. Principais resultados e exemplos:

  • Forma integral (recordar):

    CHdl=Ienc.\oint_{C}\mathbf{H}\cdot d\mathbf{l}=I_{\text{enc}}.

    Aplicando o Teorema de Stokes obtém-se a forma diferencial ×H=J\nabla\times\mathbf{H}=\mathbf{J}.

  • Fio infinito — simetria cilíndrica: escolhendo um caminho circular concêntrico obtemos

    Hφ=I2πr(H=Hφaφ),H_\varphi=\frac{I}{2\pi r}\quad(\mathbf{H}=H_\varphi\,\mathbf{a}_\varphi),

    onde rr é a distância radial ao eixo do fio. Resultado consistente com Biot–Savart.

  • Plano infinito de corrente com densidade superficial K\mathbf{K} ao longo de ay \mathbf{a}_y é

    H=±12K×an,\mathbf{H}=\pm\frac{1}{2}\,\mathbf{K}\times\mathbf{a}_n,

    onde an\mathbf{a}_n é o vector normal apontando do plano para o ponto considerado — o sinal depende do lado.

  • Linha coaxial infinita: considerando correntes distribuídas uniformemente nas regiões do condutor interno e externo, aplica-se Ampère por regiões radiais e obtêm-se expressões por partes para HH:

    • 0ra0\le r\le a: H=Ir2πa2H=\dfrac{I r}{2\pi a^2} (corrente distribuída no interior do condutor interno);

    • arba\le r\le b: H=I2πrH=\dfrac{I}{2\pi r} (região entre os condutores — campo como fio externo);

    • brb+tb\le r\le b+t: expressão que inclui a fração da corrente contida na parte do condutor externo atravessada pela amperiana;

    • rb+tr\ge b+t: H=0H=0 (fora do conjunto quando correntes interna e externa se anulam). Detalhes e a fórmula completa por regiões estão desenvolvidos na secção.

  • Toroide: para um toroide com NN espiras e corrente II, a amperiana circular de raio rr

    Hφ=NI2πrH_\varphi=\frac{NI}{2\pi r}

    no interior do toroide; exteriormente H0H\approx 0. Este resultado mostra por que o toroide confina o campo magnético.

  • Solenóide longo: somando as contribuições das espiras por unidade de comprimento obtém-se, no interior aproximado de um solenóide longo,

    H=nI(com n espiras por unidade de comprimento).H=nI\quad\text{(com \(n\) espiras por unidade de comprimento).}

    Fora do solenóide o campo é (em muitas aproximações) desprezável.



7.5 — Densidade de fluxo magnético
B — equação de Maxwell

Esta secção introduz a densidade de fluxo magnético B\mathbf{B}, explica a sua relação com H\mathbf{H} em espaço livre e discute propriedades geométricas do fluxo magnético.

  • Relação entre B\mathbf{B} e H\mathbf{H} (no espaço livre):

    B=μ0H,\mathbf{B}=\mu_0\mathbf{H},

    onde μ0=4π×107 H/m\mu_0=4\pi\times10^{-7}\ \mathrm{H/m} é a permeabilidade do espaço livre.

  • Fluxo magnético através de uma superfície SS:

    Ψ=SBdS(unidade: weber, Wb).\Psi=\iint_{S}\mathbf{B}\cdot d\mathbf{S}\quad(\text{unidade: weber, Wb}).

    Linhas de fluxo magnético são trajectórias tangenciais a B\mathbf{B} em cada ponto (a bússola orienta-se ao longo destas linhas).

  • Propriedade topológica importantenão existem monopólos magnéticos isolados:

    SBdS=0B=0.\oint_{S}\mathbf{B}\cdot d\mathbf{S}=0 \quad\Longrightarrow\quad \nabla\cdot\mathbf{B}=0.

    Isto significa que as linhas de B\mathbf{B} são sempre fechadas (não têm início nem fim) — contraste com linhas de D\mathbf{D} que podem emergir de cargas.

  • Conceitos de potencial magnético: a secção prepara a motivação para usar potenciais (escalar VmV_m quando J=0\mathbf{J}=0, e vectorial A\mathbf{A} em geral), relacionando B\mathbf{B} com o rotacional do potencial vetorial:

    B=×A,\mathbf{B}=\nabla\times\mathbf{A},



7.6 — Equações de Maxwell para campos estáticos

A secção reúne as quatro equações de Maxwell na forma apropriada para campos eléctricos e magnéticos estáticos (magnetostática + electrostática), tanto na forma diferencial como integral, e introduz os potenciais magnéticos.

