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terça-feira, 6 de maio de 2025

Resumo extraído do Capítulo 4 do livro Discrete-Time Signal Processing de Oppenheim e Schafer, (3ª edição)


4 - Amostragem de sinais em tempo contínuo


Secção 4.1 – Amostragem Periódica

Esta secção introduz o conceito de amostragem periódica como a forma mais comum de obter representações em tempo discreto de sinais contínuos. A operação básica consiste em obter uma sequência de amostras x[n]=xc(nT)x[n] = x_c(nT), onde TT é o período de amostragem. A conversão ideal contínua-para-discreta (C/D) é representada por um modulador de trem de impulsos seguido pela conversão desses impulsos numa sequência discreta.

É destacado que a operação de amostragem, por si só, não é invertível sem restrições ao conteúdo em frequência do sinal original, o que leva à introdução do conceito de sinal de banda limitada. É feita uma representação matemática do processo através da multiplicação do sinal contínuo xc(t)x_c(t) por um trem de impulsos s(t)s(t), resultando numa expressão composta por impulsos com áreas iguais aos valores de xc(nT)x_c(nT). Esta modelação permite a análise do processo tanto no domínio do tempo como no da frequência.


Secção 4.2 – Representação no Domínio da Frequência da Amostragem

Esta secção desenvolve a análise da amostragem no domínio da frequência. Mostra que a transformada de Fourier do sinal amostrado xs(t)x_s(t) é uma soma de cópias deslocadas da transformada de Fourier do sinal original Xc(jΩ)X_c(j\Omega), espaçadas pela frequência de amostragem Ωs=2πT\Omega_s = \frac{2\pi}{T}. Esta replicação espectral pode causar sobreposição, ou aliasing, se Ωs<2ΩN\Omega_s < 2\Omega_N, onde ΩN\Omega_N é a frequência de Nyquist, definida como a maior frequência presente em xc(t)x_c(t).

O teorema da amostragem de Nyquist-Shannon é: um sinal contínuo de banda limitada pode ser reconstruído exatamente a partir das suas amostras, desde que a frequência de amostragem seja pelo menos o dobro da frequência máxima do sinal. São fornecidos exemplos com sinais sinusoidais que demonstram a ocorrência ou ausência de aliasing dependendo da frequência de amostragem usada.


Secção 4.3 – Reconstrução de um Sinal de Banda Limitada a partir das suas Amostras

A secção foca-se no processo inverso da amostragem: a reconstrução de xc(t)x_c(t) a partir de x[n]x[n]. Quando o sinal amostrado satisfaz o teorema de Nyquist, é possível reconstruí-lo exatamente utilizando um filtro passa-baixo ideal. O sistema ideal de reconstrução é chamado conversor ideal discreto-para-contínuo (D/C), que transforma a sequência x[n]x[n] num trem de impulsos e, posteriormente, aplica um filtro passa-baixo com resposta impulsiva hr(t)=sin(πt/T)πt/Th_r(t) = \frac{\sin(\pi t/T)}{\pi t/T}, resultando numa interpolação sinc dos valores amostrados.

A equação final expressa xr(t)x_r(t), o sinal reconstruído, como uma soma ponderada de funções sinc deslocadas no tempo. É mostrado que este processo gera um sinal contínuo cujos valores coincidem com os das amostras originais em t=nTt = nT, garantindo assim uma reconstrução perfeita sob as condições ideais.


Secção 4.4 – Processamento em Tempo Discreto de Sinais em Tempo Contínuo

Esta secção explora um dos principais objetivos do processamento digital de sinais: usar sistemas em tempo discreto para processar sinais analógicos (contínuos). Isto é feito interligando três blocos principais:

  1. Um conversor contínuo-para-discreto (C/D), que amostra o sinal analógico.

  2. Um sistema em tempo discreto (como um filtro digital).

  3. Um conversor discreto-para-contínuo (D/C), que reconstrói um sinal contínuo a partir do sinal processado.

Para que o sistema global se comporte como um sistema linear e invariante no tempo (LTI), duas condições devem ser cumpridas:

  • O sistema digital deve ser LTI.

  • A frequência de amostragem deve ser pelo menos igual à taxa de Nyquist para evitar aliasing.

Esta secção fornece uma análise em domínio da frequência que mostra como a resposta em frequência do sistema total pode ser entendida como o produto da resposta do sistema digital com a resposta do filtro de reconstrução, devidamente escalados.

São dados exemplos práticos:

  • Exemplo 4.3 mostra como realizar um filtro passa-baixo contínuo ideal usando um filtro digital passa-baixo.

  • Exemplo 4.4 mostra como implementar numericamente um diferenciador ideal contínuo através de um sistema digital.

Estes exemplos demonstram como, ajustando a frequência de corte e o período de amostragem, se consegue controlar a frequência de corte do sistema contínuo equivalente.


Secção 4.5 – Processamento em Tempo Contínuo de Sinais em Tempo Discreto

Aqui é apresentado o conceito complementar ao da secção anterior: usar sistemas contínuos para interpretar ou implementar comportamentos de sistemas discretos. Embora esta abordagem não seja habitual para implementação prática, tem valor teórico.

O sistema considerado consiste em:

  1. Um conversor D/C que interpola a sequência discreta através de uma função sinc.

  2. Um sistema contínuo LTI com resposta em frequência Hc(jΩ)H_c(j\Omega).

  3. Um conversor C/D que volta a amostrar o sinal filtrado.

Dado que o sinal reconstruído pelo D/C está limitado em banda (até π/T\pi/T), a operação do sistema contínuo pode ser interpretada como uma forma alternativa de aplicar uma operação sobre o sinal discreto.

Exemplos destacados:

  • Exemplo 4.7: mostra como implementar um atraso não-inteiro, algo não trivial no domínio discreto. Ao aplicar um atraso fracionário no domínio contínuo ao sinal interpolado, e depois voltar a amostrar, obtém-se o efeito desejado.

  • Exemplo 4.8: aplica essa ideia a um filtro de média móvel (moving average), onde se demonstra que um filtro de 6 pontos tem um atraso de 2.5 amostras, visível através do seu efeito sobre um cosseno amostrado.


