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segunda-feira, 19 de maio de 2025

Resumo extraído do Capítulo 28, do livro: Physics for Scientists and Engineers with Modern Physics, 9th Ed

Capítulo 28 – Corrente contínua

Secção 28.1 – Força Electromotriz (f.e.m.)
Nesta secção introduz-se o conceito de força electromotriz (f.e.m.) como a diferença de potencial máxima que uma fonte (por exemplo, uma bateria) pode fornecer entre os seus terminais, denotada por E\mathcal{E}. Embora o termo “força” seja histórico — pois a f.e.m. não é uma força mas sim uma tensão — pode entender-se a fonte de f.e.m. como uma “bomba de cargas” que eleva as cargas do potencial mais baixo para o mais alto dentro da bateria.

Num circuito real, a bateria apresenta uma resistência interna rr, de modo que a tensão nos terminais, VtermV_{\text{term}}, difere da f.e.m. quando há corrente. A relação fundamental é

Vterm=EIr,V_{\text{term}} = \mathcal{E} - I\,r,

onde II é a corrente do circuito. Assim, quando o circuito está em circuito aberto (I=0I=0), Vterm=EV_{\text{term}} = \mathcal{E} (tensão em vazio), mas quando a corrente circula, parte da energia é dissipada internamente na bateria.

Combinando-se com a lei de Ohm para a resistência externa RR, obtém-se

E=IR+IrI=ER+r.\mathcal{E} = I R + I r \quad\Longrightarrow\quad I = \frac{\mathcal{E}}{R + r}.

Multiplicando por II vemos ainda que a potência total fornecida pela fonte, IEI\mathcal{E}, divide-se entre I2RI^2 R no circuito externo e I2rI^2 r na resistência interna. Para maximizar a potência útil, deve minimizar-se rr.



Secção 28.2 – Resistências em Série e em Paralelo
Descreve-se primeiro a montagem em série, onde resistências R1,R2,R_1, R_2, \dots partilham a mesma corrente II. A tensão total divide-se pelas resistências, resultando numa resistência equivalente

Req=R1+R2+,R_{\mathrm{eq}} = R_1 + R_2 + \cdots,

sempre maior do que qualquer resistência individual. Uma falha em série causa circuito aberto e interrompe toda a corrente.

Em seguida analisa-se a montagem em paralelo, em que todos as resistências estão sujeitos à mesma tensão VV mas a corrente divide-se em cada ramo. A resistência equivalente satisfaz

1Req=1R1+1R2+,\frac{1}{R_{\mathrm{eq}}} = \frac{1}{R_1} + \frac{1}{R_2} + \cdots,

sendo ReqR_{\mathrm{eq}} sempre inferior à mais pequena das resistências. Neste esquema, uma falha num ramo não impede a corrente nos restantes.

São também discutidas aplicações práticas: em paralelo, cada aparelho doméstico opera independentemente sob a mesma tensão; em série, como nos pequenos enfeites de Natal, usa-se um jumper interno para manter o circuito mesmo quando um filamento queima, mas isso aumenta a corrente nos restantes.



Secção 28.3 – Leis de Kirchhoff
Para circuitos mais complexos, que não se reduzem a simples séries ou paralelos, aplicam-se as duas leis de Kirchhoff:

  1. Lei dos Nós: a soma algébrica das correntes num nó (ponto de ramificação) é zero, refletindo a conservação de carga:
    IentradasIsaıˊdas=0.\sum I_{\text{entradas}} - \sum I_{\text{saídas}} = 0.

  2. Lei das Malhas: ao percorrer uma malha fechada, a soma das diferenças de potencial é nula, expressando a conservação de energia:
    ΔV=0.\sum \Delta V = 0.

Para aplicar, escolhe-se direções arbitrárias para as correntes e percorrem-se laços assumindo sinal positivo para subidas de potencial (por exemplo, atravessar a f.e.m. de – para +) e negativo para descidas (queda IRIR no sentido da corrente). Resolve-se então o sistema de equações lineares obtido, onde soluções negativas indicam correntes no sentido oposto ao assumido.

Este método geral permite analisar circuitos de múltiplos ramos e fontes, sendo essencial em casos de malhas e nós em número maior do que os casos tratáveis apenas com combinações série/paralelo.



Secção 28.4 – Circuitos RC

Num circuito RC em série, uma resistência R e um condensador C estão ligados a uma fonte de emf E\mathcal{E} através de um interruptor. Existem dois casos distintos:

  1. Carregamento do condensador

    • No instante em que o interruptor é colocado na posição de carga (t=0t=0), o condensador está descarregado (q=0q=0) e a corrente inicial máxima é

      Ii=ER.I_i=\frac{\mathcal{E}}{R}.