  • As quatro equações (formas diferencial e integral, para o caso estático)

    • Gauss (electricidade):

      D=ρvSDdS=Qenc.\nabla\cdot\mathbf{D}=\rho_v \qquad\Longleftrightarrow\qquad \oint_{S}\mathbf{D}\cdot d\mathbf{S}=Q_{\text{enc}}.
    • Não-existência de monopólos magnéticos:

      B=0SBdS=0.\nabla\cdot\mathbf{B}=0 \qquad\Longleftrightarrow\qquad \oint_{S}\mathbf{B}\cdot d\mathbf{S}=0.
    • Electrostática (conservatividade de E\mathbf{E}):

      ×E=0CEdl=0.\nabla\times\mathbf{E}=0 \qquad\Longleftrightarrow\qquad \oint_{C}\mathbf{E}\cdot d\mathbf{l}=0.
    • Ampère (magnetostática, forma diferencial):

      ×H=JCHdl=SJdS.\nabla\times\mathbf{H}=\mathbf{J} \qquad\Longleftrightarrow\qquad \oint_{C}\mathbf{H}\cdot d\mathbf{l}=\int_{S}\mathbf{J}\cdot d\mathbf{S}.

    Estas expressões aparecem compiladas na Tabela 7.2 do capítulo.


Resumo 

O capítulo apresenta a magnetostática: leis que descrevem como correntes eléctricas constantes geram campos magnéticos estáticos e as ferramentas para os calcular. 

  • Biot–Savart (forma diferencial e integral) — campo devido a um elemento de corrente:

    dH=Idl×R4πR3,H=14πIdl×RR3.d\mathbf{H}=\frac{I\,d\mathbf{l}\times\mathbf{R}}{4\pi R^{3}},\qquad \mathbf{H}=\frac{1}{4\pi}\int\frac{I\,d\mathbf{l}\times\mathbf{R}}{R^{3}}.

    Aplicável a correntes lineares, superficiais e volumétricas.

  • Lei de Ampère (integral) — circulação do campo magnético:

    CHdl=Ienc,\oint_C\mathbf{H}\cdot d\mathbf{l}=I_{\text{enc}},

    com a forma diferencial ×H=J\nabla\times\mathbf{H}=\mathbf{J}. Útil quando existe simetria (fios infinitos, folhas infinitas, solenóides, toroides, condutores concêntricos).

  • Relação B\mathbf{B}H\mathbf{H}:

    B=μ0H(no espaç¸o livre),B=0\mathbf{B}=\mu_0\mathbf{H}\quad(\text{no espaço livre}),\qquad \nabla\cdot\mathbf{B}=0


  • Potenciais magnéticos:

    • Potencial escalar VmV_m — válido apenas em regiões sem corrente (J=0\mathbf{J}=0) com H=Vm\mathbf{H}=-\nabla V_m e 2Vm=0\nabla^2 V_m=0.

    • Potencial vectorial A\mathbf{A} — geral, B=×A\mathbf{B}=\nabla\times\mathbf{A}; (p.ex. Coulomb: A=0\nabla\cdot\mathbf{A}=0) conduz a 2A=μ0J\nabla^2\mathbf{A}=-\mu_0\mathbf{J}.

Resultados práticos destacados (fórmulas de referência)

  • Fio retilíneo infinito:

    Hφ=I2πr.H_\varphi=\frac{I}{2\pi r}.
  • Espira circular (eixo): expressão para a componente axial (obtida por integração de Biot–Savart).

  • Solenóide longo (interior):

    H=nIB=μ0nI.H=nI \quad\Rightarrow\quad B=\mu_0 n I.
  • Toroide:

    H=NI2πr(no interior do toroide).H=\frac{NI}{2\pi r}\quad\text{(no interior do toroide)}.
  • Plano de corrente infinita:

    H=±12K×n(campo dos dois lados).\mathbf{H}=\pm\frac{1}{2}\mathbf{K}\times\mathbf{n}\quad(\text{saltos de campo dos dois lados}).

Estas fórmulas são as ferramentas de referência para problemas práticos em magnetostática.

Observações finais e ligação a regimes não-estáticos

  • Para problemas sem simetria usa-se Biot–Savart ou a formulação por potenciais (especialmente A\mathbf{A}).

  • As equações de divergência (D=ρ\nabla\cdot\mathbf{D}=\rho, B=0\nabla\cdot\mathbf{B}=0) mantêm-se para campos dependentes do tempo; as equações de rotacional são modificadas quando aparecem termos temporais (p.ex. deslocamento eléctrico) — isso é tratado mais adiante em capítulos sobre campos dependentes do tempo.