Secção 4.6 – Alteração da Taxa de Amostragem Usando Processamento em Tempo Discreto

Esta secção aborda técnicas para alterar a taxa de amostragem de sinais discretos — uma necessidade comum em sistemas digitais. Duas operações principais são discutidas:

Redução da taxa de amostragem (downsampling)

Consiste em reduzir a taxa de amostragem em um fator inteiro MM, retendo apenas uma em cada MM amostras:

xd[n]=x[nM]x_d[n] = x[nM]

Este processo pode causar aliasing, tal como a amostragem contínua, se o sinal não for previamente limitado em frequência. Para evitar aliasing, é necessário que o sinal x[n]x[n] seja pré-filtrado com um filtro passa-baixo discreto.

A análise em frequência mostra que o espectro de xd[n]x_d[n] é composto por múltiplas cópias comprimidas do espectro de x[n]x[n], somadas entre si.

Exemplos visuais:

  • Figuras da secção mostram como o espectro muda com o downsampling, evidenciando os efeitos de aliasing e como evitá-los com pré-filtragem.

A operação inversa (aumento da taxa de amostragem, ou upsampling) será discutida em secções seguintes, mas esta secção foca-se na fundamentação teórica e nos efeitos espectrais da redução da taxa.


Secção 4.9 – Sobreamostragem e Modelação do Ruído na Conversão A/D e D/A

Esta secção aprofunda a utilização de técnicas de sobreamostragem (oversampling) e modelação de ruído (noise shaping) para melhorar o desempenho na conversão analógica-para-digital (A/D) e digital-para-analógica (D/A), permitindo uma representação mais precisa com menos bits de quantização.

4.9.1 Sobreamostragem com Quantização Directa

Ao aumentar a taxa de amostragem em relação à frequência de Nyquist (ou seja, sobreamostrar com um fator MM), é possível reduzir o ruído de quantização para um determinado tamanho de passo Δ\Delta do quantizador. Isto significa que podemos utilizar quantizadores com menos bits, mantendo a mesma precisão. A relação é tal que, ao duplicar MM, pode-se reduzir o número de bits em 0,5 para atingir o mesmo desempenho de relação sinal/ruído.

4.9.2 Sobreamostragem com Modelação do Ruído

Apenas sobreamostrar exige valores de MM muito elevados para obter grandes reduções no número de bits, o que é pouco prático. No entanto, ao introduzir um sistema de feedback que "modela" o espectro do ruído de quantização — deslocando-o para fora da banda útil do sinal — pode-se eliminar grande parte desse ruído através de filtragem subsequente. Este processo, chamado modelação de ruído, usa estruturas com realimentação para alterar a densidade espectral de potência do ruído, concentrando-o fora da banda ω<π/M|ω| < π/M. Isto permite ganhos maiores em eficiência de quantização, como demonstrado pela Tabela 4.1: com M=64M = 64, o ganho pode chegar a 8.1 bits com modelação de ruído de 1ª ordem, versus 3 bits com sobreamostragem directa.

4.9.3 Aplicação na Conversão D/A

As mesmas ideias são aplicáveis ao processo inverso (D/A). Aqui, a sequência digital é primeiro aumentada em taxa (upsampled), sujeita a modelação de ruído e depois reconvertida para o domínio contínuo por um conversor D/A. A ideia é que a modelação de ruído afaste o ruído da banda do sinal para que a filtragem analógica final possa removê-lo de forma mais eficaz, permitindo o uso de conversores com menos bits. A ordem da modelação de ruído (por exemplo, 1ª, 2ª ou até 5ª ordem) permite controlar ainda mais este efeito, como mostrado na Tabela 4.2. Contudo, ordens mais elevadas trazem riscos de instabilidade, o que levou ao desenvolvimento de estruturas alternativas como MASH (Multistage Noise Shaping).


Secção 4.10 – Resumo do Capítulo

Esta secção recapitula os principais tópicos abordados no capítulo:

  • O teorema de Nyquist-Shannon é a base para a representação de sinais contínuos por amostras discretas.

  • É possível reconstruir um sinal contínuo de forma exata a partir das suas amostras se a taxa de amostragem for suficiente (acima do dobro da frequência máxima do sinal).

  • Processamento digital de sinais contínuos envolve amostragem, processamento em tempo discreto, e reconstrução.

  • Técnicas como subamostragem (downsampling), sobreamostragem (upsampling), e conversão de taxas não inteiras são fundamentais em aplicações digitais.

  • Foi dada ênfase às implicações práticas como a necessidade de filtros anti-aliasing, a influência do ruído de quantização, e estratégias como decimação, interpolação e modelação de ruído para melhorar a eficiência das conversões A/D e D/A.

Estas ideias oferecem as bases para sistemas modernos como áudio digital (e.g., CD) e comunicações, onde a relação entre o domínio contínuo e o discreto é fundamental.



Capítulo 4 do livro Discrete-Time Signal Processing de Oppenheim e Schafer, (3ª edição)


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sexta-feira, 2 de maio de 2025

Resumo extraído do Capítulo 10 do livro Microelectronic Circuits de Sedra e Smith, (6.ª edição)


Capítulo 10 – Feedback 


Secção 10.1 – A Estrutura Geral de Realimentação 

Esta secção introduz a estrutura básica de um amplificador com realimentação negativa, usando um diagrama de fluxo de sinal. O sistema é composto por:

  • Um amplificador de malha aberta com ganho AA;

  • Uma rede de realimentação que devolve parte do sinal de saída à entrada;

  • Um somador que subtrai o sinal de realimentação xfx_f do sinal de entrada xsx_s, resultando no sinal xix_i que entra no amplificador.

O sinal de realimentação xfx_f é uma fração da saída xox_o, dada por xf=βxox_f = \beta x_o. O ganho da malha fechada AfA_f é derivado como:

Af=A1+AβA_f = \frac{A}{1 + A\beta}

O produto AβA\beta é designado ganho de malha (loop gain). Quando Aβ1A\beta \gg 1, o ganho do sistema depende principalmente de β\beta, o que permite obter ganhos precisos e estáveis, pois β\beta é normalmente determinado por componentes passivos.

A secção reforça também o conceito de sinal de erro xix_i, que tende para zero quando o ganho de malha é elevado, promovendo uma operação linear do amplificador.


