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segunda-feira, 27 de outubro de 2025
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sexta-feira, 19 de setembro de 2025
Resumo extraído do Capítulo 1 do livro: Structured Computer Organization - Andrew S. Tanenbaum - 6th
Capítulo 1 - Introdução
1.1 Organização Estruturada de Computadores
Esta secção apresenta a ideia central do livro: existe um grande desfasamento entre aquilo que é conveniente para as pessoas e o que é conveniente para as máquinas. Os computadores executam instruções muito simples, enquanto os humanos necessitam de formas mais abstratas e expressivas de programação. Para colmatar esta diferença, surgem níveis de abstração (ou máquinas virtuais), cada um construído sobre o anterior.
1.1.1 Linguagens, Níveis e Máquinas Virtuais
- 
A máquina real só executa a sua linguagem de máquina (L0).
 - 
Criam-se linguagens mais convenientes (L1, L2, … Ln), que podem ser:
- 
Traduzidas para L0 (através de compiladores).
 - 
Interpretadas por um programa escrito em L0.
 
 - 
 - 
Esta hierarquia pode ser vista como uma pilha de máquinas virtuais:
- 
M0 → hardware real (L0).
 - 
M1, M2, … Mn → máquinas virtuais (L1, L2, … Ln).
 
 - 
 - 
Cada nível acrescenta abstrações mais próximas do utilizador, escondendo detalhes das camadas inferiores.
 
1.1.2 Máquinas Multinível Contemporâneas
- 
Os computadores modernos implementam vários níveis, geralmente até seis:
- 
Nível lógico digital – portas, registos e circuitos.
 - 
Microarquitetura – registos, ALU, datapath; pode ser controlada por microprogramação ou hardware.
 - 
ISA (Instruction Set Architecture) – instruções que os programadores veem (manual de linguagem de máquina).
 - 
Nível do sistema operativo – acrescenta multitarefa, gestão de memória e chamadas de sistema.
 - 
Linguagem assembly – forma simbólica de programação, traduzida por assemblers.
 - 
Linguagens de alto nível – como C, C++, Java, Python; traduzidas (compiladores) ou interpretadas.
 
 - 
 - 
A distinção entre arquitetura (o que é visível para o programador) e implementação (como é realizado em hardware) é destacada.
 
1.1.3 Evolução das Máquinas Multinível
- 
Anos 1940: dois níveis – lógica digital e ISA. O hardware executava diretamente o conjunto de instruções.
 - 
1951 – Microprogramação (Wilkes): introdução de um nível intermédio que simplificava o hardware e aumentava a fiabilidade.
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Década de 1960: introdução dos sistemas operativos, que passaram a oferecer chamadas de sistema e novos níveis de abstração.
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Décadas de 1960-70: explosão de instruções adicionadas via microcódigo (ex.: multiplicação, vírgula flutuante, manipulação de strings).
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Década de 1980 em diante: tendência para simplificação com arquiteturas RISC, eliminando parte da microprogramação.
 - 
O limite entre hardware e software tornou-se fluido: o que hoje é software pode ser amanhã hardware, e vice-versa.
 
1.2 Marcos na Arquitetura de Computadores
Esta secção apresenta a evolução histórica dos computadores digitais, desde os primeiros dispositivos mecânicos até aos modernos processadores.
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Geração zero (1642–1945) – computadores mecânicos (Pascal, Leibniz, Babbage, Zuse, Atanasoff, Stibbitz, Aiken).
 - 
1.ª geração (1945–1955) – válvulas, como o ENIAC e IAS (Von Neumann). Surge a arquitetura de programa armazenado.
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2.ª geração (1955–1965) – transístores, máquinas como o PDP-1, PDP-8, IBM 7094 e CDC 6600. Aparece a ideia de minicomputadores.
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3.ª geração (1965–1980) – circuitos integrados; IBM System/360 introduz famílias de computadores compatíveis; DEC PDP-11 domina os minicomputadores.
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4.ª geração (1980–…) – VLSI (Very Large Scale Integration), computadores pessoais, RISC, processadores superscalar, FPGAs, paralelismo.
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5.ª geração (anos 1990–atualidade) – computadores móveis, portáteis e embebidos, foco em baixo consumo de energia e ubiquidade.
 
1.3 Exemplos de Computadores
Aqui são apresentados exemplos concretos para ilustrar os conceitos teóricos:
- 
IBM 360 – família de computadores compatíveis, marco na padronização da arquitetura.
 - 
Intel 8080 – primeiro microprocessador de uso geral, precursor da linha x86.
 - 
VAX (DEC) – superminicomputador de 32 bits, muito influente nos anos 1980.
 - 
SPARC (Sun Microsystems) – arquitetura RISC, exemplo da viragem para conjuntos de instruções mais simples.
 - 
Intel Pentium – processador superscalar, base dos PCs modernos.
 
O objetivo desta secção é mostrar como os conceitos de máquinas multinível se materializam em sistemas reais, cada um representando um avanço técnico e comercial na história da computação.
1.4 Famílias de Computadores de Exemplo
O autor apresenta três arquiteturas de conjunto de instruções (ISAs) que servirão como exemplos ao longo do livro: x86, ARM e AVR.
- 
x86: Presente na maioria dos computadores pessoais (Windows, Linux e até Macs) e em servidores. É relevante porque os leitores usam PCs diariamente e porque os servidores suportam grande parte da Internet.
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ARM: Domina o mercado móvel. É usado em smartphones, tablets e muitos outros dispositivos de baixo consumo energético.
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AVR: Microcontroladores de baixo custo, comuns em sistemas embebidos. Estão presentes em eletrodomésticos, automóveis, televisores, etc., tornando-se invisíveis para o utilizador final mas essenciais no funcionamento de inúmeros aparelhos.
 
A secção mostra que, apesar das diferenças de propósito e complexidade, todas estas arquiteturas partilham conceitos fundamentais de organização computacional.
1.5 Estrutura do Livro
Esta secção explica a organização dos capítulos e como o conteúdo será desenvolvido.
- 
O livro trata principalmente de computadores multinível e da sua organização.
 - 
O foco está em quatro níveis principais:
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Nível da lógica digital – portas, registos e circuitos básicos.
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Nível da microarquitetura – registos, ALU, datapath, interpretadores de instruções.
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Nível da ISA (Instruction Set Architecture) – conjunto de instruções visível ao programador.
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Nível da máquina do sistema operativo – chamadas de sistema, multitarefa, gestão de recursos.
 
 - 
 - 
A abordagem é bottom-up: começa-se pelos níveis inferiores, mais simples, e sobe-se para os superiores.
 - 
Os capítulos subsequentes apresentam exemplos concretos retirados das três arquiteturas de referência (x86, ARM e AVR).
 
Esta estrutura facilita a compreensão, já que cada nível depende das características do anterior e porque o ensino gradual reduz a complexidade.
1.6 Esquema do Livro
O objetivo é esclarecer o que será estudado e com que perspetiva.
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O livro foca-se em conceitos fundamentais, e não em detalhes técnicos ou fórmulas matemáticas pesadas.
 - 
Serão analisados aspetos como:
- 
Estrutura geral de cada nível.
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Tipos de dados e instruções disponíveis.
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Organização e endereçamento da memória.
 - 
Métodos de implementação de cada nível.
 
 - 
 - 
O autor realça que cada arquitetura resulta de compromissos e decisões arbitrárias. Não existe um “design perfeito”; cada escolha depende de contexto histórico, económico e tecnológico.
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As arquiteturas x86, ARM e AVR são usadas como exemplos comparativos, permitindo perceber alternativas e diferentes caminhos de projeto.
 - 
O leitor é incentivado a adotar uma visão crítica, questionando porque é que certas soluções foram escolhidas e como poderiam ter sido feitas de forma diferente.
 