Capítulo 7 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed


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terça-feira, 2 de setembro de 2025

Resumo extraído do Capítulo 6 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed

Capítulo 6 - Fronteira eletroestática


6.1 Introdução

Esta secção introduz a importância das equações diferenciais parciais (EDPs) no estudo do eletromagnetismo. Grande parte dos problemas em eletrostática, magnetostática e eletrodinâmica reduz-se à resolução de EDPs que descrevem os potenciais associados a campos elétricos e magnéticos. Destacam-se duas equações fundamentais: a equação de Poisson e a equação de Laplace, que surgem naturalmente a partir da lei de Gauss e da definição de potencial escalar elétrico. O autor sublinha que a resolução destas equações, com condições de fronteira adequadas, permite determinar os potenciais e, consequentemente, os campos em várias situações físicas. Também é destacado o papel do Teorema da Unicidade, que garante que a solução encontrada para um problema bem definido é a única possível, dando confiança na aplicação prática destas técnicas matemáticas.


6.2 Equações de Poisson e de Laplace

Nesta parte, derivam-se formalmente as equações de Poisson e de Laplace.

  • Partindo da lei de Gauss em forma diferencial, D=ρv\nabla \cdot \mathbf{D} = \rho_v, e sabendo que E=V\mathbf{E} = -\nabla V e D=ϵE\mathbf{D} = \epsilon \mathbf{E}, obtém-se:

    2V=ρvϵ\nabla^2 V = -\frac{\rho_v}{\epsilon}

    que corresponde à equação de Poisson.

  • Quando não existe carga livre (ρv=0\rho_v = 0), a equação reduz-se a:

    2V=0\nabla^2 V = 0

    que é a equação de Laplace.

A secção enfatiza que estas equações são fundamentais porque descrevem como o potencial elétrico se comporta em regiões com ou sem carga. Apresentam-se ainda exemplos práticos de aplicação: em condutores, em dielétricos e em configurações com simetrias geométricas. É salientado que a equação de Laplace é especialmente importante, pois muitos problemas reais podem ser resolvidos considerando regiões sem carga.


6.3 Teorema da Unicidade

Esta secção aborda o princípio da unicidade das soluções. O Teorema da Unicidade estabelece que, se o potencial satisfaz a equação de Laplace ou de Poisson numa região, e se são impostas condições de fronteira bem definidas (condições de Dirichlet ou de Neumann), então a solução obtida é única.
Este resultado é importante porque significa que, uma vez encontrada uma solução que respeite tanto a equação diferencial como as condições de fronteira, não existe necessidade de procurar outras soluções alternativas. O teorema dá consistência às técnicas matemáticas usadas (como separação de variáveis, expansão em séries, ou métodos numéricos) e valida a aplicação prática das equações diferenciais no cálculo de potenciais eletrostáticos.


6.4 Procedimentos gerais para resolver a equação de Poisson ou de Laplace

Esta secção descreve os passos sistemáticos para resolver problemas de valor de fronteira que envolvem as equações de Poisson e de Laplace.
O processo segue, em geral, quatro etapas:

  1. Resolver a equação diferencial:

    • Se ρv=0\rho_v = 0, aplica-se a equação de Laplace.

    • Se ρv0\rho_v \neq 0, aplica-se a equação de Poisson.

    • Utiliza-se integração direta quando o potencial depende de uma única variável, ou o método de separação de variáveis quando depende de várias. Nesta fase, a solução é obtida de forma geral, com constantes de integração por determinar.

  2. Aplicar as condições de fronteira:

    • As condições de contorno (potenciais conhecidos, continuidade de campos, etc.) permitem determinar os valores das constantes de integração, obtendo uma solução única.

  3. Determinar os campos e correntes:

    • Uma vez encontrado o potencial VV, calculam-se o campo elétrico E=V\mathbf{E} = -\nabla V, o deslocamento elétrico D=ϵE\mathbf{D} = \epsilon \mathbf{E}, e a densidade de corrente J=σE\mathbf{J} = \sigma \mathbf{E}.

  4. Determinar carga, capacitância ou resistência, se necessário:

    • A carga induzida QQ pode ser obtida a partir de DnD_n (componente normal de D\mathbf{D}).

    • A capacitância CC resulta de C=Q/VC = Q/V.

    • A resistência RR obtém-se de R=V/IR = V/I.

A secção apresenta exemplos práticos, incluindo o funcionamento de bombas eletro-hidrodinâmicas e aplicações em fotocopiadoras (xerografia), bem como problemas clássicos com placas condutoras e cones. Estes exemplos ilustram como os métodos de solução podem ser aplicados em geometrias diferentes, reforçando a utilidade do método de separação de variáveis.


6.5 Resistência e Capacitância

Aqui são tratados os conceitos de resistência e capacitância como problemas de valor de fronteira.

  • Resistência:

    • Para condutores de secção uniforme já tinha sido deduzida (Cap. 5).

    • Para condutores de secção não uniforme, usa-se a equação geral:

      R=VI=LEdlSσEdSR = \frac{V}{I} = \frac{\int_L \mathbf{E} \cdot d\mathbf{l}}{\int_S \sigma \mathbf{E} \cdot d\mathbf{S}}
    • O cálculo envolve escolher um sistema de coordenadas adequado, resolver a equação de Laplace para obter VV, calcular E\mathbf{E} e depois determinar a corrente II.

