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domingo, 31 de agosto de 2025

Resumo extraído do Capítulo 2 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed

Capítulo 2 - Sistemas de Coordenadas e transformações


2.1 Introdução

Nesta secção, o autor explica que as grandezas físicas em eletromagnetismo  dependem do espaço e do tempo. Para descrever as variações espaciais dessas grandezas, é necessário identificar pontos no espaço de forma única através de um sistema de coordenadas.
Existem sistemas de coordenadas ortogonais (em que as superfícies coordenadas são perpendiculares entre si) e não ortogonais (pouco usados, devido à complexidade).

Exemplos de sistemas ortogonais: cartesiano (ou retangular), cilíndrico circular, esférico, elíptico cilíndrico, parabólico cilíndrico, cónico, prolato esferoidal, oblato esferoidal e elipsoidal.
Um problema difícil num sistema pode tornar-se simples noutro, o que justifica a escolha adequada do sistema de coordenadas.

Neste capítulo, o autor foca-se apenas nos três mais usados:

  • Cartesiano (x, y, z)

  • Cilíndrico circular (r, φ, z)

  • Esférico (r, θ, φ)

Os conceitos apresentados no sistema cartesiano no capítulo anterior também se aplicam aos outros sistemas. Por exemplo, o cálculo de produtos vetoriais é feito de forma análoga em qualquer sistema. Finalmente, o autor refere que muitas vezes é necessário transformar pontos e vetores de um sistema para outro, e que serão mostradas as técnicas para isso.


2.2 Coordenadas Cartesianas (x, y, z)

Um ponto PP pode ser representado por (x,y,z)(x, y, z), onde cada variável varia no intervalo (,+)(-\infty, +\infty).

Um vetor A\mathbf{A} é escrito como:

A=(Ax,Ay,Az)=Axax+Ayay+Azaz\mathbf{A} = (A_x, A_y, A_z) = A_x \mathbf{a}_x + A_y \mathbf{a}_y + A_z \mathbf{a}_z

onde ax,ay,az\mathbf{a}_x, \mathbf{a}_y, \mathbf{a}_z são vetores unitários ao longo dos eixos.
O sistema pode ser destro (mais comum) ou canhoto. No sistema destro, a regra da mão direita define a orientação entre os eixos.

Este sistema é adequado para problemas em que não existe simetria circular ou esférica. Serve como base para a generalização a outros sistemas de coordenadas.


2.3 Coordenadas Cilíndricas Circulares (r, φ, z)

Este sistema é muito útil quando há simetria cilíndrica, por exemplo em cabos coaxiais.
Um ponto PP é representado por (r,φ,z)(r, φ, z), onde:

  • rr: distância radial ao eixo z,

  • φφ: ângulo azimutal medido a partir do eixo x no plano xy,

  • zz: mesma coordenada que no sistema cartesiano.

Intervalos típicos:

0r<,0φ<2π,<z<0 \leq r < \infty, \quad 0 \leq φ < 2\pi, \quad -\infty < z < \infty

Um vetor A\mathbf{A} escreve-se como:

A=(Ar,Aφ,Az)=Arar+Aφaφ+Azaz\mathbf{A} = (A_r, A_φ, A_z) = A_r \mathbf{a}_r + A_φ \mathbf{a}_φ + A_z \mathbf{a}_z

onde ar,aφ,az\mathbf{a}_r, \mathbf{a}_φ, \mathbf{a}_z são vetores unitários mutuamente perpendiculares.
A magnitude do vetor é:

A=Ar2+Aφ2+Az2|\mathbf{A}| = \sqrt{A_r^2 + A_φ^2 + A_z^2}

As relações de ortogonalidade e produtos vetoriais seguem a convenção de um sistema destro:

ar×aφ=az,aφ×az=ar,az×ar=aφ\mathbf{a}_r \times \mathbf{a}_φ = \mathbf{a}_z, \quad \mathbf{a}_φ \times \mathbf{a}_z = \mathbf{a}_r, \quad \mathbf{a}_z \times \mathbf{a}_r = \mathbf{a}_φ

Transformações entre cartesiano e cilíndrico

  • De cartesiano para cilíndrico:

r=x2+y2,φ=tan1(y/x),z=zr = \sqrt{x^2 + y^2}, \quad φ = \tan^{-1}(y/x), \quad z = z
  • De cilíndrico para cartesiano:

x=rcosφ,y=rsinφ,z=zx = r\cos φ, \quad y = r\sin φ, \quad z = z

Transformações de vetores

As componentes em cada sistema também podem ser relacionadas através de matrizes de transformação, permitindo converter vetores entre coordenadas cartesianas e cilíndricas.