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domingo, 20 de julho de 2025
Resumo extraído do Capítulo 2, do livro: Electric Machinery - 7ª edição — Fitzgerald & Kingsley - Umans
Capítulo 2 - Transformadores
2.1 Introdução aos Transformadores
Esta secção introduz o transformador como um dispositivo composto por dois ou mais enrolamentos acoplados por um fluxo magnético comum. Quando uma tensão alternada é aplicada ao enrolamento primário, gera-se um fluxo magnético alternado que induz uma tensão no enrolamento secundário. A razão entre as tensões depende diretamente da razão de espiras entre os enrolamentos.
Apesar de o acoplamento magnético poder ocorrer no ar, o uso de um núcleo ferromagnético (normalmente de aço silício) aumenta significativamente a eficiência do acoplamento, reduzindo perdas e concentrando o fluxo. Para minimizar as correntes de Foucault no núcleo, os transformadores usam núcleos laminados.
Dois tipos de construção comuns:
- 
Tipo núcleo: os enrolamentos são colocados em dois braços de um núcleo em forma de E;
 - 
Tipo carcaça (shell): os enrolamentos são concentrados num único braço central, com o fluxo a circular por dois caminhos laterais.
 
Os enrolamentos também geram fluxo de dispersão, que não liga ambos os enrolamentos. Este fluxo, embora menor, influencia o comportamento do transformador. Para o reduzir, os enrolamentos são geralmente intercalados ou enrolados concentricamente.
2.2 Condições em Vazio
Nesta secção analisa-se o funcionamento do transformador com o secundário em aberto. Quando uma tensão alternada é aplicada ao primário, uma corrente de excitação (ou de magnetização), pequena mas necessária, estabelece o fluxo alternado no núcleo.
Este fluxo induz uma força electromotriz (f.e.m.) no primário, que se opõe à tensão aplicada, e a sua amplitude é determinada pela frequência, número de espiras e tensão aplicada. Assume-se uma forma de onda sinusoidal para simplificar a análise, originando a fórmula:
Assim, para uma tensão aplicada sinusoidal, o fluxo máximo no núcleo depende apenas da tensão, frequência e número de espiras.
A corrente de excitação não é perfeitamente sinusoidal devido às características não-lineares do ferro (histerese e saturação), contendo harmónicas, sendo a terceira harmónica a mais significativa. Apesar disso, como esta corrente é geralmente pequena (1–2% da corrente nominal), pode ser modelada como uma corrente sinusoidal equivalente para efeitos de análise.
Esta corrente pode ser dividida em:
- 
Componente de perdas no núcleo (em fase com a f.e.m.);
 - 
Corrente de magnetização (em quadratura com a f.e.m., responsável pela criação do fluxo).
 
A potência dissipada nas perdas do núcleo é dada por:
2.3 Efeito da Corrente no Secundário; Transformador Ideal
Esta secção introduz o transformador ideal, no qual:
- 
Não há perdas no núcleo;
 - 
O fluxo de dispersão é nulo;
 - 
A permeabilidade do núcleo é infinita (não requer corrente de excitação);
 - 
As resistências dos enrolamentos são desprezáveis.
 
Para este modelo, a tensão induzida no secundário é proporcional ao número de espiras:
Quando uma carga é ligada ao secundário, uma corrente flui, gerando uma força magnetomotriz (f.m.m.) que tende a alterar o fluxo. No entanto, o primário reage com uma corrente que compensa exatamente a f.m.m. secundária, mantendo o fluxo constante. Assim:
O transformador ideal conserva a potência:
Além disso, as impedâncias vistas do primário ou do secundário relacionam-se com o quadrado da razão de espiras:
Este princípio permite simplificar a análise de circuitos com transformadores, referindo tensões, correntes e impedâncias para um dos lados do transformador, eliminando a necessidade de representar explicitamente o transformador ideal no circuito.
2.4 – Reatâncias e Circuitos Equivalentes do Transformador
Nesta secção, o foco passa do transformador ideal para o transformador real, que apresenta imperfeições como:
- 
Resistência dos enrolamentos,
 - 
Fluxo de dispersão,
 - 
Corrente de excitação finita,
 - 
Perdas no núcleo.
 
Modelação Física e Circuito Equivalente
O circuito equivalente baseia-se em considerações físicas. O fluxo total no primário é dividido em duas componentes:
- 
Fluxo mútuo, que atravessa o núcleo e liga ambos os enrolamentos;
 - 
Fluxo de dispersão, que só liga um dos enrolamentos (não contribui para a transferência de energia).
 
Para representar as perdas, o circuito equivalente incorpora:
- 
Resistência do enrolamento primário ;
 - 
Reatância de dispersão no primário ;
 - 
Ramo de excitação, com:
- 
Resistência de perdas no núcleo ;
 - 
Reatância de magnetização , associada à criação do fluxo.
 
 - 
 
O ramo de excitação está ligado em paralelo com a tensão induzida no primário , e representa a corrente de excitação (), que se divide em:
- 
Corrente de perdas no núcleo ();
 - 
Corrente de magnetização ().
 
Do lado secundário, surgem efeitos semelhantes:
- 
Resistência de perdas no enrolamento secundário ;
 - 
Reatância de dispersão no secundário ;
 - 
Tensão induzida ;
 - 
Corrente .
 
Transformação para um Único Lado
Para simplificar a análise, todos os parâmetros e grandezas (correntes, tensões, impedâncias) podem ser referidos ao lado primário ou ao lado secundário, eliminando a necessidade de representar explicitamente o transformador ideal. Para isso, utilizam-se as relações de transformação:
- 
Correntes:
 - 
Tensões:
 - 
Impedâncias:
 
Este modelo dá origem ao circuito equivalente em T, com os elementos agrupados:
- 
Impedâncias em série: , ;
 - 
Ramo de excitação em derivação (Rc e Xm).
 
2.5 – Aspectos de Engenharia na Análise de Transformadores
Esta secção trata das simplificações práticas do circuito equivalente, usadas em análises de engenharia. Como os transformadores reais geralmente operam com perdas reduzidas e corrente de excitação pequena, é comum adotar modelos aproximados, de acordo com o nível de precisão necessário.
Modelos Aproximados
São apresentados quatro modelos principais:
- 
Circuito em T completo:
Contém todas as impedâncias, transformador ideal e ramo de excitação. Usado quando é necessária precisão elevada. - 
Circuito em "cantilever":
O ramo de excitação é movido para um dos lados, ficando junto aos terminais do primário ou do secundário. Esta simplificação ignora a queda de tensão da corrente de excitação nas impedâncias de dispersão — uma omissão geralmente desprezável. - 
Modelo série simplificado:
Ignora totalmente o ramo de excitação, mantendo apenas a impedância série . Adequado para transformadores grandes, onde a corrente de excitação é muito pequena. - 
Transformador ideal:
Todos os efeitos não ideais são desprezados. Usado em situações de baixa exigência ou como primeira aproximação. 
Cálculos Típicos em Engenharia
Duas grandezas importantes em engenharia:
- 
Regulação de tensão:
Percentagem de variação da tensão aos terminais do secundário entre carga nula e carga plena, com a tensão do primário constante. Uma regulação baixa indica melhor qualidade. - 
Rendimento (eficiência):
Considera perdas no cobre (I²R) e perdas no ferro (constantes à tensão nominal).
 