  • Capacitância:

    • Definida como a razão entre a carga e a diferença de potencial:

      C=QVC = \frac{Q}{V}
    • Calcula-se considerando duas placas condutoras com cargas iguais e opostas, aplicando a lei de Gauss para encontrar o campo elétrico e depois integrando para obter o potencial.

    • São estudadas três configurações fundamentais:

      • Condensador de placas paralelas: C=ϵSdC = \frac{\epsilon S}{d}.

      • Condensador coaxial: C=2πϵLln(b/a)C = \frac{2\pi \epsilon L}{\ln(b/a)}.

      • Condensador esférico: C=4πϵ(1/a1/b)C = \frac{4\pi \epsilon}{(1/a - 1/b)}.

  • Relação entre R e C:

    • Mostra-se que o produto RC=ϵ/σRC = \epsilon/\sigma, chamado tempo de relaxação do dielétrico.

    • Exemplos são apresentados para condensadores reais, mostrando que a resistência considerada é a resistência de fuga no dielétrico e não a dos condutores.


6.6 Método das Imagens

Esta secção introduz o método das cargas-imagem, uma técnica matemática que simplifica a resolução de problemas de eletrostática com condutores.

  • Ideia principal: substituir as condições de fronteira impostas por condutores por cargas fictícias (“imagens”) colocadas em posições convenientes, de forma a reproduzir a mesma distribuição de campo e potencial que no problema original.

  • Exemplo clássico:

    • Uma carga pontual próxima de um plano condutor infinito aterrado.

    • O campo elétrico que resulta da carga real e da sua carga imagem (de sinal oposto, simetricamente colocada em relação ao plano) satisfaz as condições de fronteira no condutor.

  • Importância:

    • O método permite calcular campos, potenciais e forças de forma direta, evitando a resolução explícita da equação de Laplace com condições de contorno complexas.

    • É aplicado em problemas com planos condutores, esferas condutoras e outras geometrias com simetrias adequadas.

  • Limitações:

    • Só funciona em casos com alta simetria.

    • Nem sempre é possível encontrar uma configuração de cargas imagens simples que satisfaça as condições de fronteira.

O método das imagens é particularmente útil para estudar interações carga-condutor, forças induzidas e cálculo de capacitâncias em sistemas simples.


6.7 Resistência e Capacitância com Potenciais Específicos

Nesta secção, o autor mostra como resolver problemas de resistência e capacitância quando o potencial aplicado não é constante em toda a fronteira, mas segue uma função específica (por exemplo, sinusoidal).

  • O procedimento mantém-se: resolver a equação de Laplace, aplicar as condições de fronteira e determinar a solução particular.

  • Aplica-se a separação de variáveis, mas agora os coeficientes são obtidos por séries de Fourier, já que o potencial imposto pode variar ao longo de uma superfície.

  • Exemplo: num canal retangular, em vez de impor V=V0V = V_0 numa das paredes, impõe-se V(x)=V0sin(3πxb)V(x) = V_0 \sin(\frac{3\pi x}{b}). Isso leva a soluções específicas para os coeficientes cnc_n, e apenas alguns termos da série sobrevivem.

  • Conclusão: mesmo para condições de contorno não uniformes, a técnica de separação de variáveis continua válida, mas exige análise mais detalhada das funções impostas.


6.8 Método de Separação de Variáveis em Coordenadas Cilíndricas e Esféricas

Aqui generaliza-se o método da separação de variáveis para coordenadas não cartesianas:

  • Cilíndricas (r,φ,zr, \varphi, z): parte-se da equação de Laplace nesta forma e procura-se uma solução do tipo V(r,φ,z)=R(r)Φ(φ)Z(z)V(r,\varphi,z) = R(r)\Phi(\varphi)Z(z). A equação divide-se em três equações diferenciais ordinárias:

    • Para Z(z)Z(z), uma equação exponencial ou hiperbólica.

    • Para Φ(φ)\Phi(\varphi), uma equação trigonométrica (seno/cosseno).

    • Para R(r)R(r), surge a equação de Bessel, cuja solução completa requer funções especiais (funções de Bessel).

  • Esféricas (r,θ,φr, \theta, \varphi): um processo análogo conduz à equação associada de Legendre.

  • Estas soluções são usadas em problemas mais avançados, como a distribuição de potencial em cilindros coaxiais ou esferas com simetria parcial.

Nota: o livro não aprofunda as soluções completas (remete para referências), mas sublinha a importância destas equações diferenciais especiais em eletromagnetismo.