2.4 Coordenadas Esféricas (r, θ, φ)

O sistema de coordenadas esféricas é indicado para problemas com simetria esférica, como campos radiados por antenas ou cargas puntuais.
Um ponto PP é representado por (r,θ,φ)(r, θ, φ), onde:

  • rr: distância radial do ponto à origem,

  • θθ (colatitude): ângulo entre o eixo zz e o vetor posição,

  • φφ: ângulo azimutal, medido a partir do eixo xx no plano xyxy (o mesmo que em coordenadas cilíndricas).

Intervalos típicos:

0r<,0θπ,0φ<2π0 \leq r < \infty, \quad 0 \leq θ \leq \pi, \quad 0 \leq φ < 2\pi

Um vetor A\mathbf{A} é expresso como:

A=(Ar,Aθ,Aφ)=Arar+Aθaθ+Aφaφ\mathbf{A} = (A_r, A_θ, A_φ) = A_r \mathbf{a}_r + A_θ \mathbf{a}_θ + A_φ \mathbf{a}_φ

  • ar\mathbf{a}_r: aponta na direção radial (aumentando rr),

  • aθ\mathbf{a}_θ: aponta na direção do aumento de θθ,

  • aφ\mathbf{a}_φ: aponta na direção do aumento de φφ.

Estes vetores são ortogonais e obedecem às regras de um sistema destro:

ar×aθ=aφ,aθ×aφ=ar,aφ×ar=aθ\mathbf{a}_r \times \mathbf{a}_θ = \mathbf{a}_φ, \quad \mathbf{a}_θ \times \mathbf{a}_φ = \mathbf{a}_r, \quad \mathbf{a}_φ \times \mathbf{a}_r = \mathbf{a}_θ

A magnitude de A\mathbf{A} é:

A=Ar2+Aθ2+Aφ2|\mathbf{A}| = \sqrt{A_r^2 + A_θ^2 + A_φ^2}

Transformações entre cartesiano e esférico

  • De cartesiano para esférico:

r=x2+y2+z2,θ=tan1 ⁣(x2+y2z),φ=tan1(y/x)r = \sqrt{x^2 + y^2 + z^2}, \quad θ = \tan^{-1}\!\left(\frac{\sqrt{x^2 + y^2}}{z}\right), \quad φ = \tan^{-1}(y/x)

  • De esférico para cartesiano:

x=rsinθcosφ,y=rsinθsinφ,z=rcosθx = r \sin θ \cos φ, \quad y = r \sin θ \sin φ, \quad z = r \cos θ

Transformação de vetores

As componentes cartesianas (Ax,Ay,Az)(A_x, A_y, A_z) podem ser relacionadas com (Ar,Aθ,Aφ)(A_r, A_θ, A_φ) através de matrizes de transformação. O processo pode ser feito de forma direta ou usando o produto escalar entre vetores unitários.

O autor destaca que a transformação de pontos e vetores não altera o objeto físico em si, apenas a forma como é representado. Por exemplo, o módulo de um vetor permanece constante em qualquer sistema de coordenadas.

Finalmente, a distância entre dois pontos é apresentada em forma geral para cada sistema (cartesiano, cilíndrico e esférico), mostrando como calcular d=r2r1d = | \mathbf{r}_2 - \mathbf{r}_1 |.


2.5 Superfícies de Coordenada Constante

As superfícies de coordenada constante ajudam a visualizar a geometria de cada sistema:

  • No sistema cartesiano:

    • x=constantex = \text{constante} → plano paralelo ao plano yzyz,

    • y=constantey = \text{constante} → plano paralelo ao plano xzxz,

    • z=constantez = \text{constante} → plano paralelo ao plano xyxy.
      A interseção de duas superfícies é uma linha, e de três superfícies é um ponto.

  • No sistema cilíndrico:

    • r=constanter = \text{constante} → cilindro circular,

    • φ=constanteφ = \text{constante} → semiplano que contém o eixo zz,

    • z=constantez = \text{constante} → plano paralelo ao plano xyxy.
      A interseção de duas destas superfícies pode ser uma linha reta ou um círculo, e a de três define um ponto.