Ensaios para Obtenção de Parâmetros
Dois ensaios permitem determinar os parâmetros dos modelos:
- 
Ensaio em curto-circuito (secundário curto-circuitado, tensão reduzida no primário):
Mede-se a impedância série equivalente . A corrente é de valor nominal. As perdas medidas são as perdas no cobre. - 
Ensaio em vazio (secundário em aberto, tensão nominal no primário):
Mede-se o ramo de excitação: e . As perdas medidas correspondem às perdas no ferro. A corrente é a corrente de excitação. 
Estas medições permitem caracterizar completamente o transformador e construir o modelo equivalente adequado para qualquer condição de operação.
2.6 – Autotransformadores e Transformadores com Enrolamentos Múltiplos
2.6.1 Autotransformadores
Os autotransformadores diferem dos transformadores comuns por terem uma única bobina partilhada entre o primário e o secundário. Embora possam transformar tensões, correntes e impedâncias da mesma forma, não oferecem isolamento eléctrico entre entrada e saída, o que pode ser uma desvantagem em algumas aplicações.
- 
Vantagens: Menor reactância de fuga, menores perdas, corrente de excitação reduzida e custo mais baixo, especialmente para relações de transformação próximas de 1:1.
 - 
Exemplo 2.7: Demonstra como um transformador de 50 kVA, ao ser ligado como autotransformador, pode atingir uma potência equivalente de 550 kVA devido à parte da potência ser transferida por condução directa (ligação comum) e não por acoplamento magnético. A eficiência é extremamente elevada (99,82%) porque as perdas permanecem as mesmas mas a potência útil aumenta.
 - 
Conclusão: A potência aparente de um autotransformador é maior que a de um transformador comum, mas a potência realmente transformada é a mesma.
 
2.6.2 Transformadores com Enrolamentos Múltiplos
São transformadores com três ou mais enrolamentos, muito utilizados em sistemas que necessitam de interligar múltiplas redes com diferentes níveis de tensão.
- 
Aplicações comuns: Fontes de alimentação com múltiplas saídas, distribuição doméstica (com dois enrolamentos de 120 V ligados em série para fornecer 240 V), e sistemas de subestações com enrolamento terciário para serviços auxiliares, compensação de potência reactiva ou atenuação de harmónicas.
 - 
Modelação: Exige circuitos equivalentes mais complexos, pois é necessário considerar as impedâncias de fuga entre cada par de enrolamentos. Normalmente, todos os parâmetros são referidos a uma base comum ou expressos em sistema por unidade (pu).
 
2.7 – Transformadores em Circuitos Trifásicos
Em sistemas trifásicos é comum agrupar três transformadores monofásicos ou usar um único transformador trifásico.
- 
Ligações típicas:
- 
Y-Y
 - 
Y-Δ
 - 
Δ-Y
 - 
Δ-Δ
Cada ligação tem características específicas quanto a tensão, corrente e presença de neutro. 
 - 
 - 
Ligação Y-Δ: Muito usada para redução de tensão, permitindo ligação do neutro à terra no lado de alta tensão.
 - 
Ligação Δ-Δ: Permite operação com apenas dois transformadores (ligação em "V") em caso de manutenção, com potência reduzida (~58%).
 - 
Exemplo 2.8: Cálculo da tensão na carga de uma ligação Y-Δ trifásica com queda de tensão ao longo da linha. Mostra como os cálculos podem ser feitos por fase, facilitando a análise.
 - 
Exemplo 2.9: Análise de uma corrente de curto-circuito trifásica. Mostra o cálculo das correntes nos vários pontos do sistema (primário, secundário e terminais de carga), com ênfase nas implicações da ligação Δ-Y.
 
2.8 – Transformadores de Tensão e Corrente (Instrumentação)
Esta secção trata dos transformadores de potencia (PT) e transformadores de corrente (CT), utilizados para medição precisa em sistemas de potência, reduzindo as grandezas reais a níveis seguros e manejáveis para instrumentos (ex.: 120 V e 5 A).
- 
Transformador de Potencia (PT):
- 
Idealmente mede a tensão sem carregar o circuito (impedância de carga alta).
 - 
São introduzidos erros pelo fluxo de excitação e pelas impedâncias dos enrolamentos.
 - 
O erro pode ser minimizado com reactância de magnetização elevada e impedâncias de enrolamento baixas.
 
 - 
 - 
Transformador de Corrente (CT):
- 
Idealmente mede a corrente apresentando-se como curto-circuito ao sistema (impedância de carga baixa).
 - 
Os erros são causados pela corrente de magnetização não transferida para o secundário.
 - 
Para minimizar os erros, requer impedância de magnetização elevada e baixas impedâncias no secundário.
 
 - 
 
2.9 – O Sistema por Unidade
O sistema por unidade é uma técnica de normalização em que grandezas eléctricas (tensão, corrente, impedância, potência, etc.) são expressas como frações decimais dos seus valores base. Este sistema é amplamente utilizado na análise de sistemas eléctricos de potência, particularmente em redes com muitos transformadores, linhas e máquinas.
Vantagens do sistema por unidade:
- 
Simplificação de cálculos: Os transformadores passam a ter relação de transformação 1:1 quando as tensões base são escolhidas de forma compatível, eliminando a necessidade de referir impedâncias entre lados.
 - 
Uniformidade de valores: Os parâmetros eléctricos, quando expressos em pu com base nos dados nominais dos equipamentos, tendem a variar dentro de intervalos reduzidos, facilitando comparações.
 - 
Facilidade em análises de sistemas complexos: Os cálculos tornam-se mais directos e os erros mais fáceis de detectar.
 
Definições fundamentais:
- 
Cada grandeza por unidade (pu) é dada por:
valor pu = valor real / valor base - 
Os valores base estão relacionados entre si:
- 
Potência base:
S_base = V_base × I_base - 
Impedância base:
Z_base = V_base / I_base = V_base² / S_base 
 - 
 - 
Apenas duas grandezas base são escolhidas livremente (normalmente tensão e potência), e as restantes derivam dessas.
 
Aplicações:
- 
Usado tanto em análises monofásicas como em sistemas trifásicos.
 - 
Em sistemas trifásicos:
- 
S_base_trifásica = 3 × S_base_fase - 
V_base_linha-neutro = V_base_linha-linha / √3 - 
Z_base = V²_base / S_base 
 - 
 
Exemplos e Problemas:
- 
Exemplo 2.12: Mostra a conversão de um circuito equivalente de um transformador para por unidade em ambos os lados (alta e baixa tensão), com simplificação para eliminar o transformador ideal (1:1).
 - 
Exemplo 2.13: Demonstra que as impedâncias e correntes expressas em pu são iguais em ambos os lados do transformador quando as bases são escolhidas adequadamente.
 - 
Exemplo 2.14: Repete o cálculo da corrente de curto-circuito trifásico de um exemplo anterior, mas usando exclusivamente valores por unidade.
 - 
Exemplo 2.15: Usa o sistema por unidade para determinar a tensão no lado de alta tensão de um transformador, dado o consumo da carga e a impedância da máquina.
 
2.10 – Resumo
Embora os transformadores sejam dispositivos estáticos (não envolvem movimento mecânico), eles são fundamentais no estudo de sistemas electromecânicos por partilharem muitos conceitos com máquinas rotativas, como:
- 
Fluxo magnético,
 - 
Corrente de excitação,
 - 
Fluxo mútuo e de fuga,
 - 
Indutâncias e f.m.m. (força magnetomotriz).
 