6.9 Aplicações a Configurações Concretas

A secção aplica os métodos anteriores a exemplos específicos, calculando resistência e capacitância em geometrias particulares:

  • Condutores planos e não uniformes: resistência obtida resolvendo Laplace.

  • Condensadores coaxiais, esféricos e paralelos: recapitulam-se as fórmulas clássicas já obtidas.

  • Exemplos numéricos mostram como calcular valores concretos de RR e CC, incluindo casos de barras metálicas curvas e outras formas não triviais.

  • Introduz-se também a noção de resistência de fuga nos dielétricos, reforçando que a resistência associada às expressões anteriores não é a dos condutores, mas sim a do meio dielétrico que os separa.


Resumo

O resumo final destaca os pontos centrais do capítulo:

  1. Problemas de valor de fronteira:

    • Surgem quando se conhecem condições de carga e/ou potencial apenas em superfícies, e pretende-se determinar VV e E\mathbf{E} em toda a região.

  2. Equações fundamentais:

    • Poisson (2V=ρv/ϵ\nabla^2 V = -\rho_v/\epsilon): válida em regiões com carga.

    • Laplace (2V=0\nabla^2 V = 0): válida em regiões sem carga.

  3. Teorema da Unicidade:

    • Garante que, se uma solução satisfaz a equação diferencial e as condições de fronteira, então essa solução é única.

  4. Procedimento de resolução:

    • Resolver a equação diferencial.

    • Impor condições de fronteira.

    • Determinar campos, correntes, cargas e eventualmente resistência ou capacitância.

  5. Resistência e Capacitância:

    • Podem ser deduzidas a partir da equação de Laplace e das condições impostas.

    • Geometrias comuns: placas paralelas, coaxiais, esferas.

    • O produto RC=ϵ/σRC = \epsilon/\sigma define o tempo de relaxação do meio.

  6. Método das Imagens:

    • Simplifica problemas com condutores, substituindo-os por cargas fictícias em posições adequadas.

  7. Método da Separação de Variáveis:

    • Permite resolver a equação de Laplace em diferentes sistemas de coordenadas, levando a equações diferenciais clássicas (Bessel, Legendre).

O capítulo conclui que o estudo de problemas de valor de fronteira em eletrostática não só permite compreender melhor os campos e potenciais, como fornece as bases matemáticas para aplicações práticas em engenharia eletrotécnica e eletrónica (condensadores, isolamentos, dispositivos de alta tensão, etc.).


Capítulo 6 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed


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segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Resumo extraído do Capítulo 3 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed

Capítulo 3 - Cálculo Vectorial


3.1 Introdução

Esta secção introduz o conceito de cálculo vetorial, isto é, a diferenciação e a integração de vetores.
Nos capítulos anteriores, o autor abordou operações básicas com vetores (adição, subtração, multiplicação) e a sua aplicação em diferentes sistemas de coordenadas. Agora, o objetivo é desenvolver as ferramentas matemáticas que servirão de base para expressar conceitos fundamentais em eletromagnetismo e noutras áreas da matemática.
O autor alerta que, à primeira vista, alguns estudantes podem não perceber a utilidade prática destes conceitos, mas recomenda que se concentrem primeiro na aprendizagem das técnicas, pois as aplicações surgirão em capítulos seguintes.


3.2 Comprimento, Área e Volume Diferenciais

Esta secção apresenta os elementos diferenciais (de comprimento, área e volume) em três sistemas de coordenadas fundamentais: cartesiano, cilíndrico e esférico.

  • No sistema cartesiano:

    • O deslocamento diferencial é dl=dxax+dyay+dzazdl = dx\,a_x + dy\,a_y + dz\,a_z.

    • As áreas diferenciais (normais às superfícies) são combinações de dois diferenciais, como dS=dydzaxdS = dy\,dz\,a_x, etc.

    • O volume diferencial é dv=dxdydzdv = dx\,dy\,dz.

  • No sistema cilíndrico:

    • O deslocamento diferencial é dl=drar+rdϕaϕ+dzazdl = dr\,a_r + r\,d\phi\,a_\phi + dz\,a_z.

    • As áreas diferenciais incluem termos como dS=rdϕdzardS = r\,d\phi\,dz\,a_r.

    • O volume diferencial é dv=rdrdϕdzdv = r\,dr\,d\phi\,dz.

  • No sistema esférico:

    • O deslocamento diferencial é dl=drar+rdθaθ+rsinθdϕaϕdl = dr\,a_r + r\,d\theta\,a_\theta + r\sin\theta\,d\phi\,a_\phi.

    • As áreas diferenciais incluem expressões como dS=r2sinθdθdϕardS = r^2 \sin\theta\,d\theta\,d\phi\,a_r.

    • O volume diferencial é dv=r2sinθdrdθdϕdv = r^2 \sin\theta\,dr\,d\theta\,d\phi.