  • No sistema esférico:

    • r=constanter = \text{constante} → esfera,

    • θ=constanteθ = \text{constante} → cone com vértice na origem e eixo coincidente com zz,

    • φ=constanteφ = \text{constante} → semiplano a partir do eixo zz.
      A interseção de duas superfícies dá curvas (ex.: círculos ou semicírculos), e a de três dá um ponto.

É também referido que o vetor normal a uma superfície de coordenada constante é dado por ±an\pm \mathbf{a}_n, onde nn é a variável mantida constante.

O capítulo inclui exemplos resolvidos e exercícios práticos que mostram como calcular componentes tangenciais, normais ou ângulos de vetores relativamente a superfícies e linhas definidas nestes sistemas.


Resumo

  1. Os três sistemas de coordenadas mais usados em eletromagnetismo são o cartesiano, o cilíndrico e o esférico.

  2. Um ponto PP é representado como:

    • (x,y,z)(x, y, z) em cartesiano,

    • (r,φ,z)(r, φ, z) em cilíndrico,

    • (r,θ,φ)(r, θ, φ) em esférico.
      Um vetor A\mathbf{A} é expresso com as componentes correspondentes e respetivos vetores unitários de cada sistema.
      Para operações matemáticas (adição, produto escalar, produto vetorial, etc.), deve-se usar o mesmo sistema de coordenadas, recorrendo a transformações de pontos e vetores sempre que necessário.

  3. Fixar uma coordenada define uma superfície; fixar duas define uma linha; fixar três define um ponto.

  4. O vetor normal a uma superfície n=constanten = \text{constante} é ±an\pm \mathbf{a}_n.

O capítulo termina com uma tabela (2.1) que resume as transformações de variáveis e de componentes de vetores entre os três sistemas (cartesiano, cilíndrico e esférico).


Capítulo 2 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed



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EuExplico Eu Explico Explicações de Ensino Superior

sábado, 30 de agosto de 2025

Resumo extraído do Capítulo 1 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed

Capítulo 1 - Álgebra vectorial


1.1 Introdução

O eletromagnetismo é definido como o estudo das interações entre cargas elétricas, quer em repouso, quer em movimento. A disciplina envolve a análise, síntese, interpretação física e aplicação dos campos elétricos e magnéticos, constituindo um ramo essencial da física e da engenharia eletrotécnica.

Os princípios do eletromagnetismo têm aplicações em múltiplas áreas, como micro-ondas, antenas, comunicações por satélite, bioeletromagnetismo, plasmas, investigação nuclear, fibras óticas, compatibilidade eletromagnética, máquinas elétricas, conversão eletromecânica de energia, meteorologia por radar e deteção remota.

Exemplos práticos incluem:

  • Uso de micro-ondas ou ondas curtas na medicina para estimular tecidos e tratar certas condições;

  • Aquecimento indutivo para processos de fusão, forjamento ou soldadura;

  • Aquecimento dielétrico para unir plásticos;

  • Aplicações agrícolas, como a alteração do sabor de vegetais.

Os dispositivos eletromagnéticos mais comuns incluem transformadores, relés, motores, linhas de transmissão, guias de onda, antenas, fibras óticas, radares e lasers. O seu projeto requer conhecimento profundo das leis e princípios do eletromagnetismo.

O autor recorda que o comportamento eletromagnético pode ser descrito de forma compacta pelas Equações de Maxwell, que relacionam as grandezas vetoriais fundamentais: campo elétrico (E), campo magnético (H), densidade de fluxo elétrico (D), densidade de fluxo magnético (B), densidade de carga (ρv) e densidade de corrente (J).


1.2 Uma Antevisão do Livro

O livro está organizado em quatro partes principais:

  1. Parte 1 – Introduz as ferramentas matemáticas necessárias, em particular a álgebra vetorial, já que as equações do eletromagnetismo envolvem grandezas vetoriais.

  2. Parte 2 – Apresenta a dedução das equações de Maxwell em condições invariantes no tempo, bem como o significado físico das grandezas E, D, H, B, J e ρv.

  3. Parte 3 – Explora aplicações dessas equações em situações práticas.

  4. Parte 4 – Reexamina as equações no caso dependente do tempo e aplica-as a dispositivos como linhas de transmissão, guias de onda, antenas, fibras óticas e radares.

O objetivo é conduzir o leitor de uma base matemática sólida até às aplicações práticas modernas da teoria eletromagnética.