    • À medida que o condensador acumula carga, a diferença de potencial q/Cq/C cresce, reduzindo a corrente segundo a equação diferencial

      EqCiR=0,i=dqdt.\mathcal{E}-\frac{q}{C}-iR=0,\quad i=\frac{\mathrm{d}q}{\mathrm{d}t}.

      Integrando, obtém-se

      q(t)=Qmax(1et/RC),Qmax=CE,q(t)=Q_{\max}\bigl(1-e^{-t/RC}\bigr),\quad Q_{\max}=C\mathcal{E}, i(t)=ERet/RC.i(t)=\frac{\mathcal{E}}{R}e^{-t/RC}.

      A constante de tempo do circuito é

      τ=RC,\tau=RC,

      e caracteriza o decaimento exponencial: após t=τt=\tau, a carga atinge 63,2 % de QmaxQ_{\max} e a corrente cai para 36,8 % de IiI_i.

  2. Descarregamento do condensador

    • Se, após carregado, o interruptor passa para a posição de descarga num circuito sem fonte de emf, a equação da malha torna-se

      qC+iR=0,i=dqdt.\frac{q}{C}+iR=0,\quad i=-\frac{\mathrm{d}q}{\mathrm{d}t}.

      A solução é

      q(t)=Qiet/RC,i(t)=QiRCet/RC,q(t)=Q_i\,e^{-t/RC},\quad i(t)=-\frac{Q_i}{RC}\,e^{-t/RC},

      onde QiQ_i é a carga inicial do condensador e o sinal negativo em i(t)i(t) indica que a corrente flui no sentido oposto ao do carregamento.



Secção 28.5 – Instalações Elétricas Domésticas e Segurança

  1. Ligação da rede

    • A empresa de energia fornece duas fases em paralelo: o fio “vivo” (aprox. 230 V) e o fio neutro (0 V). Um contador mede a energia no fio vivo antes de o circuito interior se subdividir em vários ramos, cada um protegido por fusíveis ou disjuntores dimensionados para a corrente máxima do ramo.

    • Num circuito típico, aparelhos como uma torradeira (1 000 W), micro-ondas (1 300 W) e cafeteira (800 W) são ligados em paralelo consomem correntes individuais.

  2. Proteções e riscos

    • Curto-circuito: contacto acidental do fio vivo com terra ou neutro produz corrente muito elevada e dispara o disjuntor, evitando sobreaquecimento.

    • Fio de terra: em tomadas de três pinos, o terceiro fio liga a carcaça dos aparelhos à terra; em caso de fuga do fio vivo ao chassis, a corrente prefere esse caminho de baixa resistência, poupando o utilizador a choque elétrico.

    • GFCI (Ground-Fault Circuit Interrupter): usado em zonas húmidas (cozinhas, casas de banho), desliga o circuito em <1 ms ao detetar fugas de corrente, protegendo contra choques elétricos.

    • Efeitos no corpo humano: correntes ≤5 mA provocam apenas formigueiro; entre 10 mA e 100 mA podem causar contrações musculares e paragem respiratória; correntes de ≈1 A produzem queimaduras graves e podem ser fatais. Contacto com água ou superfícies metálicas aumenta o risco.


Resumo do Capítulo 28

  • Força electromotriz (f.e.m.) E\mathcal{E}: tensão máxima que uma fonte fornece em vazio; tensão aos terminais em carga:

    Vterm=EIr.V_{\rm term}=\mathcal{E}-I\,r.
  • Resistências em série e paralelo:

    Req(seˊrie)=iRi,1Req(par)=i1Ri.R_{\rm eq}^{(\text{série})}=\sum_i R_i, \quad \frac{1}{R_{\rm eq}^{(\text{par})}}=\sum_i\frac{1}{R_i}.
  • Leis de Kirchhoff:

    1. Lei dos Nós: Ientr=Isai\sum I_{\rm entr}=\sum I_{\rm sai}.

    2. Lei das Malhas: ΔV=0\sum\Delta V=0 em cada malha, com sinais conforme o sentido da corrente e polaridade das fontes.

  • Circuitos RC:

    • Carregamento:
      q(t)=CE(1et/RC),i(t)=ERet/RC.\displaystyle q(t)=C\mathcal{E}(1-e^{-t/RC}),\quad i(t)=\tfrac{\mathcal{E}}{R}e^{-t/RC}.

    • Descarregamento:
      q(t)=Qiet/RC,i(t)=QiRCet/RC.\displaystyle q(t)=Q_i\,e^{-t/RC},\quad i(t)=-\tfrac{Q_i}{RC}e^{-t/RC}.


 





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