Secção 10.2 – Algumas Propriedades da Realimentação Negativa 

Nesta secção, discutem-se os principais benefícios da realimentação negativa:

1. Desensibilização do Ganho:

Reduz a sensibilidade do ganho da malha fechada a variações no ganho do amplificador. Um pequeno desvio em AA causa uma variação muito menor em AfA_f, dependendo da quantidade de realimentação 1+Aβ1 + A\beta.

2. Extensão da Largura de Banda:

Para um amplificador com uma única frequência de corte ωH\omega_H, a aplicação de realimentação negativa aumenta a frequência de corte para:

ωHf=ωH(1+AMβ)\omega_{Hf} = \omega_H (1 + A_M\beta)

Reduz-se o ganho, mas aumenta-se a largura de banda, mantendo constante o produto ganho-largura de banda.

3. Redução de Interferência:

Ao intercalar um amplificador livre de interferências antes do estágio sujeito a ruído e aplicar realimentação, melhora-se a relação sinal/interferência. O benefício só ocorre se a interferência puder ser isolada de forma prática.

4. Redução da Distorção Não Linear:

A realimentação reduz as variações no ganho devido a não linearidades internas do amplificador. Isto resulta numa característica de transferência mais linear, embora com um ganho menor. A saturação, no entanto, não pode ser corrigida por realimentação.


Secção 10.3 – As Quatro Topologias Básicas de Realimentação 

Esta secção classifica amplificadores em quatro tipos, com base nas quantidades de entrada e saída, e associa a cada um uma topologia de realimentação apropriada:

1. Amplificadores de Tensão:

  • Entrada: tensão

  • Saída: tensão

  • Topologia: série–shunt (mistura série na entrada, amostragem shunt na saída)

  • Efeitos: aumento da resistência de entrada, diminuição da resistência de saída

2. Amplificadores de Corrente:

  • Entrada: corrente

  • Saída: corrente

  • Topologia: shunt–série (mistura shunt na entrada, amostragem série na saída)

  • Efeitos: diminuição da resistência de entrada, aumento da resistência de saída

3. Amplificadores de Transcondutância:

  • Entrada: tensão

  • Saída: corrente

  • Topologia: série–série

  • Efeitos: aumento das resistências de entrada e saída

4. Amplificadores de Transresistência:

  • Entrada: corrente

  • Saída: tensão

  • Topologia: shunt–shunt

  • Efeitos: diminuição das resistências de entrada e saída

Cada topologia é ilustrada com circuitos práticos, mostrando como a realimentação é implementada e como se garante que seja negativa.


Secção 10.4 – O Amplificador de Tensão com Realimentação (Série–Shunt)

10.4.1 – Caso Ideal

A estrutura ideal de um amplificador de tensão com realimentação série–shunt é composta por:

  • Um amplificador de malha aberta com resistência de entrada RiR_i, ganho de tensão A=Vo/ViA = V_o/V_i e resistência de saída RoR_o;

  • Uma rede de realimentação que mistura em série na entrada e amostra em paralelo (shunt) na saída;

  • Fontes e cargas absorvidas no bloco do amplificador.

O ganho de tensão com realimentação é:

Af=A1+AβA_f = \frac{A}{1 + A\beta}

A resistência de entrada com realimentação aumenta:

Rif=Ri(1+Aβ)R_{if} = R_i (1 + A\beta)

A resistência de saída com realimentação diminui:

Rof=Ro1+AβR_{of} = \frac{R_o}{1 + A\beta}

Estes efeitos são desejáveis num amplificador de tensão: entrada alta impedância, saída baixa impedância, e ganho estável.

10.4.2 – Caso Prático

Na prática, a rede de realimentação pode carregar o amplificador e alterar os valores de AA, RiR_i, e RoR_o. Para lidar com isso, Sedra e Smith recomendam:

  • Representar a rede de realimentação com parâmetros h (modelo híbrido), pois facilita a análise de ligações série (entrada) e shunt (saída);

  • Desprezar o parâmetro h21h_{21}, assumindo que a rede de realimentação é passiva;

  • Determinar o bloco A (amplificador base) incluindo os efeitos da carga e da fonte;

  • Determinar β=h12\beta = h_{12}, medindo a proporção entre o sinal na entrada e na saída da rede, com entrada aberta (devido à ligação série).

10.4.3 – Resumo

Para sistemas com realimentação série–shunt:

  • Curto-circuita a porta ligada em shunt;

  • Abre a porta ligada em série;

  • Determina AA, β\beta, RiR_i, e RoR_o com estas condições;

  • Aplica as fórmulas:

    • Rif=Ri(1+Aβ)R_{if} = R_i (1 + A\beta)

    • Rof=Ro1+AβR_{of} = \frac{R_o}{1 + A\beta}

Dois exemplos (com amplificadores operacionais e MOSFETs) são trabalhados com valores numéricos para ilustrar o processo.


Secção 10.5 – O Amplificador de Transcondutância com Realimentação (Série–Série)

10.5.1 – Caso Ideal

Este tipo de amplificador:

  • Recebe uma tensão de entrada;

  • Fornece uma corrente de saída (ganho A=Io/ViA = I_o/V_i);

  • Utiliza realimentação série na entrada e série na saída.

O sistema ideal consiste num:

  • Amplificador de malha aberta com entrada de resistência RiR_i, saída RoR_o, e transcondutância AA;

  • Rede de realimentação que converte a corrente de saída IoI_o numa tensão Vf=βIoV_f = \beta I_o, que é subtraída de VsV_s.

Ganho com realimentação:

Af=A1+AβA_f = \frac{A}{1 + A\beta}

Efeitos principais:

  • A resistência de entrada aumenta: Rif=Ri(1+Aβ)R_{if} = R_i (1 + A\beta);

  • A resistência de saída aumenta: Rof=Ro(1+Aβ)R_{of} = R_o (1 + A\beta).

10.5.2 – Caso Prático

O processo para análise prática é semelhante ao da secção anterior:

  • Representa-se a rede de realimentação com parâmetros z (impedância), já que as ligações série aparecem tanto na entrada como na saída;

  • O parâmetro β=z12\beta = z_{12} pode ser obtido medindo a tensão de realimentação em função da corrente de saída;

  • A resistência de entrada considera o efeito de abrir a porta de saída;

  • A resistência de saída é calculada com a porta de entrada aberta.