1.3 Escalares e Vetores

Esta secção introduz a análise vetorial como ferramenta matemática indispensável para descrever conceitos eletromagnéticos. Antes de a aplicar, é necessário compreender as suas regras e técnicas.

  • Escalares: grandezas totalmente descritas pela sua magnitude. Exemplos: tempo, massa, distância, temperatura, entropia, potencial elétrico, população.

  • Vetores: grandezas descritas por magnitude e direção no espaço. Exemplos: velocidade, força, aceleração, deslocamento, intensidade de campo elétrico.

  • Tensores: constituem uma classe mais geral de grandezas, da qual escalares e vetores são casos particulares (embora o livro se foque principalmente nestes últimos).

A notação distingue vetores de escalares:

  • Vetores: representados por letras com uma seta por cima (A→) ou a negrito (A).

  • Escalares: representados por letras normais (A, B, U, V).

Introduz-se ainda o conceito de campo:

  • Um campo é uma função que especifica um valor (escalar ou vetorial) em cada ponto de uma região do espaço (e possivelmente do tempo).

  • Campos escalares: temperatura num edifício, intensidade sonora numa sala, potencial elétrico, índice de refração.

  • Campos vetoriais: campo gravitacional, velocidade de gotas de chuva, campo elétrico.

A teoria do eletromagnetismo é essencialmente o estudo de campos elétricos e magnéticos que variam no espaço e no tempo.


1.4 Vetor Unitário

Um vetor é caracterizado pela sua magnitude e direção.

  • A magnitude de um vetor A é um escalar denotado por A|A| ou simplesmente A.

  • Um vetor unitário é definido como um vetor de magnitude igual a 1, que aponta na mesma direção de A. É escrito como:

aA=AAa_A = \frac{A}{|A|}

Assim, qualquer vetor pode ser expresso como:

A=AaAA = A \, a_A

ou seja, magnitude multiplicada pelo vetor unitário que indica a sua direção.

Em coordenadas cartesianas, um vetor A pode ser representado de duas formas:

A=(Ax,Ay,Az)ouA=Axax+Ayay+AzazA = (A_x, A_y, A_z) \quad \text{ou} \quad A = A_x a_x + A_y a_y + A_z a_z

onde ax,ay,aza_x, a_y, a_z são os vetores unitários nas direções dos eixos x, y e z, respetivamente.

  • Estes vetores unitários são dimensionais, de magnitude 1, e indicam a direção positiva de cada eixo.

  • A magnitude de A é obtida pela fórmula pitagórica:

A=Ax2+Ay2+Az2|A| = \sqrt{A_x^2 + A_y^2 + A_z^2}

  • O vetor unitário na direção de A é:

aA=Axax+Ayay+AzazAx2+Ay2+Az2a_A = \frac{A_x a_x + A_y a_y + A_z a_z}{\sqrt{A_x^2 + A_y^2 + A_z^2}}

Isto permite decompor qualquer vetor em componentes ao longo de cada eixo do sistema cartesiano.


1.5 Adição e Subtração de Vetores

Dois vetores podem ser somados ou subtraídos:

  • A soma de dois vetores A+B=CA + B = C resulta num vetor obtido somando as componentes correspondentes:

C=(Ax+Bx)ax+(Ay+By)ay+(Az+Bz)azC = (A_x + B_x)a_x + (A_y + B_y)a_y + (A_z + B_z)a_z

  • A diferença entre dois vetores é definida como:

D=AB=(AxBx)ax+(AyBy)ay+(AzBz)azD = A - B = (A_x - B_x)a_x + (A_y - B_y)a_y + (A_z - B_z)a_z

Graficamente, estas operações podem ser representadas por dois métodos:

  1. Regra do paralelogramo – constrói-se um paralelogramo com lados correspondentes a A e B; a diagonal representa a soma.

  2. Regra cabeça-cauda – coloca-se a cabeça de um vetor na cauda do outro; o vetor resultante vai da cauda do primeiro até à cabeça do segundo.

Propriedades da adição e subtração de vetores:

  • Comutativa: A+B=B+AA + B = B + A

  • Associativa: A+(B+C)=(A+B)+CA + (B + C) = (A + B) + C

  • Distributiva: k(A+B)=kA+kBk(A + B) = kA + kB, onde kk é um escalar

Estas leis mostram que os vetores obedecem a regras algébricas semelhantes às dos números escalares.


1.6 Vetores de Posição e de Distância

Um ponto P no espaço cartesiano é representado por coordenadas (x,y,z)(x, y, z).