Pontos principais:
- 
O fluxo mútuo no núcleo é responsável pela indução de tensões proporcionais ao número de espiras.
 - 
Nas máquinas rotativas, o fluxo atravessa uma folga de ar entre estator e rotor, mas o princípio de indução mantém-se.
 - 
A diferença chave é que nas máquinas há movimento relativo, o que gera uma componente adicional na tensão induzida: a tensão de velocidade, fundamental na conversão de energia electromecânica (estudada no Capítulo 3).
 - 
A f.e.m. (força electromotriz) de contraposição no enrolamento primário deve equilibrar a tensão aplicada, tal como nas máquinas AC.
 - 
A corrente no primário ajusta-se para garantir que a f.m.m. total produz o fluxo necessário — comportamento idêntico ao das máquinas AC.
 - 
O fluxo de fuga, presente tanto em transformadores como em máquinas rotativas, origina reactâncias de fuga que reduzem o fluxo mútuo.
 - 
Os testes de caracterização (circuito aberto e curto-circuito) são semelhantes em ambos os tipos de equipamento.
 - 
O modelo de saturação do circuito magnético também segue o mesmo raciocínio: assume-se linearidade nas reactâncias de fuga e saturação apenas no circuito magnético principal.
 
2.11 – Variáveis do Capítulo 2
Tabela de símbolos e unidades usadas ao longo do capítulo, agrupando variáveis e subscritos com os seus significados. Exemplos:
Variáveis Principais
| Símbolo | Significado | Unidade | 
|---|---|---|
| λ | Fluxo concatenado | Weber (Wb) | 
| ω | Frequência angular | radianos/segundo (rad/s) | 
| ϕ, ϕₘₐₓ | Fluxo magnético, fluxo magnético máximo | Weber (Wb) | 
| Φ̂ | Fluxo magnético (amplitude complexa) | Weber (Wb) | 
| θ | Ângulo de fase | radianos (rad) | 
| Bₘₐₓ | Densidade de fluxo magnético de pico | Tesla (T) | 
| e | Força electromotriz (f.e.m.), tensão induzida | Volt (V) | 
| E | Tensão | Volt (V) | 
| Ê | Tensão (amplitude complexa) | Volt (V) | 
| f | Frequência | Hertz (Hz) | 
| i, I | Corrente | Ampère (A) | 
| iϕ | Corrente de excitação | Ampère (A) | 
| Î | Corrente (amplitude complexa) | Ampère (A) | 
| Îc | Componente de perdas no núcleo da corrente de excitação | Ampère (A) | 
| Îm | Corrente de magnetização (amplitude complexa) | Ampère (A) | 
| Îϕ | Corrente de excitação (amplitude complexa) | Ampère (A) | 
| L | Indutância | Henry (H) | 
| N | Número de espiras | — | 
| Q | Potência reactiva | Volt-Ampère Reactivo (VAR) | 
| R | Resistência | Ohm (Ω) | 
| R_base | Resistência base | Ohm (Ω) | 
| t | Tempo | Segundo (s) | 
| v, V | Tensão | Volt (V) | 
| V_base | Tensão base | Volt (V) | 
| V̂ | Tensão (amplitude complexa) | Volt (V) | 
| VA | Volt-Ampère (potência aparente) | Volt-Ampère (VA) | 
| X | Reactância | Ohm (Ω) | 
| Z | Impedância | Ohm (Ω) | 
| ZΔ | Impedância equivalente em Δ | Ohm/fase (Ω/fase) | 
| Zϕ | Impedância de excitação | Ohm (Ω) | 
| ZY | Impedância equivalente em Y | Ohm/fase (Ω/fase) | 
Subscritos Comuns
| Subscrito | Significado | 
|---|---|
| ϕ | Excitação | 
| b | Carga (burden) | 
| base | Valor base | 
| c | Núcleo (core) | 
| eq | Equivalente | 
| H | Lado de alta tensão | 
| l | Fluxo de fuga (leakage) | 
| l-n | Linha-neutro | 
| L | Lado de baixa tensão | 
| m | Magnetização | 
| max | Máximo | 
| oc | Circuito aberto (open circuit) | 
| pu | Por unidade (per unit) | 
| rms | Valor eficaz (root mean square) | 
| s | Envio (sending) | 
| sc | Curto-circuito (short circuit) | 
| tot | Total | 
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sábado, 19 de julho de 2025
Resumo extraído do Capítulo 3 do livro "Microelectronic Circuits", 6th Edition, de Sedra and Smith
Capítulo 3 – Semicondutores
3.1 – Semicondutores Intrínsecos
Os semicondutores são materiais com condutividade intermédia entre condutores (como o cobre) e isoladores (como o vidro). Os dois tipos principais são:
- 
Elementares (ex: silício e germânio – grupo IV da tabela periódica),
 - 
Compostos (ex: arsenieto de gálio – combinação de elementos dos grupos III e V).
 
A estrutura cristalina do silício é baseada em ligações covalentes, onde cada átomo partilha os seus 4 eletrões de valência com 4 átomos vizinhos. A baixas temperaturas (próximas do zero absoluto), todas as ligações estão intactas, e o material comporta-se como um isolador.
À temperatura ambiente, alguma energia térmica quebra essas ligações, libertando eletrões e deixando lacunas (buracos). Estes pares eletrão-buraco contribuem para a condução elétrica. Ambos os portadores têm cargas iguais e opostas, e as suas concentrações são iguais: , onde é a densidade intrínseca de portadores. A geração e recombinação destes pares ocorrem continuamente em equilíbrio térmico. O valor de depende fortemente da temperatura e é dado por:
sendo a energia da banda proibida do silício (1,12 eV). A relação fundamental que se mantém mesmo com dopagem é:
3.2 – Semicondutores Extrínsecos
A dopagem é o processo de introdução de átomos de outros elementos da tabela periódica (impurezas) na rede cristalina do silício para alterar controladamente a sua condutividade. As impurezas podem ser:
- 
Dadoras (tipo n): elementos com 5 eletrões de valência (ex: fósforo) que doam eletrões livres → aumento de .
 - 
Aceitadoras (tipo p): elementos com 3 eletrões de valência (ex: boro) que criam lacunas → aumento de .
 
No silício tipo n, a concentração de eletrões livres é aproximadamente igual à concentração de átomos dadores , e as lacunas são minoritários:
No silício tipo p, a concentração de lacunas é aproximadamente igual à dos átomos aceitadores , e os eletrões são minoritários:
Apesar da presença de cargas livres, o material permanece eletricamente neutro porque os portadores móveis são compensados pelas cargas fixas das impurezas.
3.3 – Fluxo de Corrente em Semicondutores
Existem duas formas distintas de movimento de portadores de carga (corrente elétrica) nos semicondutores:
3.3.1 Corrente por Deriva (Drift)
Quando se aplica um campo elétrico , os portadores móveis são acelerados:
- 
Lacunas movem-se no sentido de :
 - 
Eletrões movem-se no sentido oposto a :
 
A mobilidade mede a facilidade com que os portadores se movem. A densidade de corrente de deriva total é:
onde é a condutividade elétrica. A resistividade é o seu inverso:
3.3.2 Corrente por Difusão
Se existir um gradiente de concentração de portadores, estes movem-se das regiões de maior concentração para as de menor concentração:
- 
Para lacunas:
 - 
Para eletrões:
 