Secção 10.6 – O Amplificador de Transresistência com Realimentação (Shunt–Shunt)

10.6.1 – Caso Ideal

O amplificador de transresistência converte corrente de entrada em tensão de saída:

  • A=Vo/IiA = V_o/I_i

A realimentação:

  • Amostra a tensão de saída (shunt na saída);

  • Injeta uma corrente de realimentação na entrada (shunt na entrada).

Rede ideal:

  • O amplificador tem resistência de entrada RiR_i, resistência de saída RoR_o, e ganho AA;

  • A rede fornece If=βVoI_f = \beta V_o, sendo misturado com IsI_s para produzir IiI_i.

Ganho com realimentação:

Af=A1+AβA_f = \frac{A}{1 + A\beta}

Efeitos principais:

  • A resistência de entrada diminui: Rif=Ri1+AβR_{if} = \frac{R_i}{1 + A\beta}

  • A resistência de saída diminui: Rof=Ro1+AβR_{of} = \frac{R_o}{1 + A\beta}

10.6.2 – Caso Prático

Nesta topologia:

  • Utilizam-se parâmetros y (admitância) para descrever a rede de realimentação;

  • A porta de entrada é shunt (mistura em paralelo), portanto deve ser curto-circuitada para calcular os efeitos da carga;

  • A porta de saída também é shunt, sendo curto-circuitada para isolar a rede.

Determina-se β=y21\beta = y_{21} aplicando uma tensão à saída e medindo a corrente injectada na entrada (com entrada em curto-circuito).


Secção 10.7 – O Amplificador de Corrente com Realimentação (Shunt–Série)

10.7.1 – Caso Ideal

Este amplificador:

  • Recebe uma corrente de entrada;

  • Fornece uma corrente de saída;

  • É caracterizado por um ganho de corrente A=Io/IiA = I_o / I_i;

  • Utiliza uma topologia shunt–série, ou seja, mistura em paralelo na entrada e amostra em série na saída.

A estrutura ideal inclui:

  • Um amplificador com resistência de entrada RiR_i, resistência de saída RoR_o, e ganho de corrente AA;

  • Uma rede de realimentação que converte a corrente de saída IoI_o numa corrente If=βIoI_f = \beta I_o que é subtraída da corrente da fonte IsI_s, produzindo IiI_i.

O ganho com realimentação:

Af=A1+AβA_f = \frac{A}{1 + A\beta}

As resistências alteram-se da seguinte forma:

  • A resistência de entrada diminui:

    Rif=Ri1+AβR_{if} = \frac{R_i}{1 + A\beta}
  • A resistência de saída aumenta:

    Rof=Ro(1+Aβ)R_{of} = R_o (1 + A\beta)

10.7.2 – Caso Prático

Utiliza-se o modelo g (transcondutância/admitância) para a rede de realimentação, apropriado para conexões shunt (paralelas). Para determinar os efeitos da rede:

  • A porta de entrada (mistura shunt) é curto-circuitada;

  • A porta de saída (amostragem série) é aberta.

Para obter β=g21\beta = g_{21}, aplica-se uma corrente na saída e mede-se a corrente de realimentação que entra na entrada, com esta em curto-circuito.


Secção 10.8 – Resumo do Método de Análise com Realimentação

Esta secção sintetiza o método sistemático para analisar qualquer amplificador com realimentação negativa, dividido nos seguintes passos:

  1. Identificar o tipo de amplificador (tensão, corrente, transcondutância ou transresistência);

  2. Determinar a topologia de realimentação adequada (série–shunt, série–série, shunt–shunt ou shunt–série);

  3. Isolar o circuito A (malha aberta), incluindo os efeitos das resistências de fonte e carga, bem como da rede de realimentação (através da sua carga);

  4. Determinar o ganho de malha aberta AA, resistência de entrada RiR_i e de saída RoR_o;

  5. Determinar o fator de realimentação β\beta;

  6. Calcular o ganho com realimentação:

    Af=A1+AβA_f = \frac{A}{1 + A\beta}
  7. Calcular as resistências com realimentação com base na topologia:

Topologia RifR_{if} RofR_{of}
Série–shunt Ri(1+Aβ)R_i (1 + A\beta) Ro/(1+Aβ)R_o / (1 + A\beta)
Série–série Ri(1+Aβ)R_i (1 + A\beta) Ro(1+Aβ)R_o (1 + A\beta)
Shunt–shunt Ri/(1+Aβ)R_i / (1 + A\beta) Ro/(1+Aβ)R_o / (1 + A\beta)
Shunt–série Ri/(1+Aβ)R_i / (1 + A\beta) Ro(1+Aβ)R_o (1 + A\beta)

Este resumo serve como um guia rápido para a análise de qualquer circuito com realimentação.


Secção 10.9 – Determinação do Ganho de Malha (Loop Gain)

O ganho de malha

AβA\beta é um parâmetro central na análise de amplificadores com realimentação negativa.

Método de Determinação:

  1. Abrir a malha – rompe-se o laço de realimentação num ponto apropriado do circuito;

  2. Inserir uma fonte de teste no ponto de ruptura (pode ser uma fonte de tensão ou corrente, conforme a topologia);

  3. Calcular a resposta do sistema à fonte de teste;

  4. O ganho de malha é definido como:

    Aβ=sinal de realimentac¸a˜o (feedback)sinal de testeA\beta = \frac{\text{sinal de realimentação (feedback)}}{\text{sinal de teste}}

Observações:

  • A abertura da malha deve preservar a impedância de entrada e saída originais;

  • Esta abordagem é particularmente útil quando se pretende analisar a estabilidade do sistema;

  • Será usada nas secções seguintes para estudar o problema da estabilidade e a compensação em frequência.


Secção 10.10 – O Problema da Estabilidade

A realimentação negativa, embora traga vantagens (ganho estável, menor distorção, etc.), pode comprometer a estabilidade do amplificador quando envolve sinais dependentes da frequência.

Oscilações não desejadas:

  • Um sistema com realimentação negativa pode tornar-se instável e entrar em oscilação se o ganho de malha AβA\beta se tornar negativo (i.e., com mudança de fase de 180° e magnitude ≥ 1).

  • Esta oscilação ocorre quando a realimentação se transforma efetivamente em positiva a certas frequências, devido a efeitos de fase introduzidos por múltiplos polos.