  • O vetor de posição de P, denotado por rPr_P, é o vetor que liga a origem OO a PP:

rP=xax+yay+zazr_P = x a_x + y a_y + z a_z

Este vetor indica a posição do ponto no espaço.

  • O vetor de distância (ou de deslocamento) entre dois pontos P(xP,yP,zP)P(x_P, y_P, z_P) e Q(xQ,yQ,zQ)Q(x_Q, y_Q, z_Q) é dado por:

rPQ=rQrP=(xQxP)ax+(yQyP)ay+(zQzP)azr_{PQ} = r_Q - r_P = (x_Q - x_P)a_x + (y_Q - y_P)a_y + (z_Q - z_P)a_z

A magnitude deste vetor corresponde à distância entre os dois pontos:

d=rPQ=(xQxP)2+(yQyP)2+(zQzP)2d = |r_{PQ}| = \sqrt{(x_Q - x_P)^2 + (y_Q - y_P)^2 + (z_Q - z_P)^2}

Diferença entre ponto e vetor:

  • Um ponto P(x,y,z)P(x, y, z) não é um vetor por si só; o que é vetor é o vetor de posição que liga a origem a esse ponto.

  • No entanto, um vetor pode depender da posição de um ponto (por exemplo, campos vetoriais).

Vetores constantes vs. variáveis:

  • Um vetor é constante (uniforme) se não depende de x,y,zx, y, z.

  • É variável (não uniforme) se os seus valores mudam de ponto para ponto.

Exemplo:

  • B=3ax2ay+10azB = 3a_x - 2a_y + 10a_z → vetor uniforme.

  • A=2xyax+y2ayxz2azA = 2xy a_x + y^2 a_y - xz^2 a_z → vetor não uniforme.


1.7 Multiplicação de Vetores

A multiplicação de vetores pode produzir dois tipos de resultados: um escalar ou um vetor, dependendo da operação. Existem quatro formas principais:

(A) Produto Escalar (ou Produto Interno)

O produto escalar de dois vetores AA e BB é definido como:

AB=ABcosθA \cdot B = |A||B| \cos\theta

onde θ\theta é o ângulo entre os vetores. O resultado é um escalar.

  • Em termos de componentes:

AB=AxBx+AyBy+AzBzA \cdot B = A_x B_x + A_y B_y + A_z B_z

  • Propriedades:

    • Comutativo: AB=BAA \cdot B = B \cdot A

    • Distributivo: A(B+C)=AB+ACA \cdot (B + C) = A \cdot B + A \cdot C

    • AA=A2A \cdot A = |A|^2

  • Dois vetores são ortogonais se AB=0A \cdot B = 0.


(B) Produto Vetorial (ou produto externo)

O produto vetorial de AA e BB é um vetor definido por:

A×B=ABsinθanA \times B = |A||B| \sin\theta \, a_n

onde ana_n é o vetor unitário perpendicular ao plano formado por AA e BB, seguindo a regra da mão direita.

  • Em termos de determinante:

A×B=axayazAxAyAzBxByBzA \times B = \begin{vmatrix} a_x & a_y & a_z \\ A_x & A_y & A_z \\ B_x & B_y & B_z \end{vmatrix}

  • Propriedades:

    • Não comutativo: A×B=(B×A)A \times B = - (B \times A)

    • Não associativo: A×(B×C)(A×B)×CA \times (B \times C) \neq (A \times B) \times C

    • Distributivo: A×(B+C)=A×B+A×CA \times (B + C) = A \times B + A \times C

    • A×A=0A \times A = 0

    • Segue a regra cíclica: ax×ay=aza_x \times a_y = a_z, ay×az=axa_y \times a_z = a_x, az×ax=aya_z \times a_x = a_y.


(C) Produto Triplo Escalar

Dado três vetores A,B,CA, B, C, define-se:

A(B×C)A \cdot (B \times C)

O resultado é um escalar, que corresponde ao volume do paralelepípedo formado pelos três vetores. Em forma de determinante:

A(B×C)=AxAyAzBxByBzCxCyCzA \cdot (B \times C) = \begin{vmatrix} A_x & A_y & A_z \\ B_x & B_y & B_z \\ C_x & C_y & C_z \end{vmatrix}


(D) Produto Triplo Vetorial

Definido como:

A×(B×C)=B(AC)C(AB)A \times (B \times C) = B(A \cdot C) - C(A \cdot B)

Conhecido como a regra “bac-cab”. O resultado é um vetor.