Os coeficientes e representam a difusividade das lacunas e dos eletrões, respetivamente.
3.3.3 Relação entre Mobilidade e Difusividade
Existe uma relação fundamental (Relação de Einstein) entre a mobilidade e a difusividade:
onde é a tensão térmica, com um valor de aproximadamente 25,9 mV a 300 K.
3.4 — A junção pn com terminais em circuito aberto (Equilíbrio)
Nesta secção, Sedra & Smith introduzem o primeiro dispositivo semicondutor prático — a junção pn — que é a base do díodo e essencial para o funcionamento de transístores bipolares (BJT) e MOSFETs.
3.4.1 Estrutura Física
A junção pn consiste num material semicondutor tipo p em contacto direto com um material tipo n, normalmente ambos integrados na mesma estrutura cristalina de silício. O contacto elétrico com o exterior é feito através de terminais metálicos — anodo e cátodo — herdando a nomenclatura dos díodos de vácuo.
3.4.2 Funcionamento em circuito aberto
Quando os terminais estão abertos:
- 
Corrente de difusão (ID): Existe devido ao gradiente de concentração — as lacunas (portadores maioritários no tipo-p) difundem-se para o lado tipo-n, enquanto os eletrões (portadores maioritários no tipo-n) se difundem para o lado tipo-p.
 - 
Região de depleção: Os portadores que se difundem recombinam-se com portadores maioritários, criando uma região próxima da junção sem portadores livres — a região de carga espacial, carregada positivamente do lado n e negativamente do lado p.
 - 
Esta região cria um campo elétrico interno que se opõe à difusão, estabelecendo uma barreira de tensão (V₀) que limita o fluxo de portadores.
 - 
Corrente de deriva (IS): Simultaneamente, portadores minoritários gerados por efeito térmico são arrastados pelo campo da região de depleção: lacunas minoritários do lado n são levadas para o p, e eletrões minoritários do p para o n. Esta corrente de deriva flui no sentido inverso à difusão.
 
No equilíbrio, ID = IS, mantendo-se um fluxo interno de corrente, mas sem corrente externa nos terminais. Esta condição estabiliza-se através do aumento ou diminuição da largura da região de depleção e do valor da tensão de barreira.
A barreira de tensão V₀ depende das concentrações de dopagem (Nᴬ, Nᴰ) e da temperatura, situando-se normalmente entre 0.6 V e 0.9 V para o silício à temperatura ambiente. Apesar de existir internamente, não se mede tensão entre os terminais, pois as tensões de contacto com os metais anulam-na.
A largura da região de depleção não é igual dos dois lados — estende-se mais no material menos dopado, de modo a expor cargas iguais em ambos os lados. As expressões matemáticas fornecem a relação entre dopagem, largura da camada de depleção e carga armazenada.
3.5 — A junção pn com tensão aplicada
Nesta secção, os autores explicam o que acontece quando se aplica uma tensão DC à junção pn — situação real do funcionamento como díodo.
3.5.1 Descrição qualitativa
- 
Polarização directa: Aplicar uma tensão que torne o lado p mais positivo que o n reduz a barreira interna. Assim, mais lacunas e eletrões conseguem atravessar a junção, aumentando a corrente de difusão exponencialmente — o dispositivo conduz corrente significativa do anodo para o cátodo.
 - 
Polarização inversa: Inverter a tensão externa faz com que o lado n fique mais positivo. Isto aumenta a barreira de potencial interna, reduz drasticamente a corrente de difusão e resta apenas a corrente de saturação inversa (IS), muito pequena, dependente da temperatura e devida apenas à deriva dos portadores minoritários.
 - 
A polarização inversa alarga a região de depleção e aumenta a carga armazenada na região.
 - 
As expressões da largura da região de depleção e carga armazenada ajustam-se substituindo V₀ por V₀ ± V_aplicada.
 
3.5.2 Relação corrente-tensão
É feita uma análise quantitativa:
- 
Sob polarização directa, o abaixamento da barreira de potencial faz crescer exponencialmente a injeção de portadores minoritários — lacunas do p para o n, e eletrões do n para o p.
 - 
O perfil de concentração de portadores minoritários forma um gradiente que mantém a corrente de difusão constante.
 - 
A corrente total é a soma das correntes de difusão de lacunas e de eletrões. O resultado é a equação do díodo:
 
onde IS é a corrente de saturação, V a tensão aplicada, e V_T a tensão térmica (~25,9 mV a 300 K).
3.5.3 Ruptura inversa
Se a tensão inversa for aumentada até um limite crítico (VZ), ocorre a ruptura:
- 
Efeito Zener (VZ < ~5–7 V): o campo elétrico intenso quebra as ligações covalentes, gerando pares eletrão-lacuna.
 - 
Efeito Avalanche (VZ > ~7 V): portadores acelerados colidem com átomos, libertando mais portadores num efeito de avalanche.
Ambos permitem uma corrente inversa elevada a tensão quase constante — útil em díodos Zener para regulação de tensão. 
3.6 — Efeitos de Capacitância na Junção pn
Nesta secção, Sedra & Smith explicam que a junção pn não é apenas um condutor de corrente — armazena carga elétrica, originando efeitos de capacitância essenciais para o comportamento em corrente alternada (AC) e para o desempenho em alta frequência.
Existem duas origens principais de capacitância numa junção pn:
3.6.1 Capacidade de Depleção ou Junção
Quando a junção está polarizada inversamente, a região de depleção atua como um dielétrico entre duas zonas carregadas com sinais opostos:
- 
O lado p tem carga negativa, o lado n carga positiva.
 - 
O campo elétrico mantém as cargas separadas.
 
A quantidade de carga armazenada de cada lado é proporcional à largura da região de depleção, que por sua vez depende da tensão inversa aplicada. Assim, quanto maior a tensão inversa, maior a região de depleção — e mais carga fica armazenada.
A capacitância de depleção, ou capacitância de junção, é definida como a variação incremental da carga em relação à variação da tensão:
A expressão final obtida mostra que Cj decresce à medida que a tensão inversa aumenta, porque a região de depleção se alarga, reduzindo a capacidade de armazenar mais carga por unidade de variação de tensão.
A junção pode ser de dois tipos:
- 
Junção abrupta: mudança súbita de concentração de dopagem de p para n.
 - 
Junção gradual: a concentração varia suavemente. Neste caso, o expoente na relação entre capacitância e tensão assume um valor m entre 1/3 e 1/2, ajustando a fórmula para circuitos reais.
 
Este fenómeno explica, por exemplo, o funcionamento de díodos varicap (ou varactores), usados como condensadores controláveis por tensão em osciladores e sintonizadores.
3.6.2 Capacidade de Difusão
Esta surge quando a junção está polarizada directamente, permitindo a injeção de portadores minoritários (lacunas na região tipo-n e eletrões na região tipo-p). Estes portadores criam perfis de concentração no material que armazenam carga adicional fora da região de depleção.
O armazenamento de carga nesta situação está ligado ao tempo de vida dos portadores minoritários — o tempo médio que demora até um portador se recombinar. Quanto maior o tempo de vida, mais carga é acumulada.
Se a tensão aplicada variar, esta carga precisa de se ajustar ao novo perfil, criando um efeito de capacitância chamado capacidade de difusão.
Matematicamente, a carga total armazenada devido à injeção é proporcional à corrente directa (I) e ao tempo médio de trânsito (τₜ):
Assim:
- 
Cd é proporcional à corrente directa I — logo, só existe quando há polarização directa.
 - 
Para díodos de alta frequência, é desejável ter um tempo de trânsito curto, para manter Cd pequeno.
 
3.7 — Resumo
- 
O silício é a base de quase toda a microelectrónica, sendo os circuitos integrados fabricados num único cristal.
 - 
Em silício intrínseco, não dopado, a corrente resulta apenas de portadores gerados por efeito térmico — muito poucos.
 - 
O processo de dopagem permite criar materiais tipo-n (excesso de eletrões) e tipo-pt (excesso de lacunas), aumentando enormemente a condutividade.
 - 
O movimento de portadores ocorre por deriva (sob ação de campo elétrico) e difusão (gradientes de concentração).
 - 
A junção pn, combina ambos os mecanismos, formando uma região de depleção que age como barreira de potencial e determina o fluxo de corrente.
 - 
Quando polarizada directamente, conduz corrente exponencialmente crescente. Quando inversamente, deixa passar apenas uma pequena corrente de saturação, até à ruptura.
 - 
A junção apresenta capacidade de depleção (predomina em polarização inversa) e capacidade de difusão (predomina em polarização directa).
 