Critério de estabilidade:

  • Um amplificador com realimentação é potencialmente instável se, para alguma frequência, a magnitude de AβA\beta for ≥ 1 e a fase total for 180°.

  • Para garantir estabilidade: quando Aβ=180°\angle A\beta = -180°, a magnitude Aβ|A\beta| deve ser inferior a 1.

Exemplo: AmpOp realimentado:

  • Um AmpOp com múltiplos polos e sem compensação pode oscilar quando usado com realimentação.


Secção 10.11 – Efeito da Realimentação sobre os Polos do Amplificador

Esta secção examina como a realimentação altera a resposta em frequência, modificando os polos do amplificador.

Amplificador de malha aberta com dois polos:

Ganho:

A(s)=A0(1+s/p1)(1+s/p2)A(s) = \frac{A_0}{(1 + s/p_1)(1 + s/p_2)}

Com realimentação:

Af(s)=A(s)1+βA(s)A_f(s) = \frac{A(s)}{1 + \beta A(s)}

Efeitos principais:

  1. Polos deslocam-se para frequências mais elevadas:

    • Os polos movem-se para a direita no plano complexo (frequência aumenta);

    • Isso resulta num aumento da largura de banda do sistema;

  2. Separação entre os polos diminui:

    • Quanto mais separados os polos estiverem no amplificador de malha aberta, mais benéfico é o efeito da realimentação;

  3. Realimentação pode alterar a natureza dos polos:

    • Polos reais podem tornar-se complexos conjugados;

    • Se o sistema se aproximar de um par de polos com parte real pequena, pode gerar picos na resposta em frequência (ressonância).

Conclusão:

A realimentação negativa melhora a largura de banda mas pode também reduzir a margem de estabilidade, exigindo atenção à posição dos polos.


Secção 10.12 – Estudo da Estabilidade com Diagramas de Bode

A estabilidade pode ser avaliada visualmente com o uso de diagramas de Bode para o ganho de malha 

AβA\beta.

Critérios importantes:

  • Margem de fase (PM):

    • A diferença entre a fase de AβA\beta e -180° quando Aβ=1|A\beta| = 1;

    • PM ≥ 45° é geralmente desejável para garantir estabilidade e evitar picos excessivos na resposta.

  • Margem de ganho (GM):

    • O valor de Aβ|A\beta| em dB abaixo de 0 dB quando a fase atinge -180°;

    • Também deve ser positivo (tipicamente ≥ 10 dB).

Etapas para o estudo com Bode:

  1. Traçar Aβ|A\beta| e Aβ\angle A\beta;

  2. Determinar a frequência de ganho unitário (onde Aβ=1|A\beta| = 1);

  3. Avaliar a margem de fase nessa frequência.

Exemplo:

Um sistema com dois polos muito afastados terá boa margem de fase; se os polos forem próximos, a margem pode ser insuficiente e a resposta em frequência exibirá sobre-elevação (overshoot) ou até instabilidade.


Secção 10.13 – Compensação em Frequência

Quando o amplificador realimentado não é estável, é necessário aplicar compensação para controlar o comportamento em frequência.

Objetivo:

Modificar a função A(s)A(s) de modo que o ganho de malha AβA\beta tenha margens de estabilidade adequadas (PM e GM).

Métodos comuns:

  1. Compensação por polo dominante:

    • Introduz um novo polo de baixa frequência que domina o comportamento;

    • Os polos de alta frequência são relegados a frequências mais elevadas;

    • Tipicamente usada em AmpOps (por exemplo, através de um condensador de compensação interno);

  2. Compensação por zero:

    • Introduz um zero para cancelar ou deslocar polos;

    • Pode aumentar a margem de fase;

  3. Compensação com realimentação de Miller:

    • Utiliza a capacidade de Miller para mover um polo para frequências mais baixas;

    • Frequentemente empregada com transístores bipolares ou MOSFETs.

Compensação interna vs externa:

  • Muitos AmpOps são compensados internamente para garantir estabilidade com ganho unitário;

  • Noutros casos, o projetista deve dimensionar redes externas para estabilizar o sistema.


 

Capítulo 10 do livro Microelectronic Circuits de Sedra e Smith, (6.ª edição)



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terça-feira, 29 de abril de 2025

Resumo extraído do Capítulo 1 do livro Structured Computer Organization de Andrew S. Tanenbaum (5.ª edição)

1. Introdução

Este capítulo começa por definir o que é um computador digital: uma máquina capaz de resolver problemas executando instruções fornecidas por pessoas. Estas instruções formam programas, que têm de ser convertidos numa linguagem de máquina simples para serem executados. Como esta linguagem é difícil de usar, os sistemas são estruturados em camadas ou níveis de abstração para facilitar o seu desenvolvimento e utilização. Este conceito é a base da “organização estruturada dos computadores”.


1.1 Organização Estruturada de Computadores

1.1.1 – Linguagens, Níveis e Máquinas Virtuais

A diferença entre o que é conveniente para as pessoas e para os computadores exige a criação de linguagens intermédias. Cada linguagem (L0, L1, L2, ..., Ln) representa um nível (ou máquina virtual) de abstração. A execução de programas escritos nestas linguagens pode ser feita por tradução (converter para uma linguagem de nível inferior) ou por interpretação (executar directamente, instrução a instrução).

Isto dá origem à ideia de uma máquina multinível, onde apenas o nível mais baixo (L0) é executado directamente pelo hardware. Os níveis superiores são implementados por interpretadores ou tradutores baseados nos níveis inferiores. Esta estrutura facilita o desenvolvimento de sistemas complexos, escondendo detalhes de baixo nível e aproximando a linguagem da máquina à forma como os humanos pensam.

1.1.2 – Máquinas Multinível Contemporâneas

A maioria dos computadores modernos é estruturada em múltiplos níveis (até seis), desde o nível de hardware até às linguagens orientadas ao utilizador. Estes níveis são:

  1. Nível 0 – Lógica Digital: baseia-se em portas lógicas digitais (AND, OR, etc.), implementadas com transístores.

  2. Nível 1 – Microarquitectura: combina registos e uma ALU (Unidade Aritmética e Lógica). Pode ser controlado por hardware ou por microprogramas.