1.8 Componentes de um Vetor

O produto escalar pode ser usado para calcular a projeção (ou componente) de um vetor numa direção:

  • Componente escalar de AA ao longo de BB:

AB=AaBA_B = A \cdot a_B

onde aBa_B é o vetor unitário na direção de BB.

  • Componente vetorial de AA ao longo de BB:

AB=(AaB)aBA_B = (A \cdot a_B) a_B

Assim, qualquer vetor pode ser decomposto em duas componentes ortogonais:

  • uma paralela a BB,

  • outra perpendicular a BB.

Observação importante: a divisão de vetores não é definida em geral, exceto quando A=kBA = kB. Diferenciação e integração de vetores serão estudadas mais tarde.


Resumo

A secção final do capítulo sintetiza os conceitos apresentados:

  1. Um campo é uma função que especifica uma quantidade em cada ponto do espaço. Pode ser escalar (ex.: V(x,y,z)V(x,y,z)) ou vetorial (ex.: A(x,y,z)A(x,y,z)).

  2. Um vetor AA é especificado pela sua magnitude e pelo vetor unitário na sua direção (A=AaAA = |A| a_A).

  3. A multiplicação de dois vetores pode resultar em:

    • um escalar (produto escalar: AB=ABcosθA \cdot B = |A||B|\cos\theta),

    • ou um vetor (produto vetorial: A×B=ABsinθanA \times B = |A||B|\sin\theta a_n).
      A multiplicação de três vetores pode originar:

    • um escalar (A(B×C)A \cdot (B \times C)),

    • ou um vetor (A×(B×C)A \times (B \times C)).

  4. A projeção escalar de AA em BB é AB=AaBA_B = A \cdot a_B. A projeção vetorial é AB=(AaB)aBA_B = (A \cdot a_B) a_B.

  5. O capítulo inclui ainda comandos MATLAB úteis:

    • dot(A,B) para produto escalar;

    • cross(A,B) para produto vetorial;

    • norm(A) para magnitude;

    • A/norm(A) para vetor unitário.


Capítulo 1 do livro: Elements of Electromagnetics — Sadiku & Matthew N. O., 7ed


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quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Eletromagnetismo - pergunta de exame resolvida

ISEP, Exame de recurso em maio de 2025

Grupo I de V

Grupo I de V, ISEP, Exame de recurso em maio de 2025





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terça-feira, 8 de julho de 2025

Resumo extraído do Capítulo 32, do livro: Physics for Scientists and Engineers with Modern Physics, 9th Ed

Capítulo 32 – Indutância


32.1 Auto-indução e Indutância

Quando fechamos um circuito com uma fonte de força electromotriz (f.e.m.), um interruptor e uma resistência, a corrente não atinge imediatamente o valor final dado por ε/R. À medida que a corrente aumenta, o campo magnético gerado pela corrente cria um fluxo magnético através da área do circuito. Segundo a Lei de Faraday, esta variação de fluxo induz uma f.e.m. no próprio circuito.

A f.e.m. induzida tem sinal oposto à f.e.m. da bateria — por isso chama-se força contra-electromotriz — e resiste ao aumento da corrente, fazendo com que esta cresça de forma gradual. Este fenómeno chama-se auto-indução, porque a variação de fluxo que causa a f.e.m. surge do próprio circuito.

A f.e.m. auto-induzida (eL) é proporcional à taxa de variação temporal da corrente:

eL=Ldidte_L = -L \frac{di}{dt}

onde L é a indutância, uma constante que depende da geometria do circuito (número de espiras, área, comprimento, etc.). Para um enrolamento de N espiras, com fluxo magnético Φ_B através de cada uma:

L=NΦBiL = \frac{N \Phi_B}{i}

A indutância mede a oposição a variações de corrente, de forma semelhante ao modo como a resistência mede a oposição ao fluxo de corrente. A unidade SI de indutância é o henry (H), definido como 1 V·s/A.

O exemplo clássico é o solenoide de N espiras, comprimento ℓ (muito maior que o raio) e área A:

L=μ0N2AL = \mu_0 \frac{N^2 A}{\ell}

Este exemplo mostra que L depende fortemente do número de espiras ao quadrado e da geometria do enrolamento. A analogia com a capacitância (dependência da geometria das placas) e com a resistência (dependência do comprimento e área do condutor) é salientada.