Os autores terminam o capítulo com uma tabela de fórmulas para suporte de cálculo — concentrando tudo, da corrente de junção até aos efeitos capacitivos.
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sexta-feira, 18 de julho de 2025
Resumo extraído do Capítulo 1, do livro: Electric Machinery - 7ª edição — Fitzgerald & Kingsley - Umans
Capítulo 1 - Circuitos Magnéticos e Materiais Magnéticos
Secção 1.1 - Circuitos Magnéticos
A secção 1.1 introduz o conceito de circuitos magnéticos, uma abordagem prática para analisar sistemas eletromagnéticos, especialmente em máquinas elétricas e transformadores. Estes circuitos são utilizados para descrever a forma como os campos magnéticos se comportam em estruturas feitas, na sua maioria, de materiais ferromagnéticos de alta permeabilidade.
Princípios fundamentais:
- 
Equações de Maxwell (Forma Magneto-Quasi-Estática)
Ao assumir que os efeitos da corrente de deslocamento podem ser desprezados (válido para muitas aplicações de engenharia), as equações de Maxwell relevantes simplificam-se para:- 
Lei de Ampère: ∮𝐻·dl = ∫𝐽·da → o campo magnético 𝐻 é gerado por correntes elétricas.
 - 
Lei de Gauss para o magnetismo: ∮𝐵·da = 0 → o fluxo magnético 𝐵 não tem fontes nem sumidouros; as linhas de fluxo são sempre fechadas.
 
 - 
 
Conceito de Circuito Magnético:
- 
Semelhança com circuitos elétricos: Tal como a corrente elétrica segue condutores de baixa resistência, o fluxo magnético tende a seguir caminhos com alta permeabilidade magnética, geralmente feitos de ferro ou aço.
 - 
A ideia é representar um campo magnético tridimensional complexo através de um circuito unidimensional, utilizando analogias com a eletricidade:
- 
Corrente → Fluxo magnético φ
 - 
Tensão → Força magnetomotriz (fmm) F = Ni
 - 
Resistência → Relutância R
 
 - 
 
Elementos principais:
- 
fmm (Força Magnetomotriz):
F = Ni, onde N é o número de espiras e i a corrente — atua como a “força” que impulsiona o fluxo magnético. - 
Fluxo magnético:
φ = B·A, sendo B a densidade de fluxo magnético e A a área da secção transversal. - 
Relutância (R):
R = l / (μ·A), onde l é o comprimento médio do caminho do fluxo, μ a permeabilidade magnética, e A a área da secção. A unidade é A·espiras / Weber. - 
Permeância (P):
P = 1 / R, ou seja, mede a “facilidade” com que o fluxo atravessa um caminho magnético. 
Circuitos com e sem entreferro (air gap):
- 
Em transformadores, os núcleos são fechados (sem entreferro).
 - 
Em máquinas rotativas, existe um entreferro necessário para permitir o movimento.
- 
O entreferro apresenta baixa permeabilidade (μ₀), o que aumenta significativamente a relutância total.
 - 
Frequentemente, a relutância do entreferro domina o circuito magnético total, permitindo ignorar a relutância do núcleo.
 
 - 
 
Dispersão (Fringing) do fluxo:
- 
O fluxo tende a “espalhar-se” ao atravessar o entreferro — fenómeno denominado fringing.
 - 
A área efetiva do entreferro pode ser ligeiramente maior do que a secção transversal do núcleo.
 - 
Na maioria das análises, o fringing é desprezado para simplificação.
 
Analogias com circuitos elétricos:
- 
Lei das malhas (KVL): A soma das fmm ao longo de um caminho fechado é igual à soma das quedas de fmm (F = ΣFₖ).
 - 
Lei dos nós (KCL): A soma dos fluxos que entram num nó é igual à soma dos fluxos que saem (Σφₙ = 0).
 
Limitações:
- 
A análise de circuitos magnéticos envolve aproximações:
- 
Supõe-se muitas vezes que a permeabilidade é constante.
 - 
O campo magnético fora do núcleo (campos de fuga) é negligenciado, o que não é sempre válido.
 - 
A precisão depende da intuição e julgamento de engenharia.
 
 - 
 
Secção 1.2 — Fluxo ligado, indutância e energia
A secção 1.2 introduz os conceitos de fluxo ligado, indutância e energia armazenada em circuitos magnéticos. Estes conceitos são fundamentais para a compreensão do comportamento dinâmico dos dispositivos eletromagnéticos, sobretudo quando sujeitos a variações temporais de corrente e fluxo magnético.
1. Lei de Faraday — Tensão induzida
Quando um campo magnético varia no tempo, produz-se um campo elétrico. Esta relação é expressa pela lei de Faraday, uma das equações de Maxwell:
Nos sistemas com enrolamentos (bobinas) de alta condutividade elétrica, a tensão induzida aos terminais de uma bobina é:
onde:
- 
é a tensão induzida,
 - 
é o fluxo magnético que atravessa uma espira,
 - 
é o número de espiras,
 - 
é o fluxo ligado à bobine com N espiras.
 
2. Indutância
Se a relação entre o fluxo ligado e a corrente for linear, a indutância é definida por:
A partir da análise de circuitos magnéticos com relutância total , deduz-se que:
Isto mostra que:
- 
A indutância aumenta com o quadrado do número de espiras,
 - 
Diminui com a relutância total do circuito magnético.
 
No caso de um circuito magnético com entreferro dominante (alta relutância), pode-se simplificar:
onde:
- 
é a permeabilidade do vazio,
 - 
é a área da secção do entreferro,
 - 
é o comprimento do entreferro.
 
3. Linearidade e materiais não-lineares
- 
A definição clássica de indutância assume que o material é linear (isto é, , com constante).
 - 
Contudo, muitos materiais ferromagnéticos têm permeabilidade não constante.
 - 
Se o entreferro dominar a relutância do circuito, a não linearidade do material pode ser ignorada com boa aproximação.
 - 
Em muitos casos práticos, assume-se um valor médio ou constante da permeabilidade para efeitos de cálculos de engenharia.
 
4. Circuitos com dois enrolamentos — Autoindutância e Indutância Mútua
Num circuito com duas bobinas, o fluxo ligado de cada uma depende da sua própria corrente e da corrente da outra:
- 
e : autoindutâncias,
 - 
: indutância mútua, definida como:
 
(assumindo que o entreferro domina a relutância total e que ).
5. Tensão induzida com indutância variável
Se a indutância variar com o tempo (ex.: quando há movimento ou variação da permeabilidade):
Este termo adicional representa o contributo da variação da própria indutância (caso comum em máquinas elétricas com movimento).
6. Energia armazenada num circuito magnético
A energia magnética armazenada é dada por:
- 
A energia está relacionada com o fluxo ligado e a corrente.
 - 
A unidade de energia é o joule (J).
 
Secção 1.3 — Propriedades dos Materiais Magnéticos
1. Função dos materiais magnéticos na engenharia eletromecânica
Os materiais magnéticos são importantes por dois motivos principais:
- 
Permitem obter fluxos magnéticos intensos com baixa fmm (força magnetomotriz).
- 
Isto é fundamental porque o binário e a densidade de energia dos dispositivos dependem do nível de fluxo magnético.
 
 - 
 - 
Canalizam e moldam os campos magnéticos em trajetórias definidas.
- 
No caso dos transformadores: aumentam o acoplamento entre enrolamentos.
 - 
Nas máquinas elétricas: ajudam a produzir binário e a controlar o comportamento eletromagnético.
 