  3. Nível 2 – Arquitetura do Conjunto de Instruções (ISA): é a interface formal entre hardware e software. Define o conjunto de instruções que a máquina pode executar.

  4. Nível 3 – Máquina do Sistema Operativo: adiciona funcionalidades como multitarefa e manipulação de memória, interpretadas pelo sistema operativo.

  5. Nível 4 – Linguagem Assembly: forma simbólica da linguagem da máquina, traduzida por um assembler.

  6. Nível 5 – Linguagens de Alto Nível: como C, Java, etc., traduzidas por compiladores ou interpretadas.

Cada nível é construído com base no anterior, e os programadores de aplicações normalmente trabalham nos níveis mais altos, abstraindo-se dos níveis inferiores.

1.1.3 – Evolução das Máquinas Multinível

Historicamente, os computadores começaram com apenas dois níveis (lógica digital e ISA). A introdução da microprogramação por Maurice Wilkes simplificou o hardware ao mover parte do controlo para o software.

O sistema operativo surgiu para automatizar a operação dos computadores, criando um novo nível virtual. Ao longo do tempo, mais funcionalidades foram adicionadas ao microcódigo e aos sistemas operativos, aumentando a complexidade dos níveis intermédios.

Na década de 1980, houve uma tendência para eliminar a microprogramação em favor de execução direta (hardware controlado), como nas arquiteturas RISC. A linha entre hardware e software tornou-se cada vez mais fluida: funcionalidades podem ser implementadas em qualquer nível, dependendo do custo, desempenho e fiabilidade.


Secção 1.2 – Marcos na Arquitetura de Computadores

1.2.1 – Geração Zero: Computadores Mecânicos (1642–1945)

Iniciada com Pascal e Leibniz, esta geração é marcada por máquinas de cálculo mecânicas. Charles Babbage idealizou a Analytical Engine, considerada a antecessora dos computadores modernos. Ada Lovelace foi a primeira programadora da história.

1.2.2 – Primeira Geração: Válvulas de Vácuo (1945–1955)

Com o estímulo da Segunda Guerra Mundial, surgiram os primeiros computadores electrónicos como o ENIAC, EDSAC e Whirlwind I. John von Neumann propôs o modelo de computador com armazenamento em memória, que ainda hoje é usado (arquitetura de Von Neumann).

1.2.3 – Segunda Geração: Transístores (1955–1965)

A invenção do transístor permitiu construir computadores mais fiáveis e eficientes. Destacam-se o IBM 7094 (científico), o CDC 6600 (supercomputador com unidades funcionais paralelas), e o PDP-8 (minicomputador popular da DEC).

1.2.4 – Terceira Geração: Circuitos Integrados (1965–1980)

Com os circuitos integrados, surgem famílias de computadores como o IBM System/360, com várias versões compatíveis entre si. Introduziu-se o conceito de emulação e multiprogramação. No mundo dos minicomputadores, destaca-se o PDP-11 da DEC.

1.2.5 – Quarta Geração: VLSI e Computadores Pessoais (1980–?)

A integração em larga escala (VLSI) possibilitou a criação de computadores pessoais. O IBM PC, lançado em 1981, dominou o mercado, dando origem à indústria dos clones de PC. A Apple destacou-se com o Macintosh e o conceito de interface gráfica (GUI). Nesta geração destacam-se ainda os processadores RISC, como o MIPS e SPARC, e o Alpha da DEC (64 bits).

1.2.6 – Quinta Geração: Computadores Invisíveis

A promessa japonesa de inteligência artificial não se concretizou como esperado. No entanto, deu-se o aparecimento dos computadores invisíveis: embebidos em dispositivos, cartões e electrodomésticos. Esta visão, chamada computação ubíqua ou computação pervasiva, representa uma mudança de paradigma mais do que uma nova arquitetura.


1.3 – O Zoo dos Computadores

Esta secção explora a diversidade atual de computadores, motivada por forças tecnológicas e económicas.

1.3.1 – Forças Tecnológicas e Económicas

A evolução do hardware tem sido guiada pela Lei de Moore, que prevê a duplicação de transístores por chip de circuito integrado a cada 18 meses. Isso permite mais memória e maior desempenho. A crescente capacidade dos chips impulsiona novas aplicações e mercados, alimentando um ciclo virtuoso de inovação tecnológica.

1.3.2 – O Espectro dos Computadores

Os computadores variam desde os mais baratos (como cartões com chips descartáveis) até supercomputadores. O autor apresenta uma escala com tipos de computadores, preços aproximados e exemplos de aplicação, demonstrando a diversidade de equipamentos existentes.

1.3.3 – Computadores Descártaveis

Exemplos incluem chips RFID, usados em etiquetas inteligentes e até em seres vivos. Estes chips, sem bateria, são ativados por sinais externos e podem ser usados para identificação e seguimento de objetos, pessoas e animais, levantando implicações éticas e sociais.

1.3.4 – Microcontroladores

Presentes em electrodomésticos, brinquedos, carros e equipamentos médicos. São computadores completos (CPU, memória, E/S) integrados num único chip, programados para tarefas específicas e produzidos em massa a baixo custo.

1.3.5 – Computadores de Jogo

Ex: consolas como a Xbox e PlayStation. São sistemas especializados em multimédia, com CPUs gráficas poderosas e arquitecturas optimizadas para jogos.

1.3.6 – Computadores Pessoais

Incluem computadores de secretária, portáteis e PDAs. Têm múltiplos periféricos e sistemas operativos complexos. Os portáteis são versões compactas dos de secretária.

1.3.7 – Servidores

Computadores semelhantes a PCs mas com mais capacidade de memória, armazenamento e rede. São utilizados em redes empresariais e na Internet, executando sistemas operativos como Linux ou Windows Server.

1.3.8 – Conjuntos de Estações de Trabalho (COWs)

Clusters de computadores interligados que operam como um sistema único para tarefas paralelas. São usados como supercomputadores baratos ou "server farms" em sites de grande tráfego.

1.3.9 – Mainframes

Máquinas grandes e antigas, usadas ainda hoje por empresas com investimentos pesados em software antigo. Têm grande capacidade de E/S e armazenamento e foram ressuscitadas com a Internet para lidar com grandes volumes de transacções.