O autor enfatiza que basta memorizar o deslocamento diferencial dldl, porque a partir dele se obtêm facilmente os elementos de área e de volume. A secção inclui exemplos práticos de cálculo de comprimentos, áreas e volumes utilizando estes diferenciais.


3.3 Integrais de Linha, de Superfície e de Volume

Aqui o autor estende o conceito de integral para situações em que o integrando é um vetor.

  • Integral de linha:
    Define-se como LAdl\int_L \mathbf{A}\cdot dl, ou seja, a soma do componente tangencial de um campo vetorial ao longo de um percurso. Um exemplo físico é o trabalho realizado por uma força ao mover uma partícula ao longo de uma trajetória. Se o caminho for fechado, fala-se em circulação do campo.

  • Integral de superfície (fluxo):
    Representa a quantidade de campo que atravessa uma superfície. É dado por SAdS\int_S \mathbf{A}\cdot dS, sendo dSdS um vetor normal à superfície. Para superfícies fechadas, calcula-se o fluxo líquido que sai de um volume.

  • Integral de volume:
    Para uma grandeza escalar distribuída num volume, o integral é Vρvdv\int_V \rho_v dv, representando, por exemplo, a massa total se ρv\rho_v fosse densidade de massa.

Cada integral tem interpretação física diferente consoante o tipo de grandeza considerada (força, fluxo, densidade, etc.).


3.4 Operador Delta

  • O operador delta (∇), também chamado operador diferencial vetorial ou operador gradiente, é uma ferramenta central do cálculo vetorial.

  • Em coordenadas cartesianas, é definido como:

=xax+yay+zaz\nabla = \frac{\partial}{\partial x} \,a_x + \frac{\partial}{\partial y} \,a_y + \frac{\partial}{\partial z} \,a_z

  • Apesar de ter a forma de um vetor, ∇ não é um vetor em si, mas um operador que, aplicado a diferentes funções, gera novos campos:

    1. Gradiente de um escalar VV: V\nabla V → resulta num vetor.

    2. Divergência de um vetor AA: A\nabla \cdot A → resulta num escalar.

    3. Rotacional de um vetor AA: ×A\nabla \times A → resulta num vetor.

    4. Laplaciano de um escalar VV: 2V\nabla^2 V → resulta num escalar.

  • O operador ∇ também pode ser expresso em coordenadas cilíndricas e esféricas, com expressões específicas que dependem das transformações entre sistemas de coordenadas.

  • É uma ferramenta unificada que simplifica o tratamento matemático de campos em eletromagnetismo.


3.5 Gradiente de um Escalar

  • O gradiente de um campo escalar V(x,y,z)V(x,y,z) é um vetor que aponta na direção de maior variação de VV e cujo módulo indica a taxa máxima de variação por unidade de comprimento.

  • A definição matemática é:

V=Vxax+Vyay+Vzaz\nabla V = \frac{\partial V}{\partial x}\,a_x + \frac{\partial V}{\partial y}\,a_y + \frac{\partial V}{\partial z}\,a_z

  • Propriedades importantes:

    1. O módulo de V\nabla V indica a taxa máxima de variação de VV.

    2. A direção de V\nabla V é a da variação mais rápida.

    3. V\nabla V é sempre perpendicular às superfícies de nível constante de VV.

    4. A derivada de VV ao longo de uma direção a\mathbf{a} é dada por Va\nabla V \cdot \mathbf{a}.

    5. Se um campo vetorial AA for derivado de um escalar por A=VA = \nabla V, então VV é chamado de potencial escalar de AA.

  • O gradiente pode ser expresso também em coordenadas cilíndricas e esféricas, com fórmulas adaptadas.

  • Exemplos práticos mostram como calcular o gradiente em diferentes sistemas e como aplicá-lo para obter direções de variação máxima de grandezas físicas (como temperatura, potencial elétrico, etc.).


3.6 Divergência de um Vetor e Teorema da Divergência

  • A divergência mede o grau em que um campo vetorial “sai” de um ponto (como uma fonte) ou “entra” num ponto (como um sumidouro).

  • Definição matemática:

div A = ∇A=limΔv0SAdSΔv\nabla \cdot A = \lim_{\Delta v \to 0} \frac{\oint_S A \cdot dS}{\Delta v}

  • Em coordenadas cartesianas:

div A = ∇A=Axx+Ayy+Azz\nabla \cdot A = \frac{\partial A_x}{\partial x} + \frac{\partial A_y}{\partial y} + \frac{\partial A_z}{\partial z}

  • Interpretação física:

    • Divergência positiva → o campo espalha-se (fonte).

    • Divergência negativa → o campo converge (sumidouro).

    • Divergência nula → fluxo equilibrado (sem fonte nem sumidouro).