32.2 Circuitos RL

Um circuito RL contém uma resistência e uma bobine (indutor) ligadas em série a uma fonte de f.e.m. A presença de uma bobine impede mudanças instantâneas na corrente. Quando se fecha o interruptor, a corrente começa em zero e cresce de forma exponencial, pois a força contra-electromotriz da bobine opõe-se ao aumento.

Aplicando a lei das malhas de Kirchhoff:

εiRLdidt=0\varepsilon - iR - L \frac{di}{dt} = 0

Resolvendo a equação diferencial obtém-se:

i(t)=εR(1et/τ)i(t) = \frac{\varepsilon}{R} \left(1 - e^{-t/\tau}\right)

com a constante de tempo:

τ=LR\tau = \frac{L}{R}

Esta constante representa o tempo necessário para a corrente atingir 63,2% do valor final (ε/R). Quanto maior a indutância L ou menor a resistência R, mais lenta será a resposta do circuito.

Quando a fonte é desligada (substituída por um curto-circuito), o circuito passa a ter apenas a resistência e a bobine. A corrente decresce exponencialmente:

i(t)=Iiet/τi(t) = I_i e^{-t/\tau}

A bobine impede que a corrente caia instantaneamente a zero. A força contra-electromotriz gerada tenta manter a corrente, libertando a energia armazenada no campo magnético.

Em resumo, a bobine «suaviza» as variações de corrente, criando uma resposta "preguiçosa" ou atrasada às mudanças de tensão.


32.3 Energia num Campo Magnético

Quando uma bobine conduz corrente, armazena energia no seu campo magnético. Parte da energia fornecida pela fonte é dissipada em calor na resistência, mas parte é armazenada como energia magnética na bobine.

A taxa de fornecimento de energia pela fonte é:

εi=iR+Lididt\varepsilon i = iR + L i \frac{di}{dt}

O termo iRiR é a potência dissipada como calor. Já LididtL i \frac{di}{dt} corresponde à taxa de armazenamento de energia na bobine. Integrando, obtém-se a energia total armazenada:

UB=12Li2U_B = \frac{1}{2} L i^2

Esta forma é análoga à energia armazenada num condensador:

UE=12CV2U_E = \frac{1}{2} C V^2

Para um solenoide (ou outra distribuição de campo magnético conhecido), podemos calcular a densidade de energia magnética (energia por unidade de volume):

uB=B22μ0u_B = \frac{B^2}{2\mu_0}

Este resultado mostra que a energia armazenada no campo magnético depende do quadrado da intensidade do campo, de forma semelhante à densidade de energia num campo eléctrico.

Um exemplo trabalhado no texto demonstra que quando a bobine descarrega (por exemplo, num circuito RL isolado), toda a energia inicialmente armazenada no campo magnético se converte em energia interna (calor) na resistência.


32.4 Indutância Mútua

Nesta secção, introduz-se o conceito de indutância mútua. Quando há dois circuitos próximos, a corrente variável num deles pode induzir uma f.e.m. no outro, porque o campo magnético de um atravessa a área do outro.

Imagina duas bobinas próximas (bobina 1 e bobina 2):

  • A corrente i₁ em 1 cria um campo magnético. Parte desse campo atravessa a área de 2, gerando fluxo magnético Φ₁₂ em 2.

  • Se i₁ varia no tempo, Φ₁₂ varia, induzindo uma f.e.m. em 2.

Define-se indutância mútua M₁₂ como:

M12=N2Φ12i1M_{12} = \frac{N_2 \Phi_{12}}{i_1}

onde N₂ é o número de espiras da bobina 2.

A f.e.m. induzida em 2 devido a i₁ é:

ε2=M12di1dt\varepsilon_2 = -M_{12} \frac{di_1}{dt}

Analogamente, se i₂ em 2 variar, induz uma f.e.m. em 1:

ε1=M21di2dt\varepsilon_1 = -M_{21} \frac{di_2}{dt}

Pode-se demonstrar que M₁₂ = M₂₁ = M, porque depende apenas da geometria mútua dos circuitos e das suas orientações.

A unidade de indutância mútua é o henry (H), como na auto-indução.

Exemplo prático: carregadores sem fios. Uma bobina na base (primária) cria um campo magnético variável, induzindo corrente na bobina do aparelho (secundária).


32.5 Oscilações num Circuito LC

Nesta secção estuda-se o circuito LC ideal: um condensador ligado a uma bobine, sem resistência e sem radiação electromagnética.