1.3.10 – Supercomputadores

Antes mais poderosos que os mainframes, hoje têm menos relevância, sendo substituídos por clusters mais baratos e flexíveis.


1.4 – Famílias de Computadores de Exemplo

O livro foca-se em três tipos de computadores:

  1. Computadores Pessoais – representados pelo Pentium 4

  2. Servidores – representados pelo UltraSPARC III

  3. Computadores Embebidos – representados pelo 8051

1.4.1 – Introdução ao Pentium 4

A família de CPUs da Intel evoluiu do 4004 (1970) até ao Pentium 4, com grande compatibilidade com versões anteriores. O Pentium Pro introduziu cache de dois níveis e execução paralela de até 5 instruções. O Pentium 4 trouxe a tecnologia de hyperthreading e novas instruções multimédia (SSE).

1.4.2 – Introdução ao UltraSPARC III

A Sun Microsystems criou a linha SPARC, baseada numa arquitectura RISC. A CPU UltraSPARC III, com 64 bits e total compatibilidade retroactiva, é um exemplo de processador poderoso para servidores. O SPARC distingue-se por ser uma arquitetura aberta com vários fabricantes licenciados.

1.4.3 – Introdução ao 8051

O 8051 é um microcontrolador de 8 bits com CPU, memória e E/S num só chip, lançado pela Intel em 1980. Muito usado em sistemas embebidos devido ao seu baixo custo, larga disponibilidade, vasta documentação e suporte por múltiplos fabricantes. Há variantes como o 8751 (regravável) e o 8052 (mais memória). A família MCS-51 é ainda amplamente usada em engenharia e investigação.


1.5 – Unidades Métricas

Esta secção esclarece o uso das unidades métricas no contexto da ciência computacional, e especialmente nas áreas de armazenamento e transmissão de dados.

Unidades Padrão

  • A informática adopta o sistema métrico internacional (SI), evitando unidades tradicionais anglo-saxónicas.

  • As principais prefixos métricos utilizados são:

    • mili (10⁻³), micro (10⁻⁶), nano (10⁻⁹), pico (10⁻¹²), kilo (10³), mega (10⁶), giga (10⁹), tera (10¹²), entre outros.

Ambiguidade entre base 10 e base 2

  • No contexto da memória, a indústria usa:

    • 1 KB = 2¹⁰ = 1024 bytes,

    • 1 MB = 2²⁰ = 1.048.576 bytes,

    • 1 GB = 2³⁰ = 1.073.741.824 bytes,

    • 1 TB = 2⁴⁰ = 1.099.511.627.776 bytes.

  • Contudo, em comunicações, os prefixos referem-se a potências de 10:

    • 1 kbps = 10³ bits/segundo,

    • 1 Mbps = 10⁶ bits/segundo, etc.

Esta dualidade pode causar confusão, por isso o livro usa:

  • KB, MB, GB, TB → para potências de 2 (memória),

  • kbps, Mbps, Gbps, Tbps → para potências de 10 (transmissão de dados).


1.6 – Estrutura do Livro

Esta secção apresenta uma visão geral da estrutura e abordagem do livro.

Objectivo principal

O livro trata da organização estruturada de computadores multinível, examinando quatro níveis em detalhe:

  1. Lógica digital – circuitos e portas lógicas.

  2. Microarquitectura – como o hardware interpreta instruções da ISA.

  3. ISA (Instruction Set Architecture) – conjunto de instruções da máquina.

  4. Máquina do sistema operativo – funcionalidades oferecidas pelo sistema operativo.

A obra foca-se em conceitos fundamentais e exemplos práticos, evitando pormenores excessivamente matemáticos ou técnicos.

Exemplos usados

Serão utilizados três computadores de referência ao longo do livro:

  • Pentium 4 (PCs),

  • UltraSPARC III (servidores),

  • 8051 (sistemas embebidos).

Estes foram escolhidos por:

  • Serem largamente utilizados.

  • Apresentarem arquitecturas diferentes.

  • Permitirem comparação crítica entre soluções de design.

O autor destaca que não se trata de um manual de programação de nenhuma dessas máquinas, mas sim de uma exploração dos princípios subjacentes a todas elas.

Estrutura dos capítulos seguintes

  • Cap. 2: Introdução aos componentes principais (processadores, memórias, E/S).

  • Cap. 3: Nível de lógica digital – portas, circuitos e álgebra booleana.

  • Cap. 4: Microarquitectura – implementação da ISA.

  • Cap. 5: ISA – detalhes das instruções e dados.

  • Cap. 6: Nível do sistema operativo – controlo de processos, memória, etc.

  • Cap. 7: Linguagem assembly e o processo de ligação (linking).

  • Cap. 8: Computadores paralelos – multiprocessadores, COWs e SoCs.

  • Cap. 9: Leituras sugeridas e bibliografia anotada.




Capa do livro Structured Computer Organization de Andrew S. Tanenbaum (5.ª edição)

Capítulo 1 do livro Structured Computer Organization de Andrew S. Tanenbaum (5.ª edição)





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domingo, 27 de abril de 2025

Resumo extraído do Capítulo 2 do livro Automating Manufacturing Systems with PLCs de Hugh Jack

 

2. PROGRAMMABLE LOGIC CONTROLLERS


2.1 INTRODUÇÃO

Esta secção inicia com uma perspetiva histórica da engenharia de controlo, destacando como, inicialmente, os seres humanos eram os principais elementos no controlo dos processos. Com o tempo, o uso de sistemas eléctricos baseados em relés permitiu automatizar decisões lógicas simples, mas foi a introdução de computadores de baixo custo que impulsionou a revolução dos Controladores Lógicos Programáveis (PLCs) a partir dos anos 1970.


Pontos-chave:

  • Evolução dos métodos de controlo: de humanos para relés e, por fim, para PLCs.

  • Vantagens dos PLCs:

    • Custo-efetividade na gestão de sistemas complexos;

    • Flexibilidade para reprogramação e adaptação a novos processos;

    • Capacidades computacionais superiores que permitem controlo sofisticado;

    • Ferramentas de diagnóstico que reduzem o tempo de paragem;

    • Alta fiabilidade dos componentes que garantem uma longa vida útil.


2.1.1 LADDER LOGIC

Nesta secção apresenta-se a linguagem Ladder, o método principal de programação para PLCs.