 - 
 
2. Materiais ferromagnéticos
- 
São compostos por ferro puro ou ligas com outros metais como cobalto, níquel, tungsténio ou alumínio.
 - 
Caracterizam-se por domínios magnéticos: pequenas regiões com momentos magnéticos atómicos alinhados.
 - 
Num material não magnetizado, os domínios estão orientados aleatoriamente → fluxo magnético líquido nulo.
 
3. Magnetização e saturação
- 
Quando se aplica uma força magnetizante (campo magnético externo), os domínios reorientam-se no sentido do campo.
 - 
Isso reforça o campo aplicado e resulta num aumento significativo da densidade de fluxo magnético .
 - 
Este comportamento ocorre até à saturação, quando todos os domínios estão alinhados — daí para a frente, aumentar pouco influencia .
 
4. Histerese magnética
- 
Quando o campo é removido, os domínios não regressam ao estado aleatório inicial.
 - 
O material mantém magnetização residual → fenómeno de histerese.
 - 
Esta propriedade torna a relação não linear e multi-valor, isto é, depende da história da excitação.
 
5. Curvas características
- 
As propriedades magnéticas são geralmente fornecidas sob forma gráfica (medidas experimentais segundo normas ASTM).
 
Tipos de curvas:
- 
Curva de histerese (B-H loop)
- 
Obtida com excitação cíclica (campo alternado entre valores positivos e negativos).
 - 
Mostra claramente os efeitos de:
- 
Saturação
 - 
Magnetização remanescente (quando )
 - 
Coercividade (valor de necessário para anular )
 
 - 
 - 
Exemplo no livro: aço elétrico M-5 (grain-oriented), amplamente utilizado em transformadores e máquinas.
 
 - 
 - 
Curva de magnetização DC (normal)
- 
Obtida com base nos pontos extremos da curva de histerese.
 - 
É mono-valor e representa a resposta média do material (ignora perdas por histerese).
 - 
Usada frequentemente em análises simplificadas de engenharia.
 
 - 
 
6. Unidades e dados práticos
- 
A curva B-H pode ser expressa em diferentes sistemas de unidades:
- 
: amperes por metro (A/m), ou oersted (em CGS)
 - 
: webers por metro quadrado (T), gauss ou kilogauss
 
 - 
 - 
No livro, todos os cálculos e gráficos usam unidades SI.
 
Secção 1.4 — Excitação em Corrente Alternada (AC)
A secção 1.4 aborda a excitação de materiais magnéticos sob condições de corrente alternada (AC), ou seja, quando os sistemas operam em regime permanente com tensões e fluxos sinusoidais.
Modelo de Estudo
Considera-se um circuito magnético com núcleo fechado e sem entreferro, com comprimento magnético e área de secção transversal constantes. Assume-se uma variação sinusoidal do fluxo magnético:
onde:
- 
: fluxo instantâneo (Wb),
 - 
: fluxo máximo,
 - 
: densidade de fluxo máximo (T),
 - 
: frequência angular (rad/s),
 - 
: frequência da fonte (Hz).
 
Tensão Induzida e Valor Eficaz (rms)
A tensão induzida num enrolamento de espiras é:
O valor eficaz da tensão (usualmente mais relevante em AC) é:
Corrente de Excitação e Histerese
A corrente de excitação necessária para manter o fluxo não é sinusoidal, devido à não-linearidade do material magnético. Essa corrente é obtida através da curva de histerese AC do material. A relação entre campo magnético e é:
O valor eficaz da corrente de excitação é:
Potência de Excitação em AC
A potência aparente necessária para excitar o núcleo é dada por:
com sendo o volume do núcleo.
A potência aparente por unidade de massa (VA/kg), útil para comparação entre materiais, é:
sendo a densidade do material magnético.
Perdas no Núcleo
Há dois tipos principais de perdas:
- 
Perdas por histerese: Energia dissipada devido ao ciclo de magnetização, proporcional à área do laço de histerese e ao volume do material. A potência dissipada por histerese aumenta com a frequência.
 - 
Perdas por correntes de Foucault (eddy currents): Causadas por campos eléctricos induzidos no núcleo. São reduzidas através da laminação do núcleo e isolamento entre folhas. Crescem com o quadrado da frequência e do valor de .
 
Representação Gráfica e Dados Experimentais
Os fabricantes de materiais magnéticos fornecem frequentemente gráficos de:
- 
Potência aparente por unidade de massa (VA/kg),
 - 
Densidade de perdas (W/kg) em função de para diferentes frequências.
 
Estes dados são essenciais para o dimensionamento de transformadores, motores e outros dispositivos eletromagnéticos.
Secção 1.5 — Ímanes Permanentes
Características dos Ímanes Permanentes
- 
A principal característica de um íman permanente é a magnetização remanescente (Br) — o valor da densidade de fluxo magnético que permanece quando o campo magnético externo é removido.
 - 
Outra grandeza importante é a coercividade (Hc) — a intensidade do campo magnético necessário para reduzir o fluxo magnético a zero.
 
Comparação entre materiais:
- 
Alnico 5: Br ≈ 1,22 T e Hc ≈ −49 kA/m (grande retenção de fluxo e elevada resistência à desmagnetização).
 - 
Aço elétrico M-5: embora tenha Br elevada (1,4 T), tem Hc muito inferior (−6 A/m), o que o torna impróprio como íman permanente.
 
Aplicação em Circuitos Magnéticos
Exemplo 1.9 demonstra que:
- 
Alnico 5 pode gerar fluxo magnético significativo num circuito com entreferro, mesmo sem excitação externa.
 - 
M-5, apesar de ter remanescência elevada, não consegue manter fluxo magnético relevante devido à sua baixa coercividade.
 
Produto Máximo Energia
- 
Define-se como o máximo valor do produto no segundo quadrante da curva de histerese.
 - 
Este produto representa a energia magnética por unidade de volume (J/m³) que o íman pode fornecer.
 - 
Para uma determinada densidade de fluxo desejada num entreferro, operar no ponto de permite minimizar o volume necessário do íman.
 
Equação útil:
Considerações Práticas
- 
A redução do comprimento do entreferro não permite aumentar indefinidamente o fluxo, pois o núcleo poderá entrar em saturação.
 - 
O ponto de operação ideal de um íman é aquele em que se obtém máxima eficiência volumétrica (menor volume para o mesmo fluxo desejado).
 
Secção 1.6 — Aplicação de Materiais de Íman Permanente
Curvas de Magnetização dos Materiais
A curva de magnetização representa o segundo quadrante do laço de histerese após saturação total do material. Diferentes materiais exibem diferentes comportamentos:
- 
Alnico 5 e 8: elevada magnetização remanescente (Br), mas baixa coercividade; muito sensíveis à desmagnetização.
 - 
Ceramic 7 (Ferrite): menor Br, mas elevada Hc; curva quase linear.
 - 
Samário-Cobalto: alta Br e Hc, muito estável, mesmo a altas temperaturas.
 - 
Neodímio-Ferro-Boro (NdFeB): altíssimo Br e Hc; excelente desempenho magnético, mas sensível à temperatura.
 
As curvas da Fig. 1.19 mostram essas características comparativas.
Efeitos de Excitação e Linhas de Retorno
Quando se aplica corrente a uma bobina em torno de um íman:
- 
A curva B-H percorre o laço de histerese desde o ponto inicial (desmagnetizado) até à saturação.
 - 
Ao remover a corrente, o ponto de operação fica em Br (residual).
 - 
Se for aplicada uma corrente negativa ou houver uma alteração geométrica (ex.: aumento do entreferro), o ponto de operação desloca-se, formando um laço menor.
 