  • Supondo o condensador inicialmente carregado (carga Q_max), quando o circuito se fecha, a energia armazenada no campo eléctrico do condensador começa a transferir-se para a bobine.

  • À medida que o condensador se descarrega, a corrente aumenta, armazenando energia no campo magnético da bobine.

  • Quando o condensador está totalmente descarregado, a energia está toda na bobine.

  • A corrente continua, recarregando o condensador com polaridade oposta.

Este processo repete-se, criando oscilações electromagnéticas entre energia eléctrica (condensador) e magnética (bobine).

Matematicamente:

  • A equação diferencial do circuito é:

d2qdt2+1LCq=0\frac{d^2q}{dt^2} + \frac{1}{LC} q = 0

  • Solução:

q(t)=Qmaxcos(ωt+ϕ)q(t) = Q_{\text{max}} \cos(\omega t + \phi)

onde

ω=1LC\omega = \frac{1}{\sqrt{LC}}

é a frequência angular natural das oscilações.

  • A corrente é:

i(t)=dqdt=ωQmaxsin(ωt+ϕ)i(t) = \frac{dq}{dt} = -\omega Q_{\text{max}} \sin(\omega t + \phi)

Observa-se que carga e corrente estão desfasadas de 90°: quando a carga é máxima, a corrente é zero e vice-versa.

A energia total do circuito (conservada no ideal):

U=12CV2+12Li2U = \frac{1}{2} C V^2 + \frac{1}{2} L i^2

oscila entre o campo eléctrico do condensador e o campo magnético da bobine, mas permanece constante no tempo se não houver perdas.

Analogia mecânica: é como um sistema massa–mola sem atrito, em oscilação harmónica simples.


32.6 O Circuito RLC

Aqui estuda-se o circuito RLC em série (resistência R, bobine L e condensador C).

Ao contrário do LC ideal:

  • A resistência provoca dissipação de energia.

  • A energia armazenada no campo eléctrico do condensador e no campo magnético da bobine diminui com o tempo, transformando-se em energia interna (calor) na resistência.

A equação diferencial que descreve o circuito é:

Ld2qdt2+Rdqdt+qC=0L \frac{d^2q}{dt^2} + R \frac{dq}{dt} + \frac{q}{C} = 0

Esta é matematicamente equivalente à equação de movimento de um oscilador harmónico amortecido:

md2xdt2+bdxdt+kx=0m \frac{d^2x}{dt^2} + b \frac{dx}{dt} + kx = 0

onde:

  • q ↔ posição x

  • i ↔ velocidade dx/dt

  • L ↔ massa m

  • R ↔ coeficiente de atrito b

  • 1/C ↔ constante elástica k

Solução para amortecimento fraco (R pequeno):

q(t)=QmaxeRt/2Lcos(vdt)q(t) = Q_{\text{max}} e^{-Rt/2L} \cos(v_d t)

com

vd=1LC(R2L)2v_d = \sqrt{\frac{1}{LC} - \left(\frac{R}{2L}\right)^2}

 As oscilações são amortecidas: a amplitude decai exponencialmente com o tempo.

 Para valores altos de R, as oscilações podem desaparecer totalmente (sobreamortecimento ou amortecimento crítico).

O comportamento geral do circuito RLC inclui:

  • Oscilações amortecidas (R pequeno).

  • Resposta crítica ou sobreamortecida (R grande).


32.7 Resumo

  • A auto-indução L mede a oposição de um circuito a variações de corrente:

eL=Ldidte_L = -L \frac{di}{dt}

  • A energia armazenada num campo magnético é:

UB=12Li2U_B = \frac{1}{2} L i^2

  • A densidade de energia magnética (no campo B):

uB=B22μ0u_B = \frac{B^2}{2\mu_0}

  • Indutância mútua M relaciona as f.e.m. induzidas entre dois circuitos:

ε2=Mdi1dt,ε1=Mdi2dt\varepsilon_2 = -M \frac{di_1}{dt}, \quad \varepsilon_1 = -M \frac{di_2}{dt}

  • Circuito RL: apresenta resposta retardada à variação de corrente, com constante de tempo τ = L/R.

  • Circuito LC: oscilações sinusoidais ideais, sem perdas:

ω=1LC\omega = \frac{1}{\sqrt{LC}}

  • Circuito RLC: oscilações amortecidas, com energia dissipada na resistência.


Capa do Capítulo 31, do livro: Physics for Scientists and Engineers with Modern Physics, 9th Ed




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