Pontos-chave:

  • Relação com a lógica de relés:
    Ladder logic foi desenvolvida para imitar os circuitos de relés, facilitando a transição para os PLCs sem exigir uma grande formação de engenheiros e técnicos.

  • Representação gráfica:
    É utilizado um formato que se assemelha a uma escada, onde os “trilhos” verticais representam as ligações de energia (alimentação e neutro) e os “degraus” contêm os contactos (normalmente abertos e fechados) e as bobinas de saída.

  • Objetivos de aprendizagem:

    • Compreender os fundamentos dos PLCs;

    • Aprender a desenvolver e interpretar programas simples em Ladder logic;

    • Reconhecer a evolução histórica e as razões para a sua adoção generalizada.


2.1.2 PROGRAMAÇÃO

Esta secção explica os diferentes métodos de programação utilizados nos PLCs, com ênfase na transição dos esquemas de relés para linguagens de programação mais abstratas.


Pontos-chave:

  • Programação baseada em diagramas de relé:
    Nos primeiros PLCs, os programas eram desenhados de forma a refletir os esquemas elétricos tradicionais, simplificando o processo de adaptação para técnicos.

  • Uso de mnemónicos:
    São instruções que correspondem diretamente às funções representadas no Ladder logic (por exemplo, instruções como LDN, LD, AND, OR, ST) e que, por uma questão de eficiência, eram convertidas para operações internas no PLC.

  • Diversidade de linguagens:
    Além do Ladder, mencionam-se outras abordagens, como os Sequential Function Charts (SFCs) – que se assemelham a fluxogramas, e o Structured Text, uma linguagem similar ao BASIC para uma programação mais estruturada.

  • Conversão interna:
    Mesmo que o programador utilize Ladder logic, este é convertido internamente para uma forma mnemónica antes de ser executado, garantindo uma execução consistente e optimizada.


2.1.3 LIGAÇÕES DOS PLCs

Aqui é detalhado como um PLC interage com o mundo externo, através de entradas e saídas que controlam e reagem a processos físicos.


Pontos-chave:

  • Integração com sensores e atuadores:
    O PLC recolhe sinais de sensores e, com base na lógica de controlo programada, activa atuadores que modificam o estado de um processo.

  • Ciclo de operação (scan cycle):

    • Verificação inicial (sanity check): No arranque, o PLC realiza uma verificação rápida para confirmar a integridade do hardware.

    • Ciclo contínuo: O PLC lê as entradas, processa a lógica (utilizando o programa Ladder) e atualiza as saídas, repetindo este ciclo incessantemente com tempos de varrimento da ordem dos milissegundos.

  • Separação entre controlador e processo:
    Destaca a importância de distinguir entre a lógica interna do PLC e o processo físico que está a ser controlado, garantindo que o controlo seja realizado de forma eficaz.


2.1.4 ENTRADAS NA LADDER LOGIC

Esta secção aborda como as entradas são representadas e utilizadas nos programas em Ladder.


Pontos-chave:

  • Tipos de contactos:
    São representados os contactos normalmente abertos e normalmente fechados, o que define se um circuito permite a passagem de corrente na ausência ou presença de um sinal.

  • Função IIT (Immediate Input):
    Permite que as entradas sejam lidas durante a varredura do programa, e não apenas no início de cada ciclo, facilitando respostas mais imediatas a mudanças no ambiente.

  • Integração com o ciclo de controlo:
    A forma como os sinais são lidos e incorporados na lógica garante que os processos físicos sejam monitorizados com precisão.


2.1.5 SAÍDAS NA LADDER LOGIC

Nesta secção explica-se a diversidade de tipos de saídas disponíveis num PLC e as suas funções no controlo do sistema.


Pontos-chave:

  • Diversidade funcional:

    • Saída normal: Ativa um atuador convencionalmente.

    • Saída normalmente ligada: Aciona um dispositivo ao ser desenergizada.

    • OSR (One Shot Relay): Garante que uma transição de entrada active a saída apenas durante um único ciclo, criando um efeito de “pulsar”.

    • Instruções de latch (L) e unlatch (U): Permitem travar uma saída numa condição ligada, até que se execute a operação de desligamento.

    • IOT (Immediate Output): Permite atualizar as saídas instantaneamente, sem aguardar o final do ciclo de varrimento.

  • Aplicação na prática:
    A escolha do tipo de saída depende do tipo de aplicação e dos requisitos de resposta do sistema controlado.


2.2 Um caso de estudo

Esta secção apresenta um caso prático para estudo: o controlo de uma única luz através de três interruptores em simultâneo.


Pontos-chave:

  • Problema proposto:
    Desenvolver um sistema de controlo baseado em relés que permita que qualquer dos três interruptores possa acionar a luz.

  • Duas abordagens possíveis:

    1. Acionamento simples: Qualquer interruptor, quando ligado, ativa a luz e todos devem estar desligados para a luz apagar.

    2. Alternância (toggle): Cada interruptor atua de forma independente para ligar ou desligar a luz, independentemente do estado dos restantes, representando um problema de “exclusive or”.

  • Relevância:
    Demonstra a importância de compreender claramente o comportamento desejado do sistema, pois pequenas diferenças no enunciado podem levar a soluções técnicas totalmente distintas.


2.3 RESUMO

A secção de resumo consolida os conceitos apresentados ao longo do capítulo.
Principais pontos abordados:

  • Contactores e relés:
    Explicação dos contactos normalmente abertos e fechados e a sua relação com os circuitos de relés e Ladder logic.

  • Integração das saídas:
    Como as saídas podem ser recirculadas e, em certos casos, funcionar como entradas (exemplo do circuito “seal-in”).

  • Métodos de programação:
    Apresenta as diversas técnicas – Ladder logic, programação mnemónica, Sequential Function Charts (SFCs) e Structured Text – que podem ser utilizadas para desenvolver programas de PLC.

  • Flexibilidade e diversidade de abordagens:
    Através do caso de estudo, evidencia-se que o mesmo problema pode ser resolvido de formas radicalmente diferentes, enfatizando a importância da compreensão detalhada dos requisitos de controlo.


Capítulo 2 do livro Automating Manufacturing Systems with PLCs de Hugh Jack

Capa do livro Automating Manufacturing Systems with PLCs de Hugh Jack




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