A partir daí, o íman passa a operar numa linha de retorno, que tem inclinação constante chamada permeabilidade de retorno (μR).
Uma vez desmagnetizado (mesmo parcialmente), o íman não volta a Br, mas a um valor inferior (ver Fig. 1.21).
Estabilização de Ímanes
Para garantir o funcionamento estável:
- 
Pode-se estabilizar o íman forçando-o a operar numa determinada linha de retorno.
 - 
Isto implica aceitar uma redução permanente em Br, mas assegura que, mesmo com variações de carga ou geometria, o íman não se desmagnetiza ainda mais.
 
O Exemplo 1.11 mostra como estabilizar um sistema com Alnico 5, através de um processo de magnetização controlada com uma bobina, ajustando o comprimento do íman para operar no ponto de produto energia máximo.
Temperatura e Comportamento Térmico
A temperatura afecta significativamente os ímanes:
- 
Para materiais como NdFeB e Samário-Cobalto, o aumento da temperatura reduz Br e Hc (ver Fig. 1.24).
 - 
Samário-Cobalto é mais estável termicamente do que o NdFeB.
 - 
As cerâmicas (ferrites), pelo contrário, perdem Br com o aumento da temperatura, mas ganham coercividade (ver Fig. 1.25).
 - 
Se a temperatura atingir o ponto de Curie, o material perde a magnetização permanentemente.
 
O Exemplo 1.12 mostra como calcular a corrente máxima admissível num sistema com um íman de NdFeB de modo a evitar que o fluxo magnético se torne negativo, o que levaria à desmagnetização.
Modelação Linear da Curva B-H
Para materiais com alta coercividade e baixa permeabilidade de retorno, como os ímanes de terras raras, pode-se modelar a curva B-H como:
Esta aproximação linear é válida na região útil de operação e simplifica o projeto de dispositivos eletromagnéticos com ímanes.
Secção 1.7 — Sumário
Utilização de Materiais Ferromagnéticos
- 
Materiais ferromagnéticos são amplamente utilizados para conduzir e concentrar fluxos magnéticos.
 - 
A sua elevada permeabilidade magnética (até dezenas de milhar de vezes maior do que o vácuo) permite que o fluxo seja confinado a caminhos bem definidos, determinados pela geometria do material.
 
Aproximação Quasi-estática e Análise de Circuitos Magnéticos
- 
Em muitas aplicações práticas, os fenómenos magnéticos são suficientemente lentos para serem tratados como quasi-estáticos, ou seja, sem efeitos transitórios importantes.
 - 
Nestes casos, os campos magnéticos podem ser analisados com base na força magnetomotriz (mmf) e na relutância dos caminhos magnéticos.
 - 
Assim, a resolução de problemas magnéticos complexos pode ser feita de forma análoga à análise de circuitos eléctricos elétricos, convertendo o problema tridimensional num modelo unidimensional.
 
Comportamento dos Materiais Magnéticos
- 
O comportamento magnético dos materiais é não linear e geralmente representado através das curvas B-H e dos laços de histerese.
 - 
As perdas no núcleo (térmicas e energéticas) são causadas por dois mecanismos principais:
- 
Perdas por histerese, devidas à reversão cíclica dos domínios magnéticos.
 - 
Perdas por correntes de Foucault (eddy currents), resultantes de tensões induzidas no próprio material condutor.
 
 - 
 - 
Estas perdas dependem da frequência de operação, da densidade de fluxo e das propriedades físicas do material (ex: laminação, composição, espessura, etc.).
 
Dados Experimentais
- 
Os fabricantes fornecem frequentemente curvas experimentais que representam:
- 
Perdas no núcleo (W/kg),
 - 
Potência aparente de excitação por massa (VA/kg),
 - 
Curvas B-H para diferentes frequências.
 
 - 
 - 
Estes dados são essenciais para o dimensionamento prático de componentes magnéticos.
 
Ímanes Permanentes (Materiais Magnéticos Duros)
- 
Certos materiais (como Alnico, ferrites, samário-cobalto, neodímio-ferro-boro) têm propriedades que os tornam ideais para uso como ímanes permanentes.
 - 
Caracterizam-se por:
- 
Magnetização remanescente elevada,
 - 
Coercividade elevada,
 - 
Capacidade de gerar fluxo em circuitos com entreferros sem necessidade de corrente de excitação.
 
 - 
 - 
Têm aplicações em dispositivos como:
- 
Motores e geradores,
 - 
Colunas de som,
 - 
Sensores,
 - 
Medidores analógicos.
 
 - 
 
Estabilidade Operacional
- 
Alguns ímanes necessitam de ser estabilizados para funcionarem com variações de carga ou temperatura.
 - 
Ímanes modernos de terras raras (NdFeB, SmCo) tendem a ser altamente estáveis, desde que operem na zona linear da sua curva B-H e abaixo do seu ponto de Curie.
 
Secção 1.8 — Variáveis do Capítulo 1
A secção 1.8 fornece uma lista organizada das variáveis e símbolos utilizados ao longo do Capítulo 1, que trata de circuitos magnéticos e materiais magnéticos. Este glossário técnico serve como referência rápida para os leitores e é essencial para a interpretação rigorosa das equações e análises apresentadas no capítulo.
Lista das Variáveis
As variáveis estão agrupadas por ordem alfabética, juntamente com as respetivas unidades no Sistema Internacional (SI), e representam grandezas físicas relevantes para o estudo dos fenómenos magnéticos:
| Símbolo | Descrição | Unidade (SI) | 
|---|---|---|
| Permeabilidade magnética | H/m (henry por metro) | |
| Permeabilidade do vácuo () | H/m | |
| Permeabilidade relativa () | adimensional | |
| Permeabilidade de retorno (recoil permeability) | H/m | |
| Fluxo magnético | Wb (weber) | |
| Fluxo magnético de pico | Wb | |
| Frequência angular () | rad/s | |
| Densidade de massa | kg/m³ | |
| Área da secção transversal | m² | |
| Densidade de fluxo magnético | T (tesla) | |
| Magnetização remanescente (remanescência) | T | |
| Força electromotriz / tensão | V (volt) | |
| Intensidade de campo elétrico | V/m | |
| Frequência | Hz | |
| Força magnetomotriz (mmf) | A (ampère-volta) | |
| Comprimento do entreferro | m | |
| Intensidade do campo magnético | A/m | |
| Coercividade | A/m | |
| Corrente elétrica | A | |
| Corrente de excitação e respetivo valor eficaz | A | |
| Densidade de corrente elétrica | A/m² | |
| Comprimento linear (ex: do núcleo) | m | |
| Indutância | H (henry) | |
| Número de espiras | adimensional | |
| Potência elétrica | W (watt) | |
| Perdas no núcleo magnético | W | |
| Densidade de perdas no núcleo (por massa) | W/kg | |
| Permeância | H | |
| Relutância | H⁻¹ | |
| Potência aparente de excitação (VA) | VA | |
| Potência aparente de excitação por unidade de massa | VA/kg | |
| Tempo | s | |
| Período de um ciclo (também usado para temperatura) | s ou ºC | |
| Tensão / diferença de potencial | V | |
| Volume | m³ | |
| Energia armazenada | J (joule) | 
Subscritos Usuais
Para facilitar a distinção entre variáveis aplicadas a diferentes partes do sistema magnético, são também indicados subscritos específicos:
| Subscrito | Significado | 
|---|---|
| Relativo ao núcleo (core) | |
| Relativo ao entreferro (gap) | |
| , | Relativo ao íman (magnet) | 
| Valor máximo de uma grandeza | |
| Valor eficaz (root mean square) | |
| Valor total (ex: energia ou potência) | 