  • Em coordenadas cilíndricas e esféricas, a divergência assume formas adaptadas ao sistema.

  • Teorema da Divergência (ou de Gauss-Ostrogradsky):

SAdS=V(A)dv\oint_S A \cdot dS = \int_V (\nabla \cdot A)\,dv

  • Ou seja, o fluxo total que atravessa a superfície fechada SS é igual ao integral da divergência de AA no volume VV por ela delimitado.

  • Este teorema é de enorme importância prática, porque muitas vezes é mais simples calcular o integral de volume do que o integral de superfície.


3.7 Rotacional de um Vetor e Teorema de Stokes

  • O rotacional de um campo vetorial A\mathbf{A} mede a tendência de rotação ou de circulação desse campo em torno de um ponto.

  • Definição matemática:

rotA=×A\text{rot}\,\mathbf{A} = \nabla \times \mathbf{A}

  • Interpretação física:

    • O módulo do rotacional dá a circulação máxima por unidade de área de A\mathbf{A}.

    • A direção do rotacional é normal à área considerada e é determinada pela regra da mão direita.

    • Assim, o rotacional indica como e em que direção um campo “gira” em torno de um ponto.

  • Em coordenadas cartesianas:

×A=axayazxyzAxAyAz\nabla \times \mathbf{A} = \begin{vmatrix} a_x & a_y & a_z \\ \frac{\partial}{\partial x} & \frac{\partial}{\partial y} & \frac{\partial}{\partial z} \\ A_x & A_y & A_z \end{vmatrix}

  • Em coordenadas cilíndricas e esféricas, as expressões são mais complexas, mas obtidas a partir de transformações vetoriais.

  • Propriedades principais do rotacional:

    1. O rotacional de um vetor é sempre um vetor.

    2. ×(A+B)=×A+×B\nabla \times (A + B) = \nabla \times A + \nabla \times B.

    3. ×(VA)=V(×A)+(V)×A\nabla \times (VA) = V (\nabla \times A) + (\nabla V) \times A.

    4. O divergente do rotacional é sempre nulo: (×A)=0\nabla \cdot (\nabla \times A) = 0.

    5. O rotacional do gradiente de um escalar também é sempre nulo: ×(V)=0\nabla \times (\nabla V) = 0.

  • Teorema de Stokes:

LAdl=S(×A)dS\oint_L \mathbf{A} \cdot dl = \iint_S (\nabla \times \mathbf{A}) \cdot dS

  • Relaciona a circulação de um campo ao longo de uma curva fechada LL com o integral de superfície do rotacional sobre a superfície SS delimitada por LL.

  • Tal como o teorema da divergência, este é um resultado fundamental, pois muitas vezes é mais fácil calcular o integral de superfície do que o de linha (ou vice-versa).

  • Aplicações práticas: muito usado em eletromagnetismo (ex.: equações de Maxwell), dinâmica de fluidos e teoria de campos em geral.


3.8 Laplaciano de um Escalar

  • O Laplaciano é um operador escalar definido como a divergência do gradiente de um escalar:

2V=(V)\nabla^2 V = \nabla \cdot (\nabla V)

  • Em coordenadas cartesianas:

2V=2Vx2+2Vy2+2Vz2\nabla^2 V = \frac{\partial^2 V}{\partial x^2} + \frac{\partial^2 V}{\partial y^2} + \frac{\partial^2 V}{\partial z^2}

  • Em coordenadas cilíndricas:

2V=1rr(rVr)+1r22Vϕ2+2Vz2\nabla^2 V = \frac{1}{r}\frac{\partial}{\partial r}\left(r \frac{\partial V}{\partial r}\right) + \frac{1}{r^2}\frac{\partial^2 V}{\partial \phi^2} + \frac{\partial^2 V}{\partial z^2}

  • Em coordenadas esféricas:

2V=1r2r(r2Vr)+1r2sinθθ(sinθVθ)+1r2sin2θ2Vϕ2\nabla^2 V = \frac{1}{r^2}\frac{\partial}{\partial r}\left(r^2 \frac{\partial V}{\partial r}\right) + \frac{1}{r^2 \sin \theta}\frac{\partial}{\partial \theta}\left(\sin \theta \frac{\partial V}{\partial \theta}\right) + \frac{1}{r^2 \sin^2 \theta}\frac{\partial^2 V}{\partial \phi^2}

  • Propriedades e aplicações:

    • O Laplaciano de um escalar é sempre outro escalar.

    • Um campo escalar VV é dito harmónico se satisfaz 2V=0\nabla^2 V = 0. Esta equação é conhecida como Equação de Laplace e aparece frequentemente em eletrostática, condução de calor e dinâmica de fluidos.

    • Soluções da equação de Laplace são geralmente combinações de funções seno e cosseno (ou harmónicas).

  • Laplaciano de um vetor:

    • Também se pode definir 2A\nabla^2 A, mas neste caso:

2A=(A)×(×A)\nabla^2 A = \nabla (\nabla \cdot A) - \nabla \times (\nabla \times A)

  • Em coordenadas cartesianas, o Laplaciano de um vetor é simplesmente o Laplaciano de cada componente aplicado separadamente:

2A=(2Ax)ax+(2Ay)ay+(2Az)az\nabla^2 A = (\nabla^2 A_x)\,a_x + (\nabla^2 A_y)\,a_y + (\nabla^2 A_z)\,a_z


Resumo

  1. O cálculo vetorial lida com diferenciação e integração de vetores.

  2. O comprimento diferencial em coordenadas cartesianas é dl=dxax+dyay+dzazdl = dx\,a_x + dy\,a_y + dz\,a_z. Em coordenadas cilíndricas é dl=drar+rdϕaϕ+dzazdl = dr\,a_r + r\,d\phi\,a_\phi + dz\,a_z. Em coordenadas esféricas é dl=drar+rdθaθ+rsinθdϕaϕdl = dr\,a_r + r\,d\theta\,a_\theta + r\sin\theta\,d\phi\,a_\phi.

  3. A área diferencial em coordenadas cartesianas pode ser expressa como: dS=dydzaxdS = dy\,dz\,a_x, dS=dxdzaydS = dx\,dz\,a_y, ou dS=dxdyazdS = dx\,dy\,a_z. Em coordenadas cilíndricas: dS=rdϕdzardS = r\,d\phi\,dz\,a_r, dS=drdzaϕdS = dr\,dz\,a_\phi, ou dS=rdrdϕazdS = r\,dr\,d\phi\,a_z. Em coordenadas esféricas: dS=r2sinθdθdϕardS = r^2\sin\theta\,d\theta\,d\phi\,a_r, dS=rsinθdrdϕaθdS = r\sin\theta\,dr\,d\phi\,a_\theta, ou dS=rdrdθaϕdS = r\,dr\,d\theta\,a_\phi.

  4. O volume diferencial em coordenadas cartesianas é dv=dxdydzdv = dx\,dy\,dz. Em coordenadas cilíndricas é dv=rdrdϕdzdv = r\,dr\,d\phi\,dz. Em coordenadas esféricas é dv=r2sinθdrdθdϕdv = r^2\sin\theta\,dr\,d\theta\,d\phi.

  5. O integral de linha de um vetor ao longo de um caminho LL é definido como:

    LAdl\int_L \mathbf{A}\cdot dl
  6. O integral de superfície (ou fluxo) de um vetor através de uma superfície SS é definido como:

    SAdS\int_S \mathbf{A}\cdot dS
  7. O integral de volume de um escalar é definido como:

    Vρvdv\int_V \rho_v\,dv
  8. O operador diferencial vetorial (delta) é definido como:

    =xax+yay+zaz\nabla = \frac{\partial}{\partial x}\,a_x + \frac{\partial}{\partial y}\,a_y + \frac{\partial}{\partial z}\,a_z
  9. O gradiente de um escalar VV é dado por:

    V=Vxax+Vyay+Vzaz\nabla V = \frac{\partial V}{\partial x}\,a_x + \frac{\partial V}{\partial y}\,a_y + \frac{\partial V}{\partial z}\,a_z

    O gradiente é perpendicular à superfície de nível de VV.

  10. A divergência de um vetor AA é dada por:

A=Axx+Ayy+Azz\nabla \cdot A = \frac{\partial A_x}{\partial x} + \frac{\partial A_y}{\partial y} + \frac{\partial A_z}{\partial z}

O Teorema da Divergência afirma que:

SAdS=V(A)dv\oint_S A \cdot dS = \int_V (\nabla \cdot A)\,dv

  1. O rotacional de um vetor AA é dado por:

×A=axayazxyzAxAyAz\nabla \times A = \begin{vmatrix} a_x & a_y & a_z \\ \frac{\partial}{\partial x} & \frac{\partial}{\partial y} & \frac{\partial}{\partial z} \\ A_x & A_y & A_z \end{vmatrix}

O Teorema de Stokes afirma que:

LAdl=S(×A)dS\oint_L A \cdot dl = \int_S (\nabla \times A)\cdot dS

  1. O Laplaciano de um escalar VV é dado por:

2V=2Vx2+2Vy2+2Vz2\nabla^2 V = \frac{\partial^2 V}{\partial x^2} + \frac{\partial^2 V}{\partial y^2} + \frac{\partial^2 V}{\partial z^2}

  1. O Laplaciano de um vetor AA é definido como:

2A=(A)×(×A)\nabla^2 A = \nabla (\nabla \cdot A) - \nabla \times (\nabla \times A)


Capítulo 3 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